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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Rússia vaza planos de negociação para gerar crise, diz Ucrânia

Do UOL*, em São Paulo

17/03/2022 05h05Atualizada em 17/03/2022 18h19

A quarta semana da invasão russa ao território ucraniano começou com Rússia e Ucrânia trocando críticas a respeito das negociações para o fim do conflito. A divulgação de um suposto plano de paz gerou irritações em autoridades ucranianas.

"Os russos estão fazendo tentativas informativas ativas para desestabilizar a opinião pública em nosso país. Provocar conflitos internos", disse hoje Mykhailo Podolyak, negociador ucraniano e conselheiro presidencial. A Rússia disse que tem colocado uma energia colossal nas negociações. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) disse que pode interferir no conflito. Para a França, os russos "fingem" negociar com a Ucrânia.

Hoje, a guerra entrou em seu 22º dia com novos ataques à capital da Ucrânia, Kiev, e com o governo ainda avaliando a situação na cidade portuária de Mariupol, que teve bombardeado um teatro que abrigava civis com a palavra "criança" escrita do lado de fora; detalhes sobre o ocorrido ainda não estão claros e autoridades ucranianas falam em sobreviventes. Na capital, segundo informações iniciais, ao menos uma pessoa morreu em ataque a dois prédios residenciais nesta quinta (17).

Às 9h, horário local (4h, em Brasília), foi feito um minuto de silêncio em cidades ucranianas em memória dos que "deram a vida por causa do terror desencadeado pelos ocupantes". "Memória eterna! Não vamos esquecer! Não vamos perdoar!", escreveu o serviço de emergências da Ucrânia. Hoje, o governo ucraniano conseguiu liberar corredores humanitários para evacuação. Cerca de 3,2 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Negociações

Segundo o jornal Financial Times, Ucrânia e Rússia teriam chegado a um plano com 15 pontos, que envolveriam questões como cessar-fogo, saída do exército russo e neutralidade ucraniana, entre outros. Ontem, Podolyak já havia dito que eles representavam o lado russo, "nada mais". "A única coisa que confirmamos nesta fase é um cessar-fogo, a retirada das tropas russas e garantias de segurança de vários países", disse.

Nesta quinta, Podolyak ligou a divulgação do plano a uma tentativa de desestabilizar o governo ucraniano. "Daí os constantes 'vazamentos' para a mídia estrangeira de vários planos, ideias, incluindo 'posições de negociação' russas", comentou. "Hoje, sua tarefa básica é óbvia: induzindo medo —entre a população civil—, pânico, bem como por meio de uma campanha massiva de falsa propaganda para provocar uma crise administrativa interna."

O governo russo, hoje, disse que está colocando uma energia colossal em negociações sobre um possível acordo de paz com a Ucrânia, que poderia rapidamente encerrar a "operação militar" russa naquele país.

A Rússia também disse rejeitar a decisão da CIJ (Corte Internacional de Justiça), o mais importante tribunal da ONU, que ordenou o fim, imediato, às ações na Ucrânia. "Não podemos levar esta decisão em consideração", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ressaltando que ambos os lados, Rússia e Ucrânia, precisam estar de acordo para que esta decisão seja aplicada.

Atuação da Otan

A Otan, uma aliança militar ocidental, está determinada a impedir que a guerra na Ucrânia se intensifique ainda mais, disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg. "A Otan tem a responsabilidade de evitar que este conflito se agrave ainda mais. Isso seria ainda mais perigoso e causaria mais sofrimento, mortes e destruição", disse Stoltenberg.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, porém, fez um alerta de que que enviar à Ucrânia sistemas de defesa aérea seria um fator desestabilizador. "Definitivamente não traria paz à Ucrânia", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova. "A longo prazo, elas poderiam ter consequências muito mais perigosas."

Abrigo em Mariupol

Segundo um parlamentar ucraniano, o abrigo antibomba no prédio do teatro atingido em Mariupol resistiu. "Depois de uma terrível noite de incertezas, na manhã do 22º dia da guerra, finalmente, boas notícias de Mariupol. O abrigo antibombas resistiu. Os escombros começaram a ser desmontados, as pessoas estão saindo vivas", escreveu Sergiy Taruta nas redes sociais. Ontem, o prédio foi atingido por uma bomba. Liudmyla Denisova, comissária de direitos humanos do parlamento ucraniano, disse que "adultos e crianças vivos estão saindo de lá".

Outras fontes, também sem dar números, confirmam haver sobreviventes. Ainda não há informações oficiais sobre quantas pessoas estavam no prédio no momento do ataque e se todas sobreviveram.

"A situação é catastrófica [em Mariupol], a situação é horrível lá. Até o momento, não temos informações mais ou menos estáveis, que possam ser reportadas ao país. Infelizmente, a situação é extremamente difícil lá", disse Vadym Denysenko, assessor do Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia, em relato da plataforma Ukrinform.

