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Ausência de Bolsonaro, atos e reação do STF marcam fim de semana no DF

Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro durante ato em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília - Adriano Machado
Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro durante ato em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília Imagem: Adriano Machado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

14/06/2020 19h03Atualizada em 14/06/2020 19h38

Mesmo com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ausente das ruas e em silêncio, Brasília teve um final de semana agitado com protestos tanto a favor quanto contra o governo federal, simulação de ataque ao STF (Supremo Tribunal Federal) e reações de ministros da corte.

Ao contrário de como se comportou aos domingos nos últimos meses, Bolsonaro permaneceu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, em Brasília, ao longo do final de semana. Ele não teve compromissos públicos e se manteve em silêncio quanto a atos políticos. Mas, a tranquilidade ficou apenas no Alvorada.

A manhã de sábado (13) começou com o governo do Distrito Federal desmontando um acampamento de apoiadores de Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, sob protesto dos que haviam se estabelecido no local.

O governo distrital justificou que a ocupação era irregular e contrariava medidas adotadas para evitar a propagação da pandemia do coronavírus. A ativista do movimento "300 do Brasil" Sara Geromini, conhecida como Sara Winter, foi às redes sociais reclamar da ação e pedir uma "reação" do presidente da República, que não veio até o momento, ao menos em público.

Contrariados com o desmonte do acampamento, Sara e um grupo de não mais que 30 pessoas com camisetas do "300 do Brasil" passou a andar pela Esplanada proferindo palavras de baixo calão contra o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), a esquerda e o Congresso Nacional.

Horas depois, um grupo contra o governo Bolsonaro fez um ato pela região. Quando próximos do Congresso Nacional, Sara e seus colegas de protesto tentaram interferir no ato pacífico. A Polícia Militar teve de conversar com o grupo do "300" para que saíssem do local e evitassem conflitos.

Não houve registro de confrontos, mas os apoiadores de Bolsonaro permaneceram na Esplanada e subiram na área externa das cúpulas do Congresso Nacional, próximo ao Senado. É proibido que pessoas andem no local sem autorização. O presidente do Congresso e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), determinou que a Polícia Legislativa negociasse a retirada deles de forma pacífica.

Embora tenha saído de perto das cúpulas, o grupo seguiu para o gramado em frente ao Parlamento, onde continuou a gritar palavras de ordem contra o Parlamento e em defesa do governo Bolsonaro.

À noite, um grupo ainda não identificado lançou uma série de fogos de artifício na direção do prédio do STF para simular que o tribunal estava sofrendo um bombardeio. Em vídeo nas redes sociais, um integrante do ato xingou e criticou a atuação de ministros do Supremo.

O Ministério Público Federal determinou a abertura de um inquérito policial para investigar a ação e solicitou perícia para identificar possíveis danos.

Reação de ministros do Supremo

O presidente da corte, ministro Dias Toffoli, afirmou que o tribunal "jamais se sujeitará" a "nenhum tipo de ameaça". Em nota divulgada hoje, Toffoli afirma ainda que os ataques ao STF têm sido "financiados ilegalmente" e estimulados "por integrantes do próprio Estado".

O ministro Alexandre de Moraes comparou o ato à ação de " verdadeiras organizações criminosas" e afirmou que "a lei será rigorosamente aplicada". Moraes é relator no tribunal do chamado inquérito das fake news, que apura ataques, ameaças e ofensas a ministros do STF.

O ministro Luís Roberto Barroso disse haver hoje no Brasil "alguns guetos pré-iluministas" e "irrelevantes na quantidade de integrantes e na qualidade das manifestações", embora ressalte que isso não torna menos grave a sua atuação.

Ibaneis fecha Esplanada, grupo desobedece

Os atos levaram o governador do Distrito Federal a decretar o fechamento da Esplanada dos Ministérios para veículos e pedestres neste domingo (14). O objetivo foi de inibir manifestações e conflitos no local dada a escalada no comportamento de grupos no sábado.

O decreto permitia manifestações na Esplanada dos Ministérios somente se comunicadas "com antecedência" e com autorização do Secretário de Segurança do DF.

Ainda assim, um grupo de cerca de 50 pessoas a favor do governo federal furou a proibição e realizou um ato na Praça dos Três Poderes.

Algumas pessoas gritaram palavras de ordem contra o Supremo, Ibaneis Rocha e a pandemia de covid-19, doença causada pelo coronavírus. Procurada pelo UOL, a PM informou que o grupo já estava no local antes da chegada da corporação e a retirada dos manifestantes foi negociada.

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Comando da PM responsável pela área da Esplanada dos Ministérios conversa com manifestantes
Imagem: Luciana Amaral/UOL

De acordo com transmissões em redes sociais, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, também foi à Esplanada dos Ministérios e cumprimentou outros apoiadores de Bolsonaro presentes. Ele estava sem máscara e causou aglomerações ao seu redor.

Antes do meio-dia, diante da impossibilidade de permanecer no local, o grupo da Praça dos Três Poderes se retirou, mas migrou para a frente do Quartel-General do Exército, em outro bairro de Brasília. Os manifestantes estenderam uma Bandeira Nacional gigante e levaram cartazes de apoio ao governo federal, além de vuvuzelas. Parte pediu uma "intervenção militar com Bolsonaro no poder".

Mais tarde, uma parcela do grupo foi para a frente do Palácio do Buriti, local de trabalho do governador do Distrito Federal, no Eixo Monumental. Os manifestantes criticaram o decreto de Ibaneis Rocha restringindo o acesso à Esplanada, chamaram ele de "comunista" e pediram sua saída do cargo.

O ato terminou por volta das 16h30 sem ocorrências, informou a PM.