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Caso das joias: Responsabilidade envolve outros assessores de Bolsonaro
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A lista completa de responsáveis pelo escândalo das joias pode aumentar nos próximos dias. Em meio à preocupação com a escalada do caso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados começaram a avaliar que mais pessoas envolvidas deveriam dar explicações por sua responsabilidade no episódio.
Ex-assessores de Bolsonaro passaram a cobrar a omissão de Célio Faria Junior, que era chefe de gabinete de Bolsonaro quando os diamantes chegaram ao Brasil, em outubro de 2021, vindos da Arábia Saudita.
Ele teria se omitido ao longo do tempo em que ocupou cargos de assessoramento direto do presidente. A ausência de Faria junto a Bolsonaro nos últimos dias causou irritação no núcleo próximo ao ver que o tenente-coronel Mauro Barbosa Cid foi o único "fritado" com o episódio.
Cid, como ajudante de ordens, estava abaixo de Faria na hierarquia. Segundo relatos da coluna, Cid também foi responsável por organizar outros presentes recebidos por Bolsonaro como um fuzil, uma pistola e algumas joias com nióbio trazidas do Japão.
Faria Júnior é economista e servidor público civil vindo da Marinha. Ele participou da transição no fim de 2018 e chegou ao Palácio do Planalto em 2019. O primeiro cargo dele foi como chefe dos assessores especiais de Bolsonaro.
No fim de 2020, foi promovido a chefe do gabinete pessoal do presidente. Depois, em março, chegou a ser ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Faria também é muito próximo ao ex-ministro Bento Albuquerque, outro pivô do caso. Ele teria apresentado e sugerido o nome do ministro a Bolsonaro. O ex-ministro foi quem trouxe as joias da Arábia Saudita que depois foram apreendidas e avaliadas em R$ 16 milhões e que seriam um presente para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
No mesmo período, Faria e sua mulher, a economista Vanessa Lima, tiveram um salto patrimonial e financeiro. Além dos cargos na Presidência, o casal também conseguiu obter três postos como conselheiros em empresas públicas. A renda mensal dos dois juntos passou a R$ 76 mil brutos.
Procurado pelo coluna, Faria disse que não participou de uma tratativa do tema e que o problema não chegou a ele na época do governo.
"As questões burocráticas e protocolares eram tratadas diretamente pelos setores responsáveis. Nesse caso existe um gabinete adjunto de Documentação Histórica que era o responsável por tratar esses temas pelo gabinete pessoal. Pelo que verifiquei após tomar conhecimento do tema, e agora somente, as tratativas se deram de maneira oficial, por escrito, em documentos oficiais trocados entre o MME e o gabinete adjunto de Documentação Histórica", afirmou Faria.
Como Bolsonaro acionou assessores
Segundo interlocutores do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid foi chamado por Bolsonaro em meados de dezembro do ano passado para uma conversa e recebeu a missão de resgatar um presente do então chefe do Executivo que estava na Receita Federal. Em seguida, Cid telefonou para Julio Cesar Vieira Gomes, ex-oficial da Marinha do Brasil, e então secretário que chefiava a Receita Federal.
Foi apenas nessa conversa, segundo os aliados de Bolsonaro, que o tenente-coronel tomou conhecimento de que se tratava de um conjunto de joias. Na versão deles, quando o ex-presidente pediu que o presente fosse retirado, não foi mencionado que se tratava de diamantes que tinham sido presenteados pelo governo da Arábia Saudita. Bolsonaro teria dito simplesmente que tinha "algo" para ele.
Ao falar com Gomes, Cid ouviu que se tratava de um conjunto de joias. No entanto, segundo assessores de Bolsonaro, não foi mencionada qualquer dificuldade para a retirada dos diamantes.
Cid teria feito ofícios à Receita Federal requisitando o material e, a partir disso, enviou alguém de sua equipe para Guarulhos em 29 de dezembro de 2022 para fazer a retirada. Foi escolhido o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva. O sargento, porém, foi barrado na tentativa.
Silva chegou a telefonar para Cid e para o ex-chefe da Receita Federal para tentar fazer com que as joias fossem entregues, o que não ocorreu.
Nesse meio tempo, uma funcionária recebeu ordens de servidores na coordenação da Ajudância de Ordens da Presidência para pedir ao Departamento de Documentação Histórica do Gabinete da Presidência da República para lançar os diamantes no sistema. As informações vieram do depoimento de uma servidora à PF, segundo o blog do jornalista Valdo Cruz, do G1.
A coluna apurou com assessores de Bolsonaro que os trâmites foram acelerados devido ao fim do mandato já que Bolsonaro viajou aos EUA no dia 30 de dezembro.
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