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Geração P #4: Duvivier diz que no Brasil não se pode brincar com Jesus, mas sim com vidas

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Do UOL, em São Paulo

25/05/2020 04h01

Geração P, o podcasts do UOL sobre os impactos da pandemia, traz nesta segunda-feira (25) uma entrevista com o ator e humorista Gregório Duvivier. Na conversa com Jamil Chade e Ruth Manus, que apresentam o programa, Duvivier falou sobre sua quarentena em família, sobre como o Brasil está lidando com a pandemia —numa situação que definiu como "paradoxo bizarro"— e considera impossível estar otimista: estamos rumo ao iceberg com um comandante bêbado. Ouça a entrevista completa no arquivo acima.

"O Brasil enche o saco do Porta dos Fundos [grupo humorístico do qual Duvivier faz parte], por exemplo, que fez o especial falando de Jesus. Dizem que tem que ser proibido, é blasfêmia, é a religião dos outros. Agora, quando é a ciência, quando se está desrespeitando um dado científico que mata gente, quando está botando a vida de pessoas em jogo, como no caso da vacina ou no caso do isolamento, a gente tem uma tolerância enorme aqui no Brasil. Então não pode brincar com Jesus, mas pode brincar com a vida de milhões de pessoas. Esse é um paradoxo bizarro do nosso país", afirmou Duvivier (ouça no arquivo acima a partir de 14:20)

Ainda sobre a forma como o Brasil está lidando com a pandemia, o ator falou em genocídio (a partir de 12:09). "Você tem direito a sua própria opinião, mas não tem direito aos fatos. [...] Eu não acho que a pessoa tem direito, por exemplo, de ser antivacina, porque é um dever cívico: ao vacinar seu próprio filho, você está vacinando os outros. [...] A mesma coisa com o isolamento, uma conta [em redes sociais] que está incentivando as pessoas a saírem de casa está, sim, incentivando um genocídio. Essa é a palavra."

Na entrevista, o ator falou bastante sobre sua quarentena, com a família, e também sobre essa situação de isolamento de uma forma mais ampla (ouça a partir de 24:24).

"No Brasil, a gente tem experiências radicalmente diferentes na mesma cidade. Cada um está tendo uma pandemia e uma quarentena opostas, não é? Isso tem mil fatores no Brasil. Tem a ver com a orientação política, por exemplo. A minha pandemia e a de quem segue e é fã do Bolsonaro estão sendo radicalmente diferentes. A pessoa está levando muitas vezes uma vida, entre aspas, normal. [...] E também, claro, considerando grana, infraestrutura. Impossível seguir uma quarentena na favela, sem água, muitas vezes, sem internet. Então, eu acho que ela [a pandemia] realmente está escancarando um abismo gigantesco. Ao invés de nos unir, está nos separando ainda mais."

Para finalizar (a partir de 28:50) humorista não se diz otimista com o futuro. "No Brasil está especialmente difícil pensar nisso, porque aqui a curva ainda está ascendente. No Brasil está muito difícil a gente conseguir ser otimista porque a curva está subindo. O presidente não está fazendo nada para para achatar a curva, então [...] é impossível ser otimista. A gente está realmente caminhando para o precipício ou para o icerberg, dependendo da metáfora que você quiser. Realmente é o Titanic, você já viu o iceberg, e o comandante está bêbado, dormiu."

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A letra "P", do nome do podcast, refere-se à pandemia, às perspectivas e, especialmente, às projeções de como serão nossas vidas daqui para frente. Assista abaixo ao vídeo de lançamento do podcast.

Às segundas e quartas, o programa tem apresentação de Jamil Chade, colunista do UOL baseado em Genebra, e Ruth Manus, advogada e escritora que vive em Lisboa. Eles trazem bate-papos, análises e reflexões sobre os novos caminhos que se formam a partir da Covid-19, além de entrevistas.

Aos sábados, o podcast volta seu olhar a mulheres no Brasil que estão na linha de frente contra o coronavírus. A jornalista Giuliana Bergamo conta essas histórias, que fazem parte de uma série de reportagens especiais de Universa, a plataforma feminina do UOL. O primeiro relato foi sobre os desafios enfrentados por Ho Yeh Li, coordenadora da UTI de doenças infecciosas do HC-SP, que foi vítima do coronavírus e participou da repatriação de brasileiros na China.

Você pode ouvir o podcasdt Geração P no UOL, no Youtube e em distribuidores de podcasts, como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Deezer. Com este lançamento, o UOL soma 14 podcasts: você pode conferir todos os programas em uol.com.br/podcasts.