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Ataque de Israel a escola da ONU é "inaceitável e indefensável", dizem EUA

Do UOL, em São Paulo

31/07/2014 14h55Atualizada em 31/07/2014 15h55

O bombardeio a uma escola da ONU usada por refugiados na faixa de Gaza nesta semana pelo Exército israelense é "totalmente inaceitável e totalmente indefensável", disse um porta-voz da Casa Branca nesta quinta-feira (31).

"O bombardeio a uma instalação da ONU que está abrigando civis inocentes que estão fugindo da violência é totalmente inaceitável e totalmente indefensável", afirmou o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest a jornalistas.

"Esses relatos de que centenas de civis palestinos inocentes foram mortos são trágicos."

Mapa Israel, Cisjordânia e Gaza - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa mostra localização de Israel, Cisjordânia e Gaza
Imagem: Arte/UOL

Até agora, os EUA tinham evitado atribuir culpa ao ataque. Israel havia dito que havia respondido a disparos de militantes do grupo islâmico radical Hamas na área da escola, localizada em um campo de refugiados em Gaza. A ONU, porém, havia apontado evidências de que o ataque partira de Israel.

Segundo a UNRWA, que administrava a escola, 3.300 pessoas estavam abrigadas na escola, que foi bombardeada enquanto elas dormiam. O ataque deixou 19 mortos e 200 feridos.

A Casa Branca afirmou ainda que Israel precisa agir para impedir a morte de civis.

"É claro que precisamos que nossos aliados em Israel façam mais para atingir o alto padrão que eles mesmos se impuseram", afirmou. 

Na manhã desta quinta, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou os Estados Unidos por proporcionar armamento ao Exército israelense e não fazer o suficiente para deter a ofensiva contra a faixa de Gaza.

"Os Estados Unidos têm influência sobre Israel e deveriam fazer mais para parar as mortes, para que as partes em conflito dialoguem", disse Pillay em entrevista coletiva, na qual falou da ajuda financeira e a entrega de armas dos EUA a Israel.

O porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, confirmou na quarta-feira as informações sobre o envio a Israel de mais material de guerra dos EUA a pedido das Forças de Defesa israelenses.

A venda de munição é estabelecida para casos de emergência no chamado Inventário de Reservas de Munição de Guerra de Israel, que permite aos israelenses dispor de armamento de maneira urgente.

Pillay informou sobre esta entrega de munição e sobre a ajuda que os EUA prestam a Israel para manter em funcionamento o sistema antifoguetes israelense "Cúpula de Ferro", que protege o território israelense dos foguetes lançados a partir da faixa de Gaza.

"Os Estados Unidos não só fornecem a Israel artilharia pesada usada em Gaza, mas gastou quase US$ 1 bilhão para proteger o país contra os foguetes palestinos. Uma proteção que os civis de Gaza não têm", denunciou Pillay.

A chefe para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, afirmou em videoconferência com o Conselho de Segurança que mais de 80% dos mortos na ofensiva em Gaza são civis e que o mundo está assistindo "horrorizado ao desespero de crianças e civis sob ataque".

Em 24 dias de ofensiva, os mortos já são contabilizados em 1.400, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, entre eles pelo menos 251 crianças, e os feridos são mais de 7.000. Do lado israelense, são 59 mortos, dos quais três são civis. (Com agências internacionais)