Josmar Jozino

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Reportagem

Empresário assassinado no aeroporto trazia R$ 1 milhão em joias na bagagem

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, assassinado na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, tinha R$ 1 milhão em joias na bagagem que trazia de Maceió. Eram pedras preciosas, colares, correntes, anéis, brincos, pulseiras e até um relógio Rolex. A Polícia Civil apreendeu o material.

Fontes ligadas ao empresário disseram à coluna que ele havia viajado a Alagoas, acompanhado da namorada, Maria Lúcia Helena Antunes, para cobrar uma dívida. O pagamento foi feito em joias.

Após Vinícius ter sido atingido por 10 tiros de fuzis disparados por dois homens, Maria pegou a mala com as joias e demais pertences do empresário e saiu às pressas do aeroporto em companhia de um PM que integrava a escolta da vítima.

O casal de namorados estava feliz na viagem. Vinícius e Maria retornaram para São Paulo em um voo da Latam. A reportagem apurou que ela ocupava o assento 4F (janela), e ele, o de número 4E, no meio, ao lado dela.

Na madrugada de sábado (9), Maria foi ouvida no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde entregou as joias. Eram uma corrente prateada, 11 anéis prateados, alguns com pedras rosadas, outras esverdeadas, em formas de coração e de pingo.

Havia ainda seis pulseiras esverdeadas e douradas, dois colares prateados em forma de pingo e com pingentes, nove pares de brincos com pedras verdes, azuis e prateadas. Foram apreendidos argolas douradas e certificados Bulgari, Cristovam Joalheria, Vivara e Cartier. Os itens apreendidos foram devidamente relacionados, um por um, por policiais do DHPP.

Áudio entregue ao Gaeco

Vinícius sofreu várias ameaças de morte por ter sido acusado de ser o mandante da morte de um narcotraficante ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e também por ter delatado ao MP-SP (Ministério Público do estado de São Paulo) policiais civis envolvidos em casos de corrupção.

O empresário entregou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, um áudio de uma conversa entre dois interlocutores negociando a morte dele por R$ 3 milhões, conforme divulgou esta coluna em primeira mão, neste domingo (10).

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O áudio foi gravado pelo próprio Vinícius, no escritório dele, e entregue a promotores do Gaeco logo após a Justiça ter homologado, em 24 de abril deste ano, o acordo de delação premiada firmado entre o empresário e o MP-SP.

Vinícius estava no escritório com um policial civil, até então amigo dele. O agente recebeu um telefonema de uma pessoa ligada a integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) acionistas da empresa de ônibus UPBUs, alvo da operação Fim da Linha, deflagrada pelo MP-SP em abril de 2024.

A ligação foi feita para o telefone celular, e o policial deixou a conversa rolar no viva-voz, para que o empresário escutasse. Vinícius gravou o diálogo sem o conhecimento dos dois interlocutores. Ambos começam a falar sobre valores.

O autor da ligação pergunta se "três está bom". Segundo pessoas ligadas ao empresário, no entendimento do próprio Vinícius o número se referia ao pagamento de R$ 3 milhões pela morte dele. O diálogo continua ainda no viva-voz.

Na sequência, o autor do telefonema pergunta ao policial se está fácil de resolver (matar) ou se está complicado e se o passarinho (Vinícius) estava voando (saindo de casa). O policial responde que sim, mas com um seguranças. A conversa é encerrada instantes depois.

O policial então diz a Vinícius, "você escutou, você é irmão". E pergunta ao empresário: "Por que esse cara está fazendo isso aí? E depois acrescenta: Nós vamos pegar esse cara e dar umas pauladas nele." E orienta o empresário a fazer a linha de defesa dele de maneira certa.

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Essa última fala do policial se referia à defesa de Vinícius no processo que ele respondia pelos assassinatos do narcotraficante e Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, criminoso influente no PCC, e o motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

As vítimas foram mortas a tiros às 12h10 de 27 de dezembro de 2021 em frente ao número 110 da rua Armindo Guaraná, no Tatuapé, zona leste paulistana. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro. A cabeça dele foi decepada.

O policial que teve a conversa gravada por Vinícius acabou preso por policiais federais em uma outra investigação. Já as ameaças contra o empresário se intensificaram logo após ele ter feito a delação premiada.

Reportagem

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