Em 21º dia de invasão da Rússia, Ucrânia diz que ONU contabiliza 726 mortes
Um boletim publicado na noite desta quarta-feira (16) pelo Ministério da Defesa da Ucrânia aponta que a ONU (Organização das Nações Unidas) estima 726 civis mortos desde o início da invasão da Rússia no território. A organização aponta que ao menos 1.900 civis foram vítimas dos ataques.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que, até o momento, 103 crianças ucranianas foram mortas no conflito. É o 21º dia de guerra entre Rússia e Ucrânia.
"O verdadeiro número de vítimas provavelmente é significativamente maior, e deve continuar crescendo enquanto o conflito durar", escreveu o Ministério da Defesa no Twitter.
Sem acordo de paz
Pelo terceiro dia consecutivo, os países não chegaram a um consenso nas negociações por um acordo de paz.
Mais cedo, em pronunciamento feito por vídeo ao Congresso dos Estados Unidos, Zelensky, comparou os ataques da Rússia aos atentados de 11 de setembro; ele negou a neutralidade exigida pelos russos em um possível plano de paz entre os dois países, conforme relatado pelo jornal Financial Times.
A publicação divulgou que o acordo é ainda um plano provisório com 15 pontos, incluindo um cessar-fogo e a retirada russa do território ucraniano. A Rússia exige, porém, que a Ucrânia declare neutralidade e estabeleça limites para suas forças armadas.
No entanto, Mykhailo Podolak, chefe de gabinete de Zelenskyy, afirmou no Twitter que o rascunho publicado pelo jornal representa apenas as demandas apresentadas pelos russos. "O lado ucraniano tem suas próprias posições", escreveu.
Prefeito de Melitopol é resgatado
O prefeito de Melitopol, Ivan Fedorov, foi resgatado hoje pelas forças ucranianas de um cativeiro em Luhansk, república separatista ao norte do país.
Segundo a agência de notícias Interfax Ucrânia, o prefeito foi liberado em troca de nove soldados russos que haviam sido capturados durante os taques.
"Ivan Fedorov foi libertado do cativeiro russo... para ele, a Rússia recebeu nove soldados capturados que nasceram em 2002 e 2003. Na verdade, são crianças", disse à agência Darya Zarivnaya, assessora de imprensa de Zelenskyy.
Teatro que servia de abrigo a civis é atacado
Em Mariupol, um teatro que vinha sendo usado como abrigo por civis foi bombardeado. O canal Ukraine Now, no Telegram, estima que havia cerca de mil pessoas no local, mas não há informações oficiais sobre mortos e feridos.
A Câmara Municipal informou que a parte central do teatro colapsou e os escombros bloquearam a entrada para o abrigo antibombas.
"Centenas de almas inocentes morreram em um instante! Este assassinato em massa ofusca as atrocidades dos nazistas alemães", escreveu o ministro de Assuntos Internos da Ucrânia, Anton Gerashchenko.
O ministério russo da Defesa negou ter bombardeado o teatro e atribuiu a explosão ao batalhão nacionalista ucraniano Azov. O grupo já havia sido responsabilizado por Moscou nos ataques a um hospital pediátrico e maternidade, também em Mariupol.
Ao sul do país e próxima da região da Crimeia, Mariupol é uma cidade portuária vista como local estratégico pelos russos. Milhares de habitantes da região procuraram refúgio na cidade de Zaporizhzhia, onde uma estação de trem e um jardim botânico foram atacados.
Na cidade de Kharkiv, serviços de emergência contabilizam ao menos 500 moradores mortos pelos ataques.
A capital Kiev está sob toque de recolher desde as 20h de ontem (15h de Brasília) e seguirá assim até 7h de amanhã (1h, em Brasília).
O serviço de emergências da Ucrânia notificou um bombardeio a um edifício residencial de 12 andares no distrito de Shevchenko, na capital. Partes dos andares mais altos desmoronou; outros, ficaram em chamas. Ao menos 37 pessoas foram evacuadas.
Corredores humanitários
O governo ucraniano disse não ter aberto corredores humanitários para a saída de civis nesta quarta-feira. A alegação é de que a Cruz Vermelha não deu retorno às propostas de rotas seguras para a população. Ontem (15), mais de 30 mil civis foram evacuados do país.
A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que a invasão russa irá colocar 90% dos ucranianos para baixo da linha da pobreza.
Biden chama Putin de criminoso de guerra
A Corte Internacional de Justiça em Haia determinou, em decisão anunciada hoje, que o Kremlin suspenda imediatamente a invasão da Ucrânia.
O Tribunal também afirmou não ter registrado sinais de que a população russa vinha sendo dizimada no leste ucraniano, conforme alegou a Rússia para justificar a invasão.
"Ele é um criminoso de guerra", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre o líder russo Vladimir Putin. A declaração foi dada a jornalistas após um evento na Casa Branca.
Mais cedo, o presidente americano assinou a liberação de mais 800 milhões de dólares (cerca de R$ 4 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia. Em outro pacote anunciado anteriormente, Biden já havia autorizado o repasse de 350 milhões de dólares (R$ 1,7 bilhão), totalizando o envio de mais de 1 bilhão de dólares (R$ 5,8 bilhões) para a Ucrânia.
"Não vimos nenhum esforço de Putin e dos militares russos para diminuir a escalada de conflitos", observou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. "É difícil ter negociações que sejam eficazes se uma das partes continuar a ampliar as ofensivas", acrescentou.
*Com Reuters, AFP e DW
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