Homem forte do PCC, 'Meia Folha' é morto a tiros no Guarujá (SP)
Cristiano Lopes Costa, 41, o Meia Folha, um dos homens mais fortes do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi morto a tiros na noite desta terça-feira (12), no Guarujá, na Baixada Santista. A polícia não descarta as hipóteses de a vítima ter sido morta por causa do racha histórico na facção criminosa ou por envolvimento com políticos na região.
Meia Folha foi baleado em frente a uma lanchonete, no cruzamento das ruas São Paulo e São Jorge, no bairro Itapema. Fontes policiais disseram que dois homens encapuzados conduzindo uma moto passaram e abriram fogo. Ele foi levado para o hospital Vicente de Carvalho, mas não resistiu.
Segundo a Polícia Civil, Meia Folha comandava o tráfico de drogas e até mesmo setores da saúde pública da Baixada Santista e era ligado ao narcotraficante André Oliveira Macedo, o André Du Rap, foragido da Justiça desde outubro de 2020.
A vítima também foi comparsa de Albiazer Maciel de Lima, 44, o Mela Eixo, rei do roubo de carga, morto em 14 de junho de 2021, na penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Mela Eixo, por sua vez, era amigo de Marcos Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, tido como líder máximo do PCC.
Poucas horas depois do assassinato de Meia Folha, ônibus passaram a ser incendiados em Santos. A polícia ainda não sabia se os atos de vandalismo tinham relação com a execução dele.
Essa é a segunda morte de um integrante do PCC supostamente atribuída ao racha na facção criminosa. Donizete Apolinário da Silva, 55, o Prata, apontado como chefe da célula "FM", responsável pelo tráfico de drogas do PCC, foi assassinado em 25 de fevereiro, em Mauá, na Grande São Paulo.
A mulher dele, de 29 anos, grávida, e a enteada, de 10 anos, ficaram feridas. Os disparos foram feitos por ocupantes de um Peugeot, modelo SW 207, de cor preta. Os atiradores fugiram. Câmeras de segurança da região registraram o momento do ataque.
Prata e a família tinha saído de uma comemoração de chá de bebê, na Vila Falchi, e andavam em direção a um veículo Honda, modelo HRV, estacionado na rua. Os atiradores chegaram no Peugeot, pararam o carro e efetuaram os disparos.
Para o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), o assassinato de Prata marcou o início da guerra no PCC, envolvendo Marcola e seus novos rivais da cúpula do grupo.
Inimigos declarados
De acordo com o MP-SP, os inimigos de Marcola são os presos Roberto Soriano, 50, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, 49, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, 45. A morte de Prata já é tratada como um reflexo do conflito nas ruas de São Paulo.
O racha veio a público no dia 15 de fevereiro, quando um salve (recado) circulou em grupos de WhatsApp de integrantes do PCC, comunicando a exclusão, da organização criminosa, e o "decreto" (morte) de Tiriça, Vida Loka, e Andinho.
O comunicado diz que o motivo da exclusão é traição. Marcola teria sido acusado pelo trio de ter chamado Tiriça de psicopata. A fala de Marcola foi gravada em agosto de 2023, por meio de áudio de uma conversa dele com um policial penal, durante o banho de sol de um presídio federal.
O áudio foi usado no júri que, em 25 de agosto, condenou Tiriça a mais 31 anos de prisão pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A vítima trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi assassinada a tiros na vizinha cidade de Cascavel, em maio de 2017.
O comunicado explica que a gravação foi analisada pela "sintonia final" (cúpula) do PCC, que concluiu não ter havido delação da parte de Marcola, mas sim "um papo reto de criminoso com a polícia". Diz ainda que policiais penais gravaram a conversa para jogar os líderes do PCC uns contra os outros.
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