Após Lava Jato, Coutinho diz que Petrobras precisa aperfeiçoar governança

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, afirmou nesta quinta-feira (16) que as irregularidades apontadas pela operação Lava Jato na Petrobras mostram que a governança na estatal precisa ser aperfeiçoada. A declaração foi dada durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a petrolífera.

“Eventos da operação Lava Jato mostram que determinadas fronteiras de governança foram sobrepujadas e isso, obviamente, requer aperfeiçoamentos”, declarou Coutinho.

O presidente do BNDES disse ainda que “sempre é possível melhorar a governança” para prevenir e aperfeiçoar. “No conselho todas as matérias eram fundamentadas tecnicamente e auditadas por auditores de primeira linha. Nunca percebemos falhas de governança.”

Coutinho disse ainda que os contratos do banco com empresas envolvidas na Lava Jato podem ser revistos caso ocorra alguma mudança na classificação de risco dos projetos financiados pelo BNDES.

O executivo também é presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ele assumiu em março em substituição ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e integra o grupo como membro desde 2008.

Coutinho foi convocado para falar sobre a suposta liberação de recursos do BNDES para projetos sob suspeita da Sete Brasil, empresa criada para fabricar sondas do pré-sal, que foi citada pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, um dos delatores da Lava Jato, como companhia envolvida no esquema de pagamento de propina.

Sobre os empréstimos, Coutinho disse que o BNDES não conseguiu concluir os contratos com a Sete Brasil diante da complexidade de fornecedores e projetos da empresa. “Houve problemas no projeto e o BNDES não chegou a contratar a Setebrasil.”

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal na terça-feira (16), Coutinho já havia afirmado que o banco não desembolsou recursos para a Sete Brasil. Também disse que o BNDES aguarda a revisão do plano de negócios da Sete Brasil para avaliar novamente a concessão de empréstimos para a empresa.