Braço direito de Marcola é levado para mesmo presídio do líder do PCC no DF
O rodízio de presos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) pelas penitenciárias federais não para. A transferência mais recente envolveu Gilberto Aparecido dos Santos, 53, o Fuminho, braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, 55, o Marcola, considerado o número 1 da facção.
Fuminho estava na Penitenciária Federal de Mossoró (RN) havia cerca de seis meses e foi removido na semana passada para o presídio de Brasília. Ele volta a se juntar a Marcola e a outros líderes da organização criminosa encarcerados na mesma unidade prisional.
Fontes do SPF (Sistema Penitenciário Federal) afirmam que as transferências são estratégicas e visam evitar que os detentos se articulem com outros prisioneiros e venham a planejar possíveis ações de resgate, atentados e assassinatos de agentes públicos.
No mês passado o governo federal já havia transferido Cláudio Barbará da Silva, 62, o Barbará, e Reginaldo do Nascimento, 52, o Jatobá, também da Penitenciária de Mossoró para Brasília, como antecipou esta coluna na edição de 23 de novembro.
Ércio Quaresma, advogado de Gilberto Aparecido dos Santos, diz que não há fundamentos para manter seu cliente em presídio federal. O defensor do preso diz que vem travando batalhas judiciais para conseguir o retorno do cliente ao estado de origem, no caso o sistema prisional de São Paulo.
Condenado em outubro de 2022 a 26 anos de prisão por tráfico de drogas, formação de quadrilha, posse e comercialização de armas, Fuminho já passou também pela Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
O preso responde a processo no Ceará pela acusação de envolvimento nos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, 41, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, 37, o Paca. Ambos foram mortos a tiros em fevereiro de 2018, acusados de desviar dinheiro da facção.
Fuminho ficou 21 anos foragido. Considerado um dos maiores narcotraficantes do Brasil, ele foi capturado em abril de 2020 em Maputo, capital de Moçambique, na África. O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), o aponta como homem de confiança de Marcola.
No final de 2018, quando ainda era procurado, Fuminho foi acusado pelo MP-SP de coordenar um plano para resgatar Marcola e outros chefes do PCC recolhidos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na região oeste de São Paulo.
Primeiro escalão
Segundo promotores de Justiça, a ação de resgate previa o uso de avião, helicóptero, mercenários treinados, explosivos para destruir muralhas do presídio, veículos blindados e armamento pesado, inclusive metralhadora ponto 50, capaz de derrubar aeronave.
As autoridades chegaram até a fechar o aeroporto de Presidente Venceslau. O governo de São Paulo reforçou o policiamento na cidade com homens da tropa de elite da Polícia Militar. No ano seguinte, os líderes do PCC, incluindo Marcola, foram transferidos para presídios federais.
Advogados dos presos afirmaram em petições que o plano de resgate não passa de ficção e que até hoje nada foi provado. Os defensores alegam que nenhum mercenário foi identificado ou detido e também que não foram apreendidos armamento, avião, helicóptero nem veículos blindados.
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Quero receberAssim como Marcola e Fuminho, a Penitenciária Federal de Brasília abriga a cúpula do PCC, como Roberto Soriano, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, além de Barbará e Wanderson Nilton Paula Lima, 44, o Andinho.
Marcola é investigado na operação Anjos da Guarda, deflagrada em agosto do ano passado pela Polícia Federal. De acordo com a PF, ele, Barbará e outros presos são acusados de planejar o sequestro de servidores públicos federais para usá-los como moeda de troca e serem libertados.
Em depoimentos à Justiça, Marcola sempre negou integrar o PCC e declarou que jamais se envolveu em planos de fuga e atentados. Há rumores de que ele será transferido em breve para outra unidade federal.
Bruno Ferullo, advogado de Marcola, diz que o cliente é inocente de todas as acusações e que vai esperar a decisão das autoridades para se manifestar e apresentar os argumentos para que o cliente seja mandado de volta para uma prisão no estado de São Paulo.
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