Hoje, o Ministério da Defesa da Rússia divulgou uma mensagem em que atribui a uma organização paramilitar ucraniana pelo ataque ao teatro, dizendo que "enquanto recuavam, explodiram o teatro da cidade, onde havia civis". Não é possível checar a informação, mas alvos civis têm sido atingidos por mísseis russos.

mariupol - 14.mar.2022 - Maxar Technologies/via Reuters - 14.mar.2022 - Maxar Technologies/via Reuters
Imagem de satélite mostra o teatro, antes do bombardeio, com a palavra "criança" em russo escrita em grandes letras brancas
Imagem: 14.mar.2022 - Maxar Technologies/via Reuters

Kiev atacada

A prefeitura da capital disse que a cidade teve "uma noite bastante estressante em 17 de março". "Dois prédios residenciais de vários andares foram danificados no distrito de Darnytsky devido a bombardeio."

Além da morte de uma pessoa, quatro ficaram feridas, sendo que duas precisaram ser hospitalizadas, segundo as autoridades.

kiev - Serviço de Emergência da Ucrânia - Serviço de Emergência da Ucrânia
Bombeiros evacuam prédio atingido por ataque russo em Kiev, capital da Ucrânia
Imagem: Serviço de Emergência da Ucrânia

Mísseis na região de Kharkiv

Mísseis atingiram uma das instituições educacionais no município de Merefa, na região de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.

De acordo com o serviço de emergências da Ucrânia, o imóvel foi parcialmente destruído e chegou a ficar em chamas. Ao menos 21 pessoas morreram e 25 ficaram feridas, segundo a Procuradoria Regional de Kharkiv.

kharkiv - Reprodução/Facebook/MNS.GOV.UA - Reprodução/Facebook/MNS.GOV.UA
Prédio de instituição de ensino em Merefa, na região de Kharkiv, na Ucrânia, foi atingida por ataque nesta quinta
Imagem: Reprodução/Facebook/MNS.GOV.UA

Mortos em Chernihiv

Às 15h30 (9h30 no horário da Brasília), outro ataque russo deixou pelo menos quatro civis mortos na cidade de Chernihiv, no norte da Ucrânia. De acordou com o Gabinete da Procuradoria Regional, os mísseis atingiram uma loja no centro da cidade.

O número de feridos não foi divulgado.

Rússia diz ter atacado armazém militar

O Ministério da Defesa russo afirmou hoje que seu exército atacou um armazém militar das Forças Armadas da Ucrânia na região de Rivne, que fica cerca de 340 quilômetros a oeste de Kiev.

"Instalações de armazenamento com mísseis e munições foram destruídas, incluindo mísseis para o complexo tático Tochka-U", diz o comunicado.

Já o Ministério da Defesa da Ucrânia diz que "o inimigo, sem sucesso na condução de uma operação terrestre, continua a lançar mísseis e bombardeios contra a infraestrutura e áreas densamente povoadas das cidades ucranianas".

Zelensky quer "muro" derrubado

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje à Alemanha que derrube o novo "muro" que está sendo erguido na Europa contra a liberdade desde a invasão da Ucrânia por parte da Rússia.

"Não é um muro de Berlim, é um muro na Europa Central entre a liberdade e a escravidão e este muro está ficando maior a cada bomba lançada sobre a Ucrânia", disse Zelensky em uma mensagem de vídeo exibida no Parlamento alemão.

Já ao Parlamento Europeu, o ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov, pediu a seus integrantes que considerem o presidente russo, Vladimir Putin, um "criminoso de guerra" e que o bloco aumente seu apoio à Ucrânia. "Não é apenas uma guerra. É terrorismo de Estado. O Exército regular do agressor está aniquilando, conscientemente, a população civil", disse Reznikov aos eurodeputados, por videoconferência.

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Alemães aplaudem quando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aparece em uma tela para discursar na Bundestag
Imagem: Tobias Schwarz/AFP

"Traidores nacionais"

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, criticou os russos pró-Ocidente e os classificou de "traidores nacionais".

"O Ocidente tentará confiar na chamada quinta coluna, nos traidores nacionais, naqueles que ganham dinheiro aqui conosco, mas vivem lá. E quero dizer 'viver lá' nem mesmo no sentido geográfico da palavra, mas de acordo com seus pensamentos, sua consciência servil", disse Putin em discurso transmitido pela televisão.

HRW critica ucranianos

A organização HRW (Human Rights Watch) exigiu que a Ucrânia pare de exibir publicamente os prisioneiros de guerra russos, ao destacar que isto viola as convenções de Genebra. "As autoridades ucranianas devem parar de postar nas redes sociais e de mensagens vídeos de soldados russos prisioneiros para expô-los em público, em especial os que são humilhantes ou ameaçadores", afirmou a HRW em um comunicado.

China não atacará Ucrânia

Aliada da Rússia, a China "nunca atacará a Ucrânia", disse o principal diplomata no país a autoridades, de acordo com um comunicado à imprensa do governo regional de Lviv, no oeste ucraniano.

"Ajudaremos, especialmente economicamente... Nesta situação, que você tem agora, agiremos com responsabilidade", disse o embaixador da China na Ucrânia, Fan Xianrong, a Maksym Kozytsky, chefe da administração militar regional em Lviv, durante um encontro.

(Com Reuters e AFP)

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

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