Vexames, escândalos e saias justas que não deixarão saudades em 2019
Resumo da notícia
- As brigas, bate-bocas e polêmicas que marcaram o ano
- Ofensas no Twitter e pancadaria na Alesp? Teve também
- Bolsonaro liderou o ranking, inaugurado com a pergunta "o que é golden shower"
O brasileiro aprendeu em 2019 o que é golden shower, descobriu que um ministro pode ofender seguidores no Twitter e viu até uma quase pancadaria entre parlamentares eleitos no meio da sessão plenária.
Também houve diversos bate-bocas entre figuras públicas (uma delas lembrou um famoso funk dos anos 2000) e até bolo de aniversário de escândalo de corrupção em CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito). O UOL reuniu as principais polêmicas do ano para que elas fiquem em 2019 e não se repitam mais:
Menino veste azul, menina veste rosa
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, inaugurou o extenso hall de polêmicas do ano já no terceiro dia de 2019. Para comemorar o início da "nova era", a ministra, que também é pastora evangélica, instituiu que "menino veste azul e menina veste rosa". A declaração causou furor na internet, que não entendeu bem por que vestimenta infantil seria assunto de Estado.
O que é golden shower?
O Twitter é uma ferramenta muito usada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua equipe. Já no começo do ano, ele passou pela sua primeira grande polêmica à frente do cargo quando postou um vídeo de um jovem urinando no outro durante o Carnaval de rua.
"Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões", postou o presidente.
No dia seguinte, ao ver a repercussão, o presidente apagou a publicação, mas postou outra perguntando "O que é golden shower?", prática exibida no vídeo. O termo viralizou tanto que foi um dos mais buscados no Google no ano inteiro.
O Twitter de Weintraub
Abraham Weintraub, comandante do MEC (Ministério da Educação), causou na sua conta no Twitter. De vídeo imitando o filme "Cantando na Chuva" para falar de fake news a reclamações sobre "comunistinhas", o educador não costuma economizar termos chulos para responder seus seguidores.
O problema é que, como representante do MEC, Weintraub talvez devesse voltar menos atenção aos seguidores e mais a seu português.
Às favas com o decoro
Esta falta de pudor no uso de expressões coloquiais ficou evidente também na votação para presidente do Senado Federal, em fevereiro. Em meio a mais de 80 horas de debates, houve cantoria de Jorge Kajuru (PSB-GO), mais votos computados do que número de Senadores presentes e o vazamento da fala de José Maranhão (MDB-PB) em que ele afirma que vai sair para "dar uma mijada".
I love you?
O assunto mais comemorado pela política externa brasileira no início do ano foi a aproximação das relações entre Brasil e Estados Unidos por meio da proximidade entre Bolsonaro e Donald Trump. Nos últimos meses, no entanto, o governo norte-americano deu sinais de que o Brasil possa estar passando por um relacionamento abusivo.
Em outubro, os EUA frustraram as expectativas brasileiras ao endossar oficialmente a Argentina e Romênia como membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), posição que o governo Bolsonaro almeja. O Itamaraty desconversou e disse que os EUA seguiram um "critério cronológico" e que o acordo de apoio continua de pé.
O golpe um pouco mais duro veio em dezembro, quando Trump anunciou que os EUA deverão retomar tarifas de aço e alumínio de Brasil e Argentina para atender ao produtor interno, o que pegou governo Bolsonaro de surpresa, que, em entrevista, justificou que "somos os pobres da história".
A culpa é do Leo
O aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia também movimentou a política externa brasileira. O mais curioso, no entanto, é que o presidente achou um culpado o tanto quanto improvável para os incêndios: o ator Leonardo DiCaprio.
Em novembro, sem apresentar provas, Bolsonaro acusou o astro de financiar ONGs que promoveriam estas queimadas. "Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia", disse. Esta informação já havia sido dada pelo filho Eduardo no Twitter.
DiCaprio também usou o Twitter para rebater as acusações e publicou uma nota que dizia que ele respeitava, mas "não financiava as instituições citadas". Até então, nada foi provado.
Pirralha
Outra figura internacional cutucada pelo presidente Bolsonaro neste ano foi a ativista sueca Greta Thunberg. No início de dezembro, ao questionar importância dada à jovem internacionalmente, ele usou um termo bem... brasileiro.
Qual o nome daquela menina lá, lá de fora? Tabata, como é? Greta. Já falou que índios estão morrendo porque estão defendendo a Amazônia. Impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí, uma pirralha"
A declaração logo tomou o noticiário internacional e, no mesmo dia, a ativista trocou sua descrição no Twitter para "pirralha".
Cocaína em avião da FAB
As polêmicas internacionais vieram de várias frentes neste ano. Em junho, um sargento da Aeronáutica foi preso na Espanha com 39 kg de cocaína durante uma escala rumo ao Japão. Até aí o tráfico internacional não é novidade. O que chamou atenção e gerou desconforto no Palácio do Planalto é que ele fazia parte da tripulação que assumiria o voo do avião reserva do presidente.
Poucas horas depois da apreensão, Bolsonaro foi ao Twitter e afirmou que, se comprovado, ele deveria ser julgado e condenado "na forma da lei".
O fantasma da ditadura
O ano também trouxe de volta o AI-5 (Ato Institucional número 5), a medida mais severa da ditadura militar no Brasil (1964-1985), para o debate nacional. Mas não por ser efeméride ou tema do Enem: ameaças vieram por parte do próprio governo e de aliados.
Em outubro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho caçula do presidente, declarou em entrevista que, "se a esquerda radicalizar", a resposta do governo poderia ser "um novo AI-5".
A fala não pegou nada bem entre os parlamentares e ele poderá ser punido. Para o pai, no entanto, tratou-se de "liberdade de expressão".
Brigas à direita
A base aliada do presidente protagonizou parte dos principais momentos de bate-boca no ano. O grupo heterogêneo, unido em torno da campanha de Bolsonaro no ano passado, rachou.
O primeiro e talvez principal deles foi o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP). Grande apoiador de Bolsonaro, ele acabou brigando com membros do governo, foi expulso do PSL e hoje é um dos principais críticos da gestão no Congresso.
O parlamentar já participou de diversos debates públicos com colegas e membros do governo: chamou Eduardo Bolsonaro de "fura fila" ao criticar sua tentativa de virar embaixador em Washington e desmentiu publicamente o próprio presidente ao falar da possível volta da CPMF. ()
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