Candidatos prometem verbas a prefeitos, mas não especificam origem
Em um encontro de prefeitos em Brasília nesta quarta-feira (14), quatro presidenciáveis, entre eles o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), fizeram ataques ao governo federal e defenderam maior diálogo com as prefeituras, num discurso ensaiado para atender reivindicações dos municípios.
A ausência mais sentida e criticada na 17ª Marcha dos Prefeitos foi a da presidente Dilma Rousseff. No ano passado, a petista foi vaiada no evento, que pleiteia mais repasses da União para os municípios.
Com promessa de elevar a fatia do repasse de verbas federais aos municípios, os quatro presidenciáveis --além de Aécio e Campos, também falaram os pré-candidatos do PSOL, Randolfe Rodrigues, e do PSC, Pastor Everaldo-- fizeram discursos empolgados, mas não apresentaram propostas concretas sobre de onde, por exemplo, pretendem tirar recursos para ampliar os repasses.
Diante de uma plateia tomada por cerca de 5.000 mil prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, os pré-candidatos participaram individualmente de uma sabatina respondendo a meia dúzia de perguntas previamente combinadas sobre temas como autonomia federativa e impacto dos programas federais nas contas municipais.
O tucano Aécio Neves defendeu o fortalecimento da parceria entre União e municípios e prometeu não aprovar nenhuma despesa sem consultar antes as prefeituras. "Temos que interromper essa roda que gira só a favor da União".
Ele propôs ainda a criação de uma Lei de Responsabilidade Fiscal para a União, nos mesmos moldes da aplicada à gestão de Estados e municípios. "A União aumenta os gastos como quer", criticou.
Aécio citou o que ele chamou de "herança bendita" deixada pelo PSDB à frente do governo federal e disse que o Bolsa Família teve origem na gestão tucana e veio para ficar. "Ele é do Estado, não pode ser usado por partido político em eleição".
Ele criticou o baixo crescimento brasileiro e disse que, na época em que o termo Brics foi cunhado para se referir ao Brasil, Rússia, Índia e China, a economia ia bem, mas que hoje a situação era outra. "Hoje, somos parte dos ‘Frits’, os países em quem ninguém mais confia".
Campos, por sua vez, afirmou que não fará "graça com o chapéu alheio" ao comentar as desonerações de impostos, como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que resultaram na diminuição de repasses para os municípios.
"Não vamos mais fazer desoneração à custa dos municípios brasileiros. Não vamos fazer graça com o chapéu alheio", disse Campos, ao lado da sua vice, a ex-ministra Marina Silva (PSB).
Randolfe também criticou o impacto dos programas federais nos municípios, enquanto a "União fica aqui, no ar condicionado de Brasília, fazendo a coordenação dos programas federais".
"Na hora de dizer que é um programa de redução da pobreza, é o governo federal, mas quem rala no dia a dia são os prefeitos", afirmou o senador do PSOL, citando que a concessão de terrenos e isenção de ISS (Imposto Sobre Serviços) ficam a cargo das prefeituras. "O presidente da República aparece na hora de bater foto, de entregar a chave."
O pré-candidato do PSC, Pastor Everaldo, fez coro aos demais. "O governo federal aparelhou o Estado de tal maneira que todo prefeito, todo governador tem que estar com o pires na mão, tem que ficar implorando e, quando recebe, parece que foi um grande favor".
Terrorismo
Campos voltou a criticar propaganda do PT que, em vídeo, usa discurso do medo para tentar alavancar a pré-candidatura de Dilma, que sofreu revés nas últimas pesquisas de opinião, que têm indicado tendência de queda nas intenções de voto para a petista, em contrapartida ao aumento dos seus principais rivais.
"Muitos dizem que o Bolsa Família vai se acabar, é conversa, é terrorismo deles. O povo brasileiro é um povo corajoso, que não tem receio dessas ameaças, porque senão teria tirado generais, não teria derrotado a inflação, não teria eleito um filho do povo brasileiro que foi tão vítima do terrorismo como agora está sendo usado", afirmou Campos.
Para Aécio, o vídeo é um "atestado definitivo de fracasso" da gestão petista. "Eu achei absolutamente inusitado um governo que chega a praticamente 12 anos e só tem [isso] a oferecer à sociedade brasileira. (...) Me surpreendeu pelo seu negativismo a cinco meses da eleição."
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