'Armas de fogo meu corpo não alcançarão', dizia tatuagem em PM morto a tiro
O projétil de pistola 9 mm que matou o soldado Patrick Bastos Reis, 30, entrou pelo ombro esquerdo e atravessou o tórax do policial militar, onde havia tatuagens com as frases "armas de fogo o meu corpo não alcançarão" e "facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar". As frases são parte da oração de são Jorge, musicada por Jorge Ben Jor em "Jorge da Capadócia" em 1975.
Casado e pai de uma criança de dois anos, Reis era da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da PM, e fazia patrulhamento na Vila Zilda, no Guarujá, Baixada Santista, no último dia 27, quando foi atingido por um disparo.
A bala também atingiu os pulmões e a aorta ascendente de Reis e se alojou perto da região infraclavicular direita, onde havia a tatuagem com a inscrição em inglês "only the strongest will survive", que em português quer dizer "só os mais fortes sobreviverão".
O exame de necropsia constatou que o ferimento teve o trajeto interno estimado da esquerda para a direita, discretamente de trás para a frente e de cima para baixo. O laudo diz que a causa da morte foi hemorragia interna aguda traumática provocada por projetil de arma de fogo.
A pistola 9 mm utilizada no crime foi encontrada por dois policiais civis do Guarujá graças à denúncia anônima. Os investigadores receberam a informação de que a arma estaria na rua Conceição A. Vendramin Bernardino, na Vila Zilda, ao lado de um barraco na beira de um córrego.
Os agentes apuraram ainda que a pistola tinha sido deixada no local por um homem apelidado como Binho. Os policiais encontraram o armamento. O homem acusado de esconder a arma também foi identificado e levado para a delegacia. Ele prestou depoimento e foi liberado.
Investigações da Polícia Civil do Guarujá indicam que o tiro foi disparado por Erickson David da Silva, 28, o Deivinho, apontado como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele está preso na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau.
Após a morte de Patrick, o governo paulista deflagrou a Operação Escudo na Baixada Santista — ao menos 16 foram mortas. A Polícia Militar nega ter havido abuso na atuação de policiais — diferentemente do que afirmam moradores da Vila Zilda, que relataram ameaças e torturas.
Atirador está isolado da P1-de Venceslau
Deivinho está isolado na ala da inclusão. O presídio é uma unidade de castigo, destinada aos presos que cometeram faltas graves no sistema prisional e também para aqueles que correm risco de serem mortos pela população carcerária.
O atirador não é o único integrante do PCC do Guarujá recolhido na P-1 de Venceslau. O médico Alexandre Pedroso Ribeiro, 55, acusado de facilitar um assassinato a mando da facção criminosa no hospital onde trabalhava, na Baixada Santista, está recolhido na enfermaria do presídio.
Além de Deivinho são acusados de participar da morte do soldado da Rota o irmão dele, Kauã Jason da Silva, 19, e o comparsa Marco Antônio de Assis Silva, 25, o Mazzaropi. Os três foram ouvidos em inquérito policial e negaram envolvimento no crime.
A Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), como informou ontem o UOL. Deivinho, Kauã e Mazarropi agora são réus no processo que apura o assassinato do PM Reis.
O advogado Wilton da Silva Félix dos Santos, defensor de Deivinho e Kauã, afirmou que os clientes não integram facção criminosa, não participaram do crime e que vai provar a inocência de ambos no curso processual.
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Quero receberA reportagem não conseguiu contato com o advogado de Marco Antônio de Assis Silva, mas publicará a versão do defensor dele se houver manifestação.
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