"Nós não somos teu", ironiza líder do PPS a Cachoeira; partido pede reconvocação de bicheiro
O deputado líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PPS-PR), ironizou uma mensagem do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-RS) ao governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), durante a reunião da CPI que ouve o bicheiro Carlinhos Cachoeira na tarde desta terça-feira (22) no Congresso: “Nós não somos teu”, disse Bueno.
Na semana passada, uma reportagem do SBT flagrou a mensagem do petista a Cabral (veja abaixo): "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu [sic]". Mais tarde, Vaccarezza negou que o peemedebista seria blindado na comissão que investiga a relação do bicheiro com parlamentares, governadores e empresas contratadas pelo poder público.
SBT flagra mensagem de Vaccarezza para governador do Rio
Na mensagem, Vaccarezza tranquiliza Cabral: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu [sic]"
Bueno fez uma série de perguntas não respondidas por Cachoeira, que, desde o início da sessão, invocou o direito de permanecer calado, alegando que falará apenas diante do juiz. Segundo Bueno, o PPS já entregou um requerimento na CPI para reconvocar o bicheiro logo após ele falar à Justiça de Goiás.
“Eu tinha mais perguntas para fazer, mas já há um requerimento para reconvocá-lo. É uma esperança, senão, uma expectativa [de que ele fale]”, afirmou Bueno.
A expectativa é que Cachoeira preste depoimento na 11ª Vara de Justiça de Goiás entre os dias 31 de maio e 1º de junho. É por lá que estão sendo encerradas s investigações do caso. Os parlamentares querem que, logo depois desta data, ele possa voltar ao Congresso e prestar esclarecimentos sobre a relação com parlamentares e agentes públicos em atividades ilegais.
A defesa de Cachoeira conseguiu um primeiro adiamento do depoimento na semana passada para ter acesso aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigaram Cachoeira. Depois de receberem autorização para ler os documentos, os advogados tiveram de quarta-feira (16) até esta segunda-feira (21) para trabalhar. A sala onde funciona a área técnica da CPI, com computadores que contêm os dados, abriu no fim de semana apenas para atender os advogados.
Até agora a CPI não teve nenhum depoimento aberto. Falaram apenas os delegados da PF que conduziram as operações, em sessões sigilosas. O início lento da comissão é atribuído nos bastidores do Congresso a um suposto acordo entre PSDB, PT e PMDB. Três governadores dos partidos, respectivamente Marconi Perillo (Goiás), Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e Sérgio Cabral (Rio de Janeiro), têm ligações com a empresa Delta, construtora que teria Cachoeira como sócio oculto.
O próprio presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), já admitiu que a CPI está "meio devagar" e que o depoimento de Cachoeira trará um novo ânimo às investigações que, até agora, não colheram nada além do que já foi descoberto pela PF. Na última quinta-feira, (17), a comissão aprovou convocações de 51 pessoas, mas os governadores não foram chamados.
Depoimento no Conselho de Ética
Está previsto que Cachoeira deponha também nesta semana no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, que abriu processo disciplinar contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), suspeito de envolvimento no esquema do bicheiro.
A previsão é que Cachoeira fale na quarta-feira (23). Porém, ele pode se recusar a ir ao conselho já que foi chamado como testemunha, e não como réu. Segundo a “Folha de S.Paulo”, o bicheiro não deve ir.
"Ele não vai porque isso pode resvalar no processo penal que ele responde", disse ao jornal a advogada Dora Cavalcanti, da equipe do ex-ministro da Justiça no governo Lula Márcio Thomaz Bastos, advogado de Cachoeira.
Além de receber presentes e favores do contraventor, que atua principalmente em Goiás, Demóstenes é suspeito de intervir no Congresso em favor de Cachoeira.
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