Morre coronel Ustra, ex-chefe do DOI-Codi durante a ditadura
O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu na madrugada desta quinta-feira (15) aos 83 anos no hospital Santa Helena, em Brasília.
O coronel chefiou, entre 1970 e 1974, o DOI-Codi de São Paulo, um dos principais centros de repressão do Exército durante a ditadura, e era acusado de ter comandado torturas a presos políticos.
O DOI-Codi foi o maior órgão de repressão aos grupos de esquerda contrários à ditadura militar (1964-85).
Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital no final da manhã, Ustra morreu às 4h45 desta quinta-feira, em razão de falência múltipla de órgãos provocada por um grave quadro de pneumonia. Ele estava internado na UTI do hospital desde 24 de setembro.
À Comissão da Verdade, Ustra negou tortura
Em depoimento à Comissão da Verdade em 2013, o coronel afirmou que a presidente Dilma Rousseff pertenceu a quatro "organizações terroristas".
Ustra disse ainda que, se não fossem os militares, o Brasil estaria sob uma "ditadura do proletariado".
Ainda no depoimento à CNV, ele negou ter praticado tortura. O militar disse que obedecia a ordens superiores e não havia "nenhum anjinho" preso ali. "Quem deveria estar aqui é o Exército brasileiro", disse. "Agi com a consciência tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei." Em muitos momentos do depoimento, Ustra se limitou a dizer que as respostas ele havia dado nos livros que publicou.
Retomada de ação
Em junho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a retomada de ação contra Ustra na Justiça Paulista na qual o coronel é acusado de sequestro e cárcere privado de um ex-preso do DOI-Codi.
Levantamento do projeto “Brasil: Nunca Mais” aponta 502 casos de tortura no DOI-Codi no período em que o órgão esteve sob o comando do coronel.
Em 2008, Ustra se tornou o primeiro militar a ser declarado pela Justiça como responsável por casos de tortura praticados durante o regime militar e, em 2012, foi o primeiro agente da ditadura condenado a pagar indenização a parentes de uma vítima da repressão, no caso do jornalista Luiz Eduardo Merlino. O coronel recorria à Justiça em ambos os casos.
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