Ex-presidente do Egito Hosni Mubarak deixará cadeia esta semana, diz advogado

Do UOL, em São Paulo

Crise no Egito
Crise no Egito

O ex-presidente do Egito Hosni Mubarak, que renunciou ao cargo em 2011, deixará a prisão nos próximos dias, segundo seus advogados. A notícia vem no momento em que o Egito vive uma crise com centenas de mortos em protestos contra o golpe de Estado de 3 de julho, que depôs o presidente eleito Mohamed Mursi e colocou os militares no poder.

"O que ainda falta é um procedimento administrativo que não deve levar mais de 48 horas. Ele deve ser solto até o fim da semana", afirmou Fareed el-Deeb ao jornal britânico "The Guardian". Segundo o responsável pela defesa de Mubarak, as autoridades mandaram soltá-lo após absolvê-lo de uma acusação de corrupção.

A agência de notícias "Reuters" ouviu uma fonte judicial que não confirma se o ex-presidente será solto nesta semana, mas diz que as autoridades devem decidir em duas semanas sobre seu caso.

Segundo a "Reuters", o ex-presidente e seus filhos eram acusados de desviar recursos de um fundo estatal por meio de projetos falsos de uma obra no palácio presidencial egípcio. 
 
Mubarak, 85, foi preso em março de 2011 e, em junho de 2012, condenado à prisão perpétua. A defesa recorreu e o recurso ainda não foi julgado. Segundo as autoridades, porém, o ex-presidente não pode continuar detido por mais de dois anos no aguardo da sentença.
 

Soltura e turbulência

Caso deixe a prisão nesta semana, Mubarak encontrará o Egito imerso em uma onda de violência comparável ao clima no país quando dos protestos que pediam sua renúncia, em 11 de fevereiro de 2011. 

Desde a quarta-feira (14), pelo menos 888 pessoas foram mortas durante confrontos das Forças Armadas egípcias com manifestantes que pedem a volta do presidente Mohamed Mursi, tirado do poder em 3 de julho. 

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O Exército e a Irmandade Muçulmana, grupo político de Mursi, acusam um ao outro pelas mortes. Desde a última semana, a junta militar que governa o país impôs um toque de recolher nacional, que deve vigorar durante um mês.

Os confrontos, no entanto, continuam. No mais recente, pelo menos 25 policiais egípcios morreram e dois ficaram feridos em um ataque com foguetes contra dois micro-ônibus no Sinai, nesta segunda-feira (19).

Após o ataque, o governo egípcio fechou a passagem de Rafah com a Faixa de Gaza. O ministério do Interior atribuiu a ação a "terroristas". Na quinta-feira passada (15), o Egito fechou a fronteira indefinidamente para evitar o trânsito de palestinos, mas reabriu parcialmente no sábado para permitir a passagem de veículos com medicamentos para Gaza.

O ataque contra as forças de segurança é o mais violento na região em décadas.

A matança do Exército foi alvo de críticas da comunidade internacional e levou a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que pediu o fim da violência no país. Os EUA cancelaram um exercício militar conjunto entre os dois países, que aconteceria em setembro. A Alemanha cancelou parte de um pacote milionário que enviaria ao Egito, e a União Europeia diz que pretende rever relações com o Cairo.

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