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Presidente da Andrade Gutierrez e mais 12 acusados viram réus na Lava Jato

O presidente da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, preso desde 19 de junho pela 14ª fase da operação Lava Jato - Rodolfo Buhrer/Reuters
O presidente da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, preso desde 19 de junho pela 14ª fase da operação Lava Jato Imagem: Rodolfo Buhrer/Reuters

Do UOL, em São Paulo

29/07/2015 17h02Atualizada em 29/07/2015 18h59

O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, aceitou nesta quarta-feira (29) a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra o presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e mais 12 citados pelos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro na Petrobras, no âmbito da operação Lava Jato. Azevedo e os demais acusados passam a ser oficialmente réus no processo penal.

A decisão da Justiça ocorre um dia depois que o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, também virou réu pela Lava Jato via denúncia do MPF, pelos mesmos crimes. Marcelo e Azevedo estão presos preventivamente desde 19 de junho.

O processo cita novamente nomes já envolvidos em outros processos da Lava Jato, como o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, e os ex-gerentes da estatal Pedro Barusco e Renato Duque. Todos foram presos em fases anteriores da operação e colaboram com as investigações por meio de delações premiadas.

A denúncia do Ministério Público contra o grupo Andrade Gutierrez indica que houve pagamento de propina da construtora a dirigentes da Petrobras em dez obras e contratos. Cinco deles foram na execução de serviços na refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG); na refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde (BA); na refinaria de Paulínia (SP); e dois deles no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. A propina seria de 3% em cima do valor total dos contratos.

Os outros cinco contratos previam propina de 2% em contratos envolvendo a Petrobras, empresas subsidiadas da estatal e a Andrade Gutierrez na montagem do gasoduto Urucu-Manaus; em serviços de infra-estrutura predial no Centro de Pesquisas e no CIPD (Centro Integrado de Processamento de Dados) da Petrobras, ambos no Rio de Janeiro; execução de serviços do Consórcio CITI (Andrade Gutierrez, Mendes Júnior e Queiroz Galvão) na construção do CIPD; na construção do túnel de dutos para o gasoduto GASDUC III, em Cachoeiras de Macacu (RJ); e montagem do pier do Terminal de Regaseificação da Bahia, em Salvador.

Veja a lista dos 13 acusados e suas funções apontadas pelo MPF no esquema criminoso:

1) Alberto Youssef, doleiro que teria intermediado o pagamento de propina à diretoria de Abastecimento da Petrobras;

2) Antônio Pedro Campelo de Souza, diretor comercial de contratações da Andrade Gutierrez, envolvido na negociação e repasse de propinas;

3) Armando Furlan Júnior, dono da empresa Technis Planejamento e Gestão em Negócios, que simulou contratos de consultoria para justificar os repasses de valores para o pagamento de propinas;

4) Elton Negrão de Azevedo Júnior, diretor de operações industriais, negócios industriais e executivo da unidade industrial da Andrade Gutierrez, envolvido nas reuniões do cartel e dos ajustes de licitação e na negociação e repasse das propinas;

5) Fernando Antônio Falcão Soares, que com o auxílio do irmão, Armando Furlan, teria intermediado o pagamento de propina à diretoria de abastecimento da Petrobras;

6) Flávio Gomes Machado Filho, diretor e vice-presidente de Relações Institucionais da Andrade Gutierrez, envolvido na negociação e repasse de propinas;

7) Lucélio Roberto Von Lehsten Goes, dono da empresa Rio Marine Empreendimentos Máritimos, que operou a lavagem de dinheiro das propinas;

8) Mario Frederico Mendonça Goes, que com o auxílio do filho, Lucélio Goes, teria intermediado o pagamento de propina à diretoria de serviços da Petrobras;

9) Otávio Marques de Azevedo, presidente do grupo Andrade Gutierrez que, segundo a denúncia, estaria envolvido diretamente na prática dos crimes, orientando a atuação dos demais;

10) Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e beneficiário da propina;

11) Paulo Roberto Dalmazzo, superintendente comercial e presidente de negócios em óleo e gás da Andrade Gutierrez, envolvido nas reuniões do cartel e dos ajustes de licitação e na negociação e repasse de propinas;

12) Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de serviços da Petrobras beneficiário da propina;

13) Renato de Souza Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras beneficiário da propina;

Outro lado

A Andrade Gutierrez enviou nota sobre a decisão judicial contra seu presidente, Otávio Marques de Azevedo. "Os advogados dos executivos e ex-executivos da Andrade Gutierrez informam que as respectivas defesas serão feitas nos autos da ação penal, fórum adequado para tratar o assunto. E que não discutirão tema pela mídia".