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Ministra chama Macron de oportunista e fala de "histeria com Amazônia"

Ministra da Agricultura Tereza Cristina em palestra na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira - Adriana Spaca/Framephoto/Estadão Conteúdo
Ministra da Agricultura Tereza Cristina em palestra na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira Imagem: Adriana Spaca/Framephoto/Estadão Conteúdo

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

26/08/2019 11h17Atualizada em 26/08/2019 16h42

A ministra da agricultura, Tereza Cristina, responsabilizou a imprensa brasileira pela "histeria" ao informar sobre as queimadas na Amazônia. Segundo ela, os jornalistas cometem "crime de lesa-pátria" ao falarem mal do Brasil, prejudicando a imagem do país.

Em participação no evento da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em São Paulo, Tereza chamou ainda o presidente da França, Emmanuel Macron, de oportunista. Segundo ela, durante o G7, reunião dos líderes dos sete países mais industrializados do mundo, prevaleceu o "bom senso". O grupo anunciou que ajudará os países sul-americanos a combater as queimadas.

"Que país não tem problema no meio ambiente? Mas o Brasil, com essa Amazônia gigantesca, como se nós pudéssemos ter o controle absoluto. O Brasil olha sim, controla sim. Mas é muito difícil", disse Tereza. "Os recursos que são enviados para o Brasil nem sempre dão para o que é necessário, que acho que é a fiscalização. Se querem preservar a Amazônia, coloquem mais dinheiro aqui para ajudar nessa preservação, mas não pode interferir na soberania do nosso país", disse a ministra.

Possíveis boicotes

Tereza Cristina não descartou a possibilidade de boicotes dos europeus aos produtos brasileiros, em retaliação à gestão ambiental do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Amazônia.

"Eu não posso descartar, não sou eu quem faz o boicote. Podem ser eles. Mas não existe nenhuma relação entre um problema na Amazônia, que acontece todos os anos, com o exagero que foi colocado nesse problema. Ele existe e o Brasil sabe disso, tem preocupação com as queimadas que acontecem todos os anos. Mas é um oportunismo dizer que tem relação com os produtos brasileiros", declarou a ministra aos jornalistas após o evento.

Tereza Cristina disse ainda que as informações divulgadas pela imprensa sobre o aumento de 187% nas queimadas em julho é exagero. "Pegar um único mês e não fazer uma média é um exagero. Se você olhar na média de um ano, dá menos do que 15%. Ninguém está dizendo que isso é bom ou que o governo brasileiro tem complacência com as queimadas, mas este dado tem que ser comparado com anos anteriores e com a média", defendeu.

Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em agosto, até o dia 24, foram registrados 78.383 mil focos de incêndio no país, 84% a mais que no mesmo período de 2018 (42.546). Somente na Amazônia, foram 41.332 focos. Esse número representa 52% dos focos totais, o maior percentual já registrado para o bioma desde o início das medições do Inpe, em 2003.

Neste ano foi registrado um aumento de 67% no desmatamento da Amazônia. Entre janeiro e 18 de agosto deste ano, houve um aumento parecido --de 70%-- no número de queimadas no país.

Tereza Cristina (DEM-MS) foi eleita deputada federal e era líder da bancada ruralista na Câmara. Foi indicada ao ministério pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).

Parcerias com o mundo árabe

Em seu discurso, a ministra falou ainda que em setembro visitará países árabes --cerca de um mês antes do presidente Bolsonaro. Tereza visitará Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuwait. Ela confirmou ainda que acompanhará Bolsonaro em outubro em seu giro pela Ásia.

A ministra falava para empresários árabes, do agronegócio e representantes diplomáticos dos países da região e foi muito aplaudida ao acusar a imprensa de crime de "lesa-pátria".