CPI do Cachoeira foca bate-boca entre PT e PSDB e marca reunião para discutir convocação de governadores
Depois de mais um fracasso na tentativa de ouvir envolvidos com o bicheiro e empresário Carlinhos Cachoeira, os parlamentares da CPI instalada no Congresso preferiram nesta quinta-feira (24) bater-boca sobre as perguntas que o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), fez aos suspeitos de corromperem agentes públicos e privados que optaram pelo silêncio na comissão. A comissão também marcou uma reunião administrativa para a próxima terça-feira (29) na qual discutirá a quebra dos sigilos bancário e fiscal da Delta nacional, além das convocações dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sergio Cabral (PMDB-RJ).
O ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, ligado a Cachoeira e à construtora Delta, atacou as investigações da Polícia Federal, enumerou relações com políticos e em seguida se calou. Ele é acusado de levar dinheiro ao Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano, para pagar ao governador Marconi Perillo uma casa que ele supostamente teria comprado do bicheiro e contraventor. Cunha questionou sobre essa relação.
Parlamentares tucanos se insurgiram contra as perguntas porque elas não incluíram de forma direta outros governadores com ligações suspeitas com a quadrilha de Cachoeira, como o do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). "O relator é uma tchuchuca ao perguntar sobre o PT e um tigrão ao perguntar sobre a oposição", atacou o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR).
Para o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), o relator "saiu do caminho ao fazer perguntas direcionadas ao PSDB, nenhuma ao governo do PT no Distrito Federal". Ele admitiu, no entanto, que em outra sessão poupou Perillo e se concentrou nas perguntas sobre a gestão de Queiroz. "É preciso haver uma atitude magistrado aqui", disse o tucano.
Cunha respondeu que não criticou as perguntas feitas por Sampaio e que as relações de Garcez são claramente mais intensas com o governo Perillo. "Só estou me concentrando na área de atuação dele", disse o petista.
Os outros depoentes previstos para hoje --Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, e Jairo Martins de Souza-- adiantaram que também se manteriam calados e foram dispensados. Ambos seriam responsáveis por grampos que beneficiaram a quadrilha de Cachoeira. Na terça-feira, o próprio Cachoeira esteve presente na CPI e também se recusou a falar.
Com um mês de funcionamento, a comissão ainda não produziu nenhuma prova além das já compiladas pela Polícia Federal nas operações Vegas e Monte Carlo.
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