Países tentam negociar cessar-fogo entre Israel e Hamas; ataques crescem
Os Estados Unidos e o Egito tentam intervir no conflito entre Israel e o movimento Hamas, que já matou mais de 180 palestinos e feriu cerca de 1.200. Na tentativa de conter a escalada de violência, um cessar-fogo imediato foi proposto pelo governo egípcio, enquanto os norte-americanos apelaram para que tropas israelenses não façam uma incursão terrestre em Gaza.
O Egito apresentou nesta segunda-feira (14) uma iniciativa que estipula a cessação das hostilidades por parte de ambos os grupos a partir desta terça-feira (15) às 3h (horário de Brasília).
No entanto, segundo um líder do movimento palestino à AFP, nenhum acordo foi concluído. "Há esforços e negociações em torno de um acordo de trégua, mas até o momento não há nada definitivo", disse a fonte.
Uma fonte do governo de Israel afirmou que uma reunião do gabinete de segurança israelense irá avaliar a proposta egípcia.
O plano, divulgado em comunicado pelo Ministério egípcio das Relações Exteriores, chama todas as partes a "um cessar-fogo imediato", de qualquer operação aérea, terrestre e marítima.
Israel tem de cessar seus bombardeios e garantir que não vai efetuar incursões terrestres na faixa de Gaza ou ataques contra civis, enquanto os palestinos terão de frear o lançamento de foguetes, entre outros pontos.
O acordo estabeleceria a abertura das passagens fronteiriças para facilitar a circulação de pessoas e provisões. Conforme esta iniciativa, 48 horas depois da entrada em vigor da trégua, delegações de alto nível de Israel e das distintas facções palestinas viajariam ao Cairo.
Está prevista a visita ao Egito do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, que se reunirá com seu colega egípcio, Abdul Fatah al Sisi.
A ofensiva foi criticada pela comunidade internacional e especialmente pela Liga Árabe, cujos ministros das Relações Exteriores realizam nesta noite no Cairo uma reunião para abordar o assunto.
Em um relatório preliminar, a organização pan-árabe pediu à comunidade internacional, principalmente a ONU e Estados Unidos, que atue com rapidez para pôr fim à ofensiva e à ocupação israelense.
Ataques por terra
O governo dos EUA aconselhou Israel nesta segunda-feira a não fazer uma incursão terrestre em Gaza, como está sendo avaliado pelo executivo de Benjamin Netanyahu. O país ressaltou, porém, que respeitará a decisão que for tomada pelo seu aliado à medida que prosseguir a ofensiva.
"Ninguém precisa ver uma incursão terrestre, porque isso poria em risco mais civis ainda", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
Earnest reiterou a necessidade de o Hamas "deixar de lançar foguetes" contra Israel, mas reconheceu que o escudo antimísseis Cúpula de Ferro, financiado pelos EUA, foi "eficaz na hora de proteger muitos dos civis que estavam em perigo".
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, poderá viajar nesta terça (15) ao Cairo para abordar com responsáveis egípcios esta crise. Porém, nem a Casa Branca nem o Departamento de Estado confirmaram até agora a visita oficial.
Entenda o conflito entre israelenses e palestinos
Violência crescente
O novo conflito é o mais violento desde a operação "Pilar de Defesa", ocorrida em novembro de 2012. Na ocasião, 177 palestinos e seis israelenses foram mortos.
O novo episódio de violência começou após o sequestro e assassinato de três estudantes israelenses no início de junho na Cisjordânia ocupada, crimes que Israel atribuiu ao Hamas.
Pouco depois, um jovem palestino foi sequestrado e queimado vivo em Jerusalém por judeus de extrema-direita.
O Exército de Israel anunciou que afetou significativamente as capacidades do Hamas, o movimento islamita palestino que controla a faixa de Gaza, um território com 1,2 milhão de habitantes e com índice de pobreza de 39% da população, segundo o FMI.
Três sobrinhos do antigo primeiro-ministro do Executivo do Hamas em Gaza, Ismael Haniyeh, morreram durante um ataque aéreo contra a casa da irmã do dirigente islamita no bairro de Sheikh Radwan.
Por sua parte, um porta-voz militar israelense disse à Agência Efe que desde esta manhã as milícias lançaram 75 foguetes, dos quais 55 caíram em áreas desabitadas e pelo menos 12 foram interceptados pelo sistema Cúpula de Ferro, enquanto o resto impactou em território de Gaza.
No entanto, estes números teriam aumentado com novos disparos esta noite contra várias povoações divisórias à Faixa, que causaram ferimentos de moderados a graves em dois menores de 11 e 13 anos perto de Be'er Sheva, considerada a capital do sul de Israel.
Desde que começou a operação, Israel recebeu o impacto de mais de 800 projéteis e outros 87 foram derrubados em voo.
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