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Defesa diz que não há prova contra réus do Carandiru; MP fala em condenação

Gabriela Fujita, Gil Alessi e Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

17/02/2014 20h06

O advogado Celso Machado Vendramini, defensor dos 15 policiais militares julgados na terceira etapa do processo do Massacre do Carandiru, diz que não há provas contra os réus. Eles pertenciam ao COE (Comando de Operações Especiais), atuaram no quarto pavimento (terceiro andar) do Pavilhão 9 da Casa de Detenção e são acusados de oito mortes, sendo quatro por armas de fogo e quatro por armas brancas, além de duas tentativas de homicídio.

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“Não se pode acusar sem prova técnica. Faltou realizar o exame de balística. Como saber quem matou quem? Isso é fazer loteria”, afirmou o advogado.

Segundo o perito Osvaldo Negrini Neto, testemunha de acusação que depôs hoje, só um vestígio de disparo foi encontrado nas paredes do terceiro andar. Ele afirmou, entretanto, que a PM dificultou o acesso ao Pavilhão 9 e alterou as cenas dos crimes, o que dificultou a realização da perícia.

Os promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto, responsáveis pela acusação, acreditam que os réus terão o mesmo destino dos PMs já julgados, ou seja, serão condenados.

“O processo é um só. É um prosseguimento. Tenho convicção de que os jurados irão condenar os PMs e pelos abusos e excessos cometidos”, disse Canto Neto. Carvalho prometeu apresentar “provas claras” contra os réus no decorrer da semana.

No final da sessão desta segunda-feira, a primeira desta terceira etapa, houve uma discussão entre o advogado de defesa e os promotores. Ao questionar o ex-diretor de Segurança e Disciplina do Carandiru Moacir dos Santos, Vendramini afirmou, em tom irônico, que a testemunha de acusação tinha prestígio com os presos. Carvalho reagiu ao comentário do advogado, e iniciou-se um bate-boca.

O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo tentou tomar a palavra, mas sua voz foi abafada. Irritado, afirmou em seguida que o julgamento fica ameaçado se não houver respeito entre as partes. “Quando falo não quero ser interrompido”, completou.

O julgamento será retomado nesta terça, com dois depoimentos de defesa: o de um agente penitenciário e o do ex-secretário da Segurança Pública Pedro Campos. Depois disso, os 15 réus começarão a ser ouvidos. Sete pessoas sorteadas na manhã de hoje compõem o Conselho de Sentença, que definirá o destino dos réus.