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Para presidente da Câmara, assassinato de Marielle pode ter impacto nas eleições

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

15/03/2018 13h48

Pré-candidato à Presidência da República, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (15) que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) pode ter impacto nas eleições. Questionado sobre a repercussão da morte no pleito de outubro, o parlamentar disse que o caso "pode radicalizar mais o tema da segurança pública".

Marielle foi morta a tiros na noite desta quarta (14) na região central do Rio de Janeiro. O motorista que dirigia o carro em que ela estava, Anderson Gomes, também foi assassinado. A principal linha de investigação da Divisão de Homicídios do Rio aponta para "execução", segundo fontes ouvidas pelo UOL.

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Maia falou com jornalistas sobre a morte da vereadora após uma sessão solene da Câmara em homenagem às vítimas.

Ele ponderou que ainda "está muito em cima [do assassinato]" para comentar, e disse esperar equilíbrio no debate.

"Espero que não [tenha impacto nas eleições]. Espero que a gente caminhe para um equilíbrio para que a discussão das soluções de curto prazo, com as condições para que a polícia possa ter os seus instrumentos para fazer policiamento ostensivo, e, por outro lado, as políticas de médio e longo prazo, para que a gente dê de fato condições para que os nossos jovens [...] tenham uma oportunidade na vida que não seja ser capturado pelas facções criminosas no Brasil", declarou o presidente da Câmara.

O deputado também foi questionado sobre o impacto que o caso pode ter na intervenção decretada no mês passado pelo governo federal na área de segurança pública do Rio de Janeiro. "Eu sempre disse que a intervenção precisava do diagnóstico, do planejamento e da execução", comentou.

"Como o próprio interventor [o general Walter Braga Netto] disse que foi pego de surpresa, ele certamente ainda está terminando o planejamento, mas é importante que o planejamento seja transparente, claro, e que o governo federal entenda que há um sucateamento da estrutura da polícia do Rio de Janeiro, e que vai precisar de orçamento", acrescentou Maia.

Ele disse ainda estar "confiante" porque o próprio governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), admitiu que tinha perdido as condições, então "não havia outro caminho". "O planejamento e recursos serão decisivos para que a gente possa voltar a ter paz no Rio de Janeiro", concluiu.

Indagado sobre o debate da questão do armamento na Câmara, que opões as chamadas bancadas da bala e dos direitos humanos, ele disse ver "muito radicalismo dos dois lados" e pediu "um pouco mais de paciência".

Ele opinou que deveria haver "até um pouco mais de restrição no direito à posse", mas frisou que o debate "gera muitas emoções, muito radicalismo. "Vamos com calma."

Comissão externa

Maia atendeu a pedido do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e determinou a criação de uma comissão externa da Casa investigar o assassinato. "[O crime] não vai ficar impune e nem a memória dela será esquecida", declarou Wyllys.

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Ao fim da sessão, às 12h20, o presidente da Câmara anunciou que o deputado teria todos os instrumentos necessários à sua disposição. Em seguida, disse achar importante que a Câmara participe, "já que foi uma assasinato brutal de uma parlamentar municipal".

"Até porque hoje os órgãos de segurança [do Rio] estão sob responsabilidade federal, então cabe uma comissão externa para tratar desse assunto", justificou.

Críticas

Responsável por pautar a sessão solene após a convocação de ato para a Câmara, Rodrigo Maia ouviu diversos gritos o chamando de "golpista" depois de ser elogiado pela deputada Janete Capiberibe (PSB-AP).

Maia conduziu a sessão da Mesa Diretora e não discursou durante o ato. Mais cedo, ele divulgou mensagem na qual disse que as mortes significam "um trágico avanço na escalada da barbárie que deve ser contida custe o que custar".

Depois de gritarem repetidamente "fora, Temer", contra o presidente Michel Temer (MDB), alguns dos presentes no ato também entoaram "fora, Maia".

Após a sessão, o presidente da Câmara disse entender que o direito à manifestação está colocado. "A Câmara é a Casa do povo, para a gente ouvir ouvir críticas, para a gente ouvir elogios, com muito equilíbrio", declarou.