Candidato do PSOL à presidência da Câmara, Chico Alencar critica Renan
O quarto e último dos candidatos à presidência da Câmara dos Deputados a falar nesta segunda-feira (4), Chico Alencar (PSOL-RJ), chamou a atenção de seus pares sobre que tipo de Parlamento desejam fazer parte. “Levar ao desalento, ao desencanto com a atividade política não se dá se, no Parlamento, [não houver] elementos centrais e fundamentais que interessem à sociedade. E isso é fundamental. Que Câmara dos Deputados queremos?”, questionou Alencar.
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Com a bancada de apenas três deputados do PSOL, Chico Alencar sabe que não terá uma votação significativa no pleito, mas argumenta que a participação dele é uma forma de expressar que a sociedade está em desacordo com os nomes tradicionais e com os candidatos favoritos – Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) na Câmara e, o já eleito presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Em seu discurso, Alencar ressaltou sua divergência com o conceito de ética expresso por Renan Calheiros. “Divirjo frontalmente (...). A ética não é dever. É princípio elementar da legalidade, da impessoalidade, da cumplicidade, da moralidade e da eficiência. Princípios, aliás, costumeiramente desrespeitados aqui nesta Casa”, afirmou.
Na última sexta-feira (1º), em discurso antes de ser eleito, Renan defendeu a ética. "A ética não é um objetivo em si mesmo. A ética é meio, não é fim", declarou. Em nenhum momento, no entanto, o senador fez menção à série de denúncias que pesa contra ele.
Mesa Diretora da Câmara
Alencar citou ainda temas que precisariam de debate na Câmara, como a reforma política, com destaque para o atual sistema de financiamento de campanhas eleitorais, que ele considera como “a porta de entrada para a corrupção no Brasil”, citando os mensalões do PSDB e do PT.
O deputado do PSOL chamou a atenção para a importância de os parlamentares fiscalizarem o cumprimento das leis. Ele citou que casos de tragédias, como a de Santa Maria (RS) e as chuvas de 2011 que resultaram em centenas de mortes, na região serrana do Rio de Janeiro, foram resultado da falta de respeito às leis.
“Avalizar o predomínio do PMDB, partido de moral homogênea, no Senado e na Câmara, é perigo para democracia porque acaba que o oficialismo predomina e esse poder de fiscalização do Executivo fique apequenado”, avaliou.
“A nossa candidatura é para tocar as consciências dos que estão incomodados de termos um Parlamento que, em boa ou maior parte do seu tempo, cuida (...) daquilo que não é relevante para sua sociedade”, afirmou.
Ainda na linha da defesa da ética na atuação dos deputados, Alencar criticou o uso das emendas parlamentares individuais (recursos a que os deputados têm direito para destinar aos seus Estados). Segundo ele, essas verbas têm sido usadas para “clientelismo, fisiologismo ou na perspectiva de garantir um futuro mandato".
"O que mais importa é o que queremos para o Parlamento. E o Parlamento está mal", concluiu.
Eleição
Após eleger o senador Renan Calheiros (AL) mesmo sob uma enxurrada de denúncias de irregularidades, o PMDB também é favorito para fazer o novo comandante da Câmara dos Deputados na eleição de hoje.
Assim como seu correligionário no Senado, Henrique Eduardo Alves vem sendo alvo de inúmeras denúncias. Ele concorre com Rose de Freitas (ES), Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSOL-RJ).
Para ser eleito, o candidato deve ter maioria dos votos dos 513 deputados.
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