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Franceses querem inquérito para verificar possíveis falhas em investigações sobre atirador

Renata Giraldi

Da Agência Brasil, em Brasília

23/03/2012 09h14

Representantes de vários segmentos da sociedade da França e da comunidade internacional pedem a instauração de um inquérito sobre possíveis falhas nos serviços de inteligência no país. A suspeita é a de que houve demora das autoridades em tomar providências depois de uma série de assassinatos na região de Toulouse, no sul do país.

Informações preliminares indicam que Mohamed Merah, de 23 anos – autor assumido do ataque a uma escola judaica em Toulouse – estava sob vigilância há meses e foi incluído na relação de pessoas proibidas de voar para os Estados Unidos.

Merah é o principal suspeito de provocar as mortes de três militares na mesma região uma semana antes do crime ocorrido na escola. Em novembro de 2011, Merah foi interrogado pela agência de inteligência francesa para explicar suas viagens ao Afeganistão e ao Paquistão.

A candidata à Presidência da República da França Marine Le Pen, líder do partido de direita Frente Nacional, disse que os assassinatos em Toulouse demonstram que a França "subestimou perigosamente a ameaça do extremismo muçulmano".

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, disse que entende a indignação, mas que é preciso avançar nas investigações. “[Compreendo] que as pessoas questionem se houve falhas de inteligência. Precisamos de clareza nesse assunto", disse.

O ministro do Interior, Claude Gueant, defendeu o histórico de investigações da agências de inteligência, dizendo que elas localizam diversos extremistas e que casos isolados como esse tornam a defesa difícil. "Os chamados lobos solitários são adversários desafiadores", disse.

Merah foi morto ontem (22) no final da manhã, após quase 32 horas de cerco. Houve troca de tiros entre ele e policiais que cercavam o prédio onde estava. O promotor François Molins disse que Merah foi morto ao tentar pular por uma janela do apartamento. Há marca de bala no crânio dele.

"O exame do corpo mostra que ele recebeu um tiro na cabeça, que estava usando um colete à prova de balas e que tinha uma arma coberta por um par de jeans", disse Molins, informando ainda que foram encontrados vídeos gravados pelo atirador, mostrando os crimes na escola judaica e das mortes dos militares em Toulouse.

Abdelkader Merah, irmão de Mohamed Merah, está detido para interrogatório, assim como sua mãe e namorada. Nos casos de terrorismo, a detenção para interrogatório pode durar quatro dias. No carro de Abdelkader foram encontrados explosivos. (Com RFI, e da BBC Brasil)