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Tragédia em Brumadinho

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MPF quer anular acordo de R$ 250 milhões firmado entre Vale e Ibama

Além dos 259 mortos pelo desastre em Brumadinho, outras 11 pessoas seguem desaparecidas - Douglas Magno / AFP
Além dos 259 mortos pelo desastre em Brumadinho, outras 11 pessoas seguem desaparecidas Imagem: Douglas Magno / AFP

Do UOL, em São Paulo

29/09/2020 15h13

O MPF (Ministério Público Federal) pediu ao TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) que anule a homologação do acordo entre a empresa Vale, a União, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

O acordo foi firmado em R$ 250 milhões e diz respeito às multas devidas pela Vale por conta dos danos ambientais causados pelo crime de Brumadinho (MG). O MPF alega não ter sido intimado para se manifestar sobre o acordo.

Além disso, o MPF destaca que a decisão foi tomada por um juiz federal substituto da 12ª Vara Federal Cível e Agrária de Belo Horizonte, que nada tem a ver com o desastre de Brumadinho.

O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão deixou 259 mortos e 11 pessoas ainda estão desaparecidas. Os danos ambientais poluição hídrica, danos à saúde humana, perecimento de espécimes da biodiversidade, entre outros.

Para tomar a decisão, o juiz se baseou no rompimento da barragem Mariana, que aconteceu em 2015..

Contudo, o MPF ressalta que as multas aplicadas pelo Ibama "referem-se tão somente ao desastre de Brumadinho, que ocorreu três anos depois, em outro local geográfico e de responsabilidade exclusiva da Vale, não da Samarco ou da BHP, empresas também responsáveis pelo desastre de Mariana".

O MPF diz não ser contrário acordo, mas cobra que os procuradores que acompanham o caso estejam presentes.

As críticas dizem respeito a um ponto do acordo que pode transferir para a Vale a gestão de Parques Nacionais como o Parque Nacional da Serra do Gandarela, por exemplo.

"Está-se abrindo a possibilidade de se delegar à Vale, reincidente na causação de desastres socioeconômicos e socioambientais de enormes proporções, a gestão de uma unidade de conservação que resultou de intensa mobilização da população e de movimentos sociais justamente para frear os interesses da Vale sobre a área e suas riquezas, em especial os imensos depósitos de minerais de ferro ali existentes", afirmou o MPF em nota.

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