Sigilo e escolta: os preparativos para as 9 horas de Lula fora da prisão

Após ter o pedido negado em janeiro para ir ao enterro do irmão, o ex-presidente Lula recebeu autorização para se despedir do neto Arthur, 7, que morreu na última sexta-feira.
Lula passou pouco menos de duas horas com os familiares, apoiado em uma lei que autoriza a saída da prisão em caso de falecimento ou doença grave de familiares.
Para isso, foi da superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, ao aeroporto da cidade de helicóptero, pegou avião até São Paulo e, de lá, outro helicóptero até o cemitério em São Bernardo do Campo. Ao todo, esteve nove horas fora da prisão, sob forte esquema de segurança e trajeto mantido em sigilo.
Relembre os principais momentos:
Sexta-feira (1)
- 12h36: Arthur morre de meningite meningocócica no Hospital Bartira, em Santo André (Grande São Paulo). O ex-presidente é informado por telefone pelo pai da criança, seu filho Sandro. Lula diz que quer despedir-se do neto.
- 14h07: advogados do ex-presidente pedem à Justiça Federal que Lula viaje a São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), onde o corpo de Arthur será velado e cremado. Inicia-se, então, o planejamento da operação que envolveria forças de segurança de dois Estados e do governo federal. Lula participou da negociação pela saída.
- 15h30: a juíza federal Carolina Lebbos, responsável pelo processo da execução da pena do ex-presidente, decreta sigilo sobre o processo envolvendo Lula. Determina também que a PF e o MPF (Ministério Público Federal) opinem sobre o pedido da viagem do ex-presidente.
- 16h40: o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), informa que emprestou um avião do Estado para a viagem de Lula. Segundo nota do governo, o empréstimo atendia um pedido da PF.
- 17h50: a presidente do PT (Partido dos Trabalhadores), deputada federal Gleisi Hoffmann, deixa a carceragem da PF após ter sido autorizada a visitar Lula. Em entrevista coletiva, ela afirma que a saída do ex-presidente ainda está indefinida, e que Lula está "muito abalado".
- 18h: um helicóptero da Polícia Civil do Paraná pousa no heliponto do topo da carceragem da PF. A tripulação deixa a aeronave e entra no prédio.
- 18h40: para evitar que Lula não seja autorizado a sair da prisão, militância diz que não convocará manifestações se Lula deixar a prisão para o velório.
- 19h26: a Justiça Federal de Curitiba informa que a juíza Carolina Lebbos, que havia negado a saída de Lula para velório do irmão em janeiro, autorizou Lula a ir ao velório do neto. Determina que informações sobre a viagem do ex-presidente sejam mantidas em sigilo em respeito à família e por questões de segurança.
- Por volta das 20h: informações desencontradas são enviadas à imprensa, que recebe três versões:
- Lula viajaria à noite e passaria a noite no velório em São Paulo
- Lula viajaria à noite, dormiria na sede da PF em São Paulo e iria ao cemitério de manhã
- Lula viajaria de manhãzinha e chegaria ao cemitério pouco antes da cremação do neto -- foi a versão que se concretizou.
- Por volta das 22h: Começa o velório no cemitério Jardim das Colinas, onde a esposa de Lula, Marisa Letícia, foi cremada em 2017.
Sábado (2)
- 6h55: sem aviso prévio, Lula deixa a carceragem e toma helicóptero da Polícia Civil do Paraná. Às 7h, o helicóptero decola rumo ao aeroporto do Bacacheri, em Curitiba.
- 7h18: Lula embarca no avião do governo do Paraná e decola para São Paulo. Quase um ano depois de ser preso por corrupção e lavagem de dinheiro relacionada ao triplex do Guarujá, é a primeira vez que ele deixa Curitiba.
- 8h31: o ex-presidente Lula desembarca no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O governo paulista destacou 260 policiais militares para a escolta e a segurança do ex-presidente.
- 10h20: Lula embarca em um segundo helicóptero para ir a uma fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo. De lá, segue em carro escoltado para o cemitério Jardim da Colina.
- Lula chega ao velório do neto, acena para os presentes, mas não falaImagem: Luis Adorno/UOL
- 10h30: pouco antes da chegada de Lula, as portas do velório são fechadas e militantes são retirados. Grupo reage com gritos de "Lula Livre" e "preso político". Alguns pedem que a PF, em vez de restringir acesso, procurem Fabrício Queiroz - assessor de Flávio Bolsonaro suspeito de integrar suspeito de desvio de verbas parlamentares.
- 11h04: Lula chega ao cemitério e caminha por um corredor formado por PMs e cercado por militantes. Os petistas Fernando Haddad e Dilma Rousseff participam da cerimônia, e o ministro do STF Gilmar Mendes telefona para Lula. O ex-presidente permanece ao lado do caixão da criança aos prantos. Cumprimenta cerca de cem pessoas. Fala até com um amigo do seu neto que está presente na cerimônia. Segundo presentes, Lula fez uma promessa ao neto:
Você sofreu muito bullying na escola, por ser neto do Lula. Tenho um compromisso com você: vou provar a minha inocência e vou mostrar quem é ladrão e quem não é neste país.
- 12h: O velório de Arthur termina e o corpo é cremado junto a brinquedos, bola e livros.
- 12h58: Lula deixa o cemitério e refaz o trajeto: carro escoltado até heliponto, helicóptero até Congonhas, avião para Curitiba e helicóptero até a sede da Polícia Federal no Paraná.
- 15h45: Oito horas e 45 minutos depois de deixar a carceragem da PF em Curitiba, Lula volta ao prédio em que cumpre 12 anos e 1 mês de pena. Militantes aguardavam o ex-presidente do lado de fora do prédio. Gritam em coro "força, Lula", mas o ex-presidente não acena.
Com informações também de Bernardo Barbosa e Luís Adorno, do UOL, em São Bernardo do Campo
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