Gil Rugai não ficará calado em interrogatório e se dirá inocente, diz defesa; júri entra no 4º dia
O penúltimo dia de julgamento do estudante Gil Rugai, 29, será fechado nesta quinta-feira (21) com o interrogatório do réu. Segundo a defesa, ele não só não se manterá calado --possibilidade que a lei autoriza-- como manterá a versão dada desde o início das investigações: a de que é inocente.
Rugai é julgado sob acusação de ter matado o pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, em 28 de março de 2004. O crime aconteceu na residência do casal no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo.
Resumo do julgamento
- Irmão de Gil Rugai é 1º testemunha dispensada pelo juiz sem perguntas da promotoria
- Perito dos casos Matsunaga e Richtofen é 11ª testemunha a ser ouvida no júri de Gil Rugai
- Repórter da Globo diz que fonte o informou sobre ação criminosa de policiais contra testemunha do caso Gil Rugai
- Defesa usa antropóloga da USP para dizer que Gil Rugai não é "estranho ou esquisito"
- Contador diz não ter como provar que Gil Rugai desviou dinheiro da empresa do pai
- Perito criminal é 1º testemunha de defesa a ser ouvida no caso Gil Rugai e encerra 2º dia de júri
- Depoimento de quase 6h de delegado do caso Gil Rugai explora fragilidade em perícias
- Defesa de Gil Rugai tenta desqualificar testemunha, e advogado chama assistente de acusação de "nojento"
- Contradições e provas técnicas marcam primeiro dia de julgamento de Gil Rugai em SP
- Marca na porta de empresário assassinado era de pé de Gil Rugai, diz outro perito em júri
- Legista não confirma relação entre lesão de Gil Rugai e marcas de pé na cena do crime
- Primeiro depoimento do caso Gil Rugai é marcado por bate-boca e contradições
Antes do réu, entretanto, deverão ser ouvidas as três últimas testemunhas do caso --as três, arroladas pelo juiz Adílson Simoni, a pedido de defesa e acusação. A partir das 9h, depõem o ex-sócio de Rugai, Rudi Otto, um vigia da rua próxima à residência das vítimas e um motorista que teria ouvido de outra testemunha a confissão de que ela teria visto Rugai na cena do crime --no caso, o primeiro vigia e primeira testemunha a ser ouvida no júri, na última segunda-feira (18).
A previsão informal de funcionários do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) é que o depoimento de Gil Rugai seja tão longo ou até maior que o do delegado do caso, Rodolfo Chiareli, ouvido nesta terça-feira (19) como testemunha da acusação por cerca de seis horas. Foi o depoimento mais longo de todo o júri, até aqui.
Segundo um dos advogados da defesa, Thiago Anastácio, o réu "responderá todas as perguntas, inclusive as da acusação".
"Ele responderá, tenho absoluta certeza, a não ser que haja algo [colocado] como uma falta de respeito. Se ele for desrespeitado, se cala", enfatizou. "Gil é a única pessoa até aqui que sempre deu a mesma versão", declarou.
Se o tempo do interrogatório, perante os jurados, poderá ser maior que o depoimento do delegado? "Creio que os jurados queiram entender o que se passou com Gil, não só sobre questão de provas, [do álibi] de ter ido ao shopping Frei Caneca, dos horários, para onde foi, por onde passou, mas também entender quem é aquele que entrou aqui monstro e já não é mais monstro", concluiu Anastácio.
Para o especialista em direito criminal Luiz Flávio Gomes, que acompanha o júri desde o início, a expectativa para o interrogatório não deve ser de surpresa aos elementos já colhidos no processo.
"Ele vai negar absolutamente tudo [de que é acusado], mas acredito que a etapa realmente decisiva desse julgamento será o debate oral entre acusação e defesa, na sexta (22)", opinou Gomes.
Irmão do réu é poupado pela promotoria
Os últimos depoimentos da defesa foram colhidos nesta quarta-feira (20). A surpresa ficou para o final, quando o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo, abriu mão de inquirir o irmão do réu, Léo Rugai, após ele falar ao juiz e à defesa. A acusação alegou "respeito ao filho da vítima", uma vez que o empresário morto era também pai do massagista de 27 anos.
Léo disse ter certeza de que o irmão não é responsável pelo crime e que não questionou sobre o que o irmão teria feito na noite em que o pai e a madrasta foram mortos. "Foi mais uma coisa de olhar no olho e questionar. Eu o conheço e acredito nele", resumiu.
Entenda o caso
Gil Rugai é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência.
Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.
Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.
O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.
Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.
O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.
O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos. Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.