Josmar Jozino

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Reportagem

Justiça mantém prisão de cabos do Exército acusados de furtar armas em SP

O ministro Péricles Aurélio Lima de Queiroz, do STM (Superior Tribunal Militar), indeferiu na última quinta-feira (7) o habeas corpus com pedido de soltura imediata dos cabos Vagner da Silva Tandu e Felipe Ferreira Barbosa, do Arsenal de Guerra de Barueri, na Grande São Paulo.

Os dois militares tiveram a prisão preventiva decretada no último dia 22, sob a acusação de envolvimento no furto de 21 metralhadoras do Exército. As armas sumiram no feriado de 7 de setembro do ano passado, Dia da Independência, mas o crime só foi descoberto em 10 de outubro.

Ambos foram acusados de pegar as armas do depósito do arsenal e de colocá-las em uma picape do Exército. Tandu transportou o material bélico, e Barbosa ficou no local, onde inseriu novos cadeados e lacre na área invadida. O armamento foi oferecido a integrantes de facções criminosas.

Cabo do Exército Vagner da Silva Tandu,
Cabo do Exército Vagner da Silva Tandu, Imagem: Reprodução

Ao anunciar a decisão de manter os acusados presos, o ministro observou que somente cobiçam o armamento furtado do Exército as organizações criminosas voltadas ao tráfico de drogas, roubos a bancos e outros crimes hediondos, o que reforça a gravidade concreta do delito imputado aos cabos.

No entendimento do ministro "a apuração feita até o momento aparenta ter encontrado indicativo de envolvimento dos cabos em outras condutas possivelmente delituosas, as quais embora não necessariamente grave como as ora investigadas, agregam à percepção de uma periculosidade concreta".

As investigações feitas pela Polícia Militar Judiciária apontaram que os cabos "são contumazes na prática de delitos que visam o lucro fácil" e que "têm elo com organizações criminosas hierarquicamente estruturadas, destinatárias do armamento furtado do arsenal de guerra de São Paulo".

Defesa não se manifestou

A reportagem procurou, no final da tarde de ontem, a advogada Patrícia Aparecida Teixeira de Araújo Carvalho, defensora de Vagner da Silva Tandu e Felipe Ferreira Barbosa, mas ela não se manifestou.

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Tandu era motorista do tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa, ex-diretor do arsenal. Não foram comprovadas as participações diretas do oficial e de um tenente no furto. Os quatro militares foram denunciados à Justiça Militar e são réus. Outros quatro civis são investigados. Só os cabos estão presos.

Das 21 metralhadoras furtadas, 13 eram de calibre .50, capazes de derrubar aeronaves e perfurar blindados, e outras oito de calibre 7,62. Oito armas foram encontradas no bairro Gardênia, zona oeste do Rio de Janeiro, e foram deixadas em um veículo por integrantes do CV (Comando Vermelho), e outras duas na Praia da Reserva, também no Rio.

Em São Roque, no interior paulista, foram recuperadas mais nove metralhadoras. O secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que o armamento iria para criminosos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Nas três apreensões — em São Paulo e no Rio de Janeiro — ninguém foi preso e os detalhes de como os policiais dos dois estados chegaram ao armamento não foram revelados. Até agora, as duas metralhadoras restantes ainda não foram recuperadas.

Em 31 de outubro do ano passado, homens do Exército e da Polícia Militar realizaram diligências na Vila Galvão, em Guarulhos (SP), à procura das duas metralhadoras. Nada foi encontrado. A região é dominada por um traficante de drogas ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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