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Futuro ministro já criticou salários dos militares e o orçamento da Defesa

Fernando Azevedo e Silva foi anunciado como futuro ministro da Defesa - Foto: Ricardo Borges/Folhapress
Fernando Azevedo e Silva foi anunciado como futuro ministro da Defesa Imagem: Foto: Ricardo Borges/Folhapress

Eduardo Lucizano

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/11/2018 15h46

Contemporâneo de Jair Bolsonaro (PSL) na academia militar, o futuro ministro da Defesa, o general da reserva Fernando Azevedo e Silva, já criticou os salários pagos aos militares e o orçamento destinado às Forças Armadas.

Azevedo e Silva, que se formou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1976, um ano antes de Bolsonaro, foi anunciado como futuro ministro nesta terça-feira (13) pelo presidente eleito.

Em agosto passado, quando ainda era chefe do Estado Maior do Exército, Azevedo e Silva disse que o trabalho dos militares não é reconhecido e se queixou do orçamento das três Forças e dos salários que recebem.

"Os constantes desafios a que as Forças Armadas vêm sendo submetidas, muitos deles alheios à nossa destinação principal, não têm recebido, das esferas competentes, o merecido reconhecimento, justo e digno, principalmente quanto ao orçamento e à remuneração do nosso pessoal", declarou à época.

Segundo o documento "Cenário de Defesa 2020-2039", do ministério e que o UOL revelou em janeiro deste ano, a obsolescência das Forças Armadas poderia ser aumentada com o contingenciamento de recursos.

Durante sua primeira visita a Brasília após eleito, na semana passada, Bolsonaro disse que não haverá contingenciamento de recursos para a Defesa. “Segundo Paulo Guedes [futuro ministro da Economia], as Forças Armadas não terão recursos contingenciados. Nada mais justo. É um reconhecimento às Forças Armadas”, declarou Bolsonaro.

Azevedo e Silva ajudou na formulação de propostas para a campanha de Bolsonaro.

Em setembro deste ano, ele deixou a chefia do Estado-Maior do Exército para ser assessor do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli. Quem o indicou foi o general Eduardo Villas Bôas, atual comandante do Exército.

Em nota, nesta terça-feira (13), Toffoli disse ter sido consultado por Bolsonaro sobre a indicação. Em breve entrevista, Bolsonaro disse que a escolha de Azevedo e Silva não foi uma sugestão de Toffoli. "Ouço muito o general Heleno [também futuro ministro] para bater o martelo nestas questões aí”, declarou.

Ao Ministério da Defesa, compete instituir políticas ligadas à defesa e à segurança do país e dirigir as três Forças Armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica.

Como ministro, Azevedo e Silva também deverá atuar na escolha dos substitutos dos comandantes das Forças Armadas – Nivaldo Rossato (Aeronáutica), Villas Bôas (Exército) e Eduardo Bacellar Ferreira (Marinha).

Eles são comandantes desde 2015, início do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Termina o mandato deles e passa para os próximos”, já avisou o general Hamilton Mourão (PRTB), vice-presidente eleito.

Carreira nas Forças Armadas e ligação com esporte

Comandante da Companhia de Precursores Paraquedista, Azevedo e Silva foi instrutor do Centro de Instrução Paraquedista General Penha Brasil e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

No exterior, Azevedo e Silva desempenhou a função de Chefe de Operações do Brasil no Haiti, em missão de paz da ONU. Como oficial general, comandou a Brigada de Infantaria Paraquedista e o Centro de Capacitação Física do Exército.

Ao longo da sua vida militar, foi agraciado com 17 condecorações nacionais e quatro estrangeiras, segundo seu perfil na página Comando Militar do Leste, do Exército.

Azevedo e Silva é torcedor do Botafogo e ex-jogador de vôlei, com forte ligação com o esporte. Durante o governo de Dilma, foi presidente da Autoridade Pública Olímpica, responsável pela coordenação de ações governamentais para o planejamento e entrega das obras nas Olimpíadas 2016. Antes, foi presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil. (Estadão Conteúdo)