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Dilma discursa em convenção do PMDB e diz que parceria com partido terá "uma longa vida"

Marina Motomura

Do UOL, em Brasília

02/03/2013 11h59Atualizada em 02/03/2013 17h12

Em discurso na Convenção Nacional do PMDB neste sábado (2) em Brasília, a presidente da República Dilma Rousseff comemorou a união com o PMDB e afirmou que a aliança do PT com o partido terá "uma longa vida".

"É uma honra vir aqui na convenção do PMDB. Queria dirigir um cumprimento a meu grande parceiro, Michel Temer", afirmou Dilma ao iniciar o discurso.

"É uma honra participar da convenção do partido que é o maior parceiro do meu governo. [Essa] parceria é sólida, produtiva e, sem duvida, terá uma longa vida", declarou a presidente.

Dilma disse que PT e PMDB são os partidos mais queridos do Brasil e relembrou a construção da aliança com o partido, nas eleições de 2010.

"O PMDB e o PT naquele dia, se uniam, numa grande frente pelo Brasil", declarou Dilma. "Nossas lutas não começavam naquele momento. Aquelas lutas vinham da resistência democrática, onde nós forjamos o combate à opressão, onde forjamos um compromisso forte com a liberdade".

"Naquele dia, eu homenageei Ulysses Guimarães como homenageio hoje", relembrou a presidente.

Em seu discurso de aproximadamente 45 minutos, não faltaram elogios ao PMDB e ao vice-presidente Michel Temer, que, à tarde, foi reeleito presidente da sigla.

"Hoje nós estamos dando mais um passo na nossa aliança. O PMDB é protagonista de uma as maiores coalizões formadas para governar o Brasil", declarou Dilma, que, em seguida, fez uma defesa do modelo presidencialista brasileiro, à base de coalizões partidárias.

Para presidente Dilma, modelo de coalizão política é "uma celebração, um traço institucional"

"Nós sabemos que o Brasil tem sido, desde a redemocratização, governado por coalizões políticas. Dizem que as coalizões vão manchar a política. Pelo contrário. O diálogo, o entendimento na formação de alianças tornaram-se práticas usuais", declarou Dilma. "Essa questão da coalização política, que hoje fazemos aqui uma celebração, é um traço institucional do nosso país."

Segundo a presidente, as coalizões "bem construídas" oferecem maior estabilidade política e segurança institucional.

Dilma lembrou ainda que, desde a redemocratização do país, apenas um governo não contou com coalizão partidária, em referência velada ao ex-presidente Fernando Collor. "E foi o único [governo] que não concluiu seu mandato."

Em seguida, Dilma elogiou o partido de seu vice-presidente. "O PMDB nunca faltou ao meu governo. Independentemente das eventuais contradições, o PMDB soube ser o partido da unidade, da estabilidade, da governabilidade. Esse é o reconhecimento que o país deve ao PMDB", declarou Dilma, seguida de aplausos dos militantes. "O PMDB me ajuda a governar."

A presidente fez um afago ao PMDB do Rio, onde esteve na última sexta-feira (1). "Dinheiro não basta, por isso estou fazendo uma homenagem à parceria com o Rio de Janeiro, tanto com o governador [Sérgio Cabral] tanto com o prefeito [Eduardo Paes]".

Dilma disse, no entanto, que a homenagem valia a todos os governadores e chegou a cometer uma gafe, chamando o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filipelli, de governador [o governante é Agnelo Queiroz, do PT]
Ao homenagear o Rio, a presidente foi colocada novamente em uma saia-justa pelos militantes do PMDB, que gritavam "a juventude já declarou, 2014 é Pezão governador".

Encerro desejando vida longa à nossa aliança. Vida longa a essa parceria", declarou Dilma ao final de seu discurso. "Nós juntos, eu e o Temer, vocês, a base aliada, temos esse desafio maravilhoso que é transformar o Brasil. Eu queria dar um viva ao PMDB", encerrou Dilma.

Dilma enfatiza importância de Temer e diz que vice é "o grande parceiro que poderia ter"

O vice-presidente Michel Temer também foi longamente elogiado por Dilma, que citou "suas qualidade de político competente, sério e excepcional articulador (...), nos representando de forma soberana e altiva no plano nacional, além das contribuições às nossas práticas administrativas".

Segundo Dilma, Temer contribui para a construção de relações estáveis com os outros poderes.

"O vice-presidente Michel Temer é o grande parceiro que eu poderia ter", disse, sendo interrompida pelos aplausos e gritos dos militantes. A presidente até comentou:
"a animação pro Temer tá ótima".

"Nós formamos a chamada dobradinha, que se completa e se complementa", elogiou Dilma,

Recepção a Dilma teve aplausos e pedidos por Pezão candidato em 2014

A presidente foi saudada calorosamente pelos militantes peemedebistas. "O símbolo do PMDB é uma chama. Essa chama revela a anima, no sentido de alma, do partido", disse Michel Temer à presidente.

No entanto, Dilma não recebida apenas com aplausos. "Ô presidenta, 2014 é Pezão governador", gritaram os militantes, em referência à disputa entre o senador Lindbgerh Farias (PT) e o atual vice-governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, pelo posto de candidato da coalizão entre PT e PMDB.

Com a presença na convenção, a presidente encerra uma semana de agrados aos peemedebistas. Na quarta-feira (27), Dilma se reuniu com o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) e, à noite, foi a jantar oferecido por Temer em homenagem ao ex-presidente do Senado José Sarney (AP). Na quinta-feira (28), também se reuniu com o vice-presidente no Palácio do Planalto e nesta sexta (1) foi ao Rio de Janeiro, onde inaugura hospital com o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB. A presidente foi à inauguração de um novo museu no Rio e até dançou ao lado do governador fluminense.

O comparecimento à convenção nacional do PMDB foi a segunda participação de Dilma em um evento partidário em pouco mais de dez dias.

No último dia 20 de fevereiro, a presidente foi a São Paulo participar da festa de dez anos do PT no governo federal. No evento, foi informalmente lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.

Economia e miséria

Durante o discurso, a presidente Dilma falou sobre economia, mas em nenhum momento citou o crescimento de 0,9% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, divulgado nesta sexta-feira (1º).

"Nosso modelo de desenvolvimento vem criando uma classe média que já é a maioria da população brasileira. Nós rompemos com aquela visão conservadora,que dizia que primeiro tínhamos que crescer para depois distribuir o bolo. Pelo contrário, quando o bolo é distribuído, o país cresce de forma cada vez mais efetiva", discursou Dilma.

"O mundo viveu uma enorme crise, talvez a maior crise desde 1929. O Brasil não deixou de ser atingido.Mas nós mantivemos o país, gerando empregos, distribuindo renda", afirmou.

De acordo com a presidente, "crises menores que essa" já teriam feito "o Brasil a bater na porta do FMI, pedindo de joelhos recursos e dólares", o que, segundo ela, não ocorre agora.

A presidente também enfatizou o combate à miséria em sua fala. "Nós temos a obrigação de perceber que o fim da miséria é só o começo", declarou, citando que o país tirou 22 milhões de pessoas da pobreza extrema. "O povo contente, com Dilma presidente", gritaram os militantes após a fala.

Presidente nacional do PT, Rui Falcão representou Lula no evento do PMDB

No evento peemedebista, o presidente do PT, Rui Falcão, leu uma mensagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a organização do evento, cerca de 1.600 pessoas estão presentes à convenção.

Antes de Dilma, falaram as principais lideranças do PMDB, como o presidente do partido Michel Temer, o presidente em exercício da legenda, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, e os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros.