"Tem medo do quê? Enfrenta": Lembre frases de Bolsonaro durante a pandemia
Desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) celebrizou-se por frases em que minimiza a pandemia, busca soluções em substâncias sem comprovação científica ou procura culpados em ministros, opositores e governadores e prefeitos — estes, por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), responsáveis pela adoção de medidas de restrição em seus territórios.
Não raro, o presidente também contraria as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde) provocando aglomerações e deixando de usar máscara ou manter distanciamento social em agendas públicas e em seu dia a dia. Após divulgar em 7 de julho ter recebido diagnóstico positivo para a covid-19, manteve-se isolado no Alvorada e seguiu propagandeando os efeitos curativos da cloroquina, contrariando respeitados estudos nacionais e internacionais que questionam sua eficácia.
Na tentativa de iniciar um novo ciclo de governo, tem feito agendas associadas a realizações e diminui o tom dos arroubos de subestimação de uma doença que avança agora para regiões ermas e segue tirando vidas por onde passa.
Relembre algumas das falas mais marcantes do presidente durante a pandemia da covid-19, que já matou mais de 100 mil pessoas.
Março
Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado o poder destruidor desse vírus."
9 de março: 25 casos oficiais de covid-19
Uma de suas primeira declarações públicas sobre a covid-19 aconteceu em um evento em Miami. Mais de 20 pessoas que participaram da comitiva presidencial foram contaminadas.
Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia."
17 de março: 291 casos oficiais e 1 morte
Após Rio de Janeiro e São Paulo decretarem "estado de emergência", o presidente deu entrevista à rádio Super Tupi.
Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria. Seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão."
24 de março: 2.201 casos oficiais e 46 mortes
Após dois exames terem tido diagnóstico negativo para a covid-19, o presidente fez um pronunciamento à nação em que criticou governadores e defendeu o fim do isolamento social.
Não pode ser um jogo de números para favorecer interesses políticos. Não estou acreditanto nesses números em São Paulo."
27 de março: 3.417 casos oficiais e 92 mortes
Durante entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, o presidente atacou as medidas de isolamento social adotada pelos governadores, dizendo que levariam ao "caos social".
O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. È a vida, todos nós vamos morrer um dia."
29 de março: 4.256 casos oficiais e 136 mortes
Após visitar o comércio em Brasília e em cidades vizinhas contrariando o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro deu a declaração após o passeio.
Abril
O vírus é igual a uma chuva. Ela vem e você vai se molhar, mas não vai morrer afogado."
01 de abril: 6.840 casos oficiais 241 mortes
Em entrevista ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, presidente mudou de tom um dia após defender a criação de um pacto nacional pela preservação da vida e dos empregos.
Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus."
12 de abril: 22.169 casos oficiais e 1.223 mortes
Em uma vídeoconferência com religiosos por ocasião da Páscoa, transmitida pela TV, o presidente afirmou que medidas de isolamento levariam ao aumento do desemprego.
Ô, ô, ô, cara. Eu não sou coveiro, tá?"
20 de abril: 40.581 casos oficiais e 2.575 mortes
Em frente ao Palácio do Planalto, o presidente interrompeu um jornalista que perguntava sobre o número de mortos por conta do novo coronavírus. O país havia contabilizado, apenas em um dia, dois mil casos e 113 vítimas.
E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre."
28 de abril: 71.886 casos oficiais e 5.017 mortes
No dia em que o Brasil ultrapassou a China em número de óbitos, o presidente arrancou gargalhadas de apoiadores ao responder a um jornalista em frente ao Alvorada.
Maio
Tem 1.300 convidados, mas quem tiver amanhã aqui, se tiver mil, a gente bota para dentro. Vai dar mais ou menos 3 mil pessoas no churrasco."
08 de maio: 145.328 casos oficiais e 9.897 mortes
Em tom de ironia, o presidente disse, diante do Alvorada, que iria convidar milhares de pessoas para um churrasco. Após a repercussão negativa da fala, que ocorreu às vésperas dos 10 mil óbitos, desistiu da ideia.
Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína."
20 de maio: 291.579 casos oficiais e 18.859 mortes
Ao anunciar que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, assinaria um novo protocolo que ampliaria as diretrizes de uso da cloroquina, o presidente fez piada. Não há estudos científicos conclusivos que atestem a eficácia da substância no tratamento da infecção pelo novo coronavírus.
Junho
A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo."
02 de junho: 555.383 casos oficiais e 31.199 mortes
Foi essa a mensagem enviada, a pedido de uma apoiadora na saída do Alvorada, para confortar as famílias em luto em consequência da pandemia.
Se quiser falar, sai daqui, porque já foi ouvida. Cobre do seu governador. Sai daqui"
10 de junho: 772.416 casos oficiais e 39.680 mortes
Ao ser questionado no cercadinho da Alvorada sobre o crescimento no número de casos no país, o presidente jogou a responsabilidade na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que deu a estados e municípios o poder de decisão sobre medidas de enfrentamento à pandemia.
Julho
Demos azar com essa pandemia, mas vamos sair dessa."
19 de julho: 2.099.896 casos oficiais e 79.533 mortes
Em conversa com apoiadores, transmitida ao vivo pelas suas redes sociais, recebeu camisetas e um boné de presente. Também elogiou o ministro interino.
Depois de 20 dias dentro de casa, a gente pega outros problemas. Eu peguei mofo, mofo no pulmão."
30 de julho: 2610.102 casos oficiais e 91.263 mortes
Durante transmissão em suas redes sociais, o presidente afirmou que está tomando antibióticos em decorrência de uma infecção após diagnóstico de covid-19.
Eu estou no grupo de risco. Agora, eu nunca negligenciei. Eu sabia que um dia ia pegar. Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta! (...) Lamento. Lamento as mortes. Morre gente todos os dias de uma série de causas. É a vida, é a vida."
31 de julho: 2.662.485 casos oficiais e 92.475 mortes
Durante visita a Bagé, no Rio Grande do Sul, mostrou caixa de cloroquina a apoiadores e causou aglomerações.
Agosto
A gente lamenta todas as mortes, vamos chegar a 100 mil, mas vamos tocar a vida e se safar desse problema."
6 de agosto: 2.912.212 casos oficiais e 98.493 mortes
Em transmissão ao vivo nas suas redes sociais, Bolsonaro fez piadas com o ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello e o constrangeu perguntando se ele era casado. Depois, deu declaração que ganhou as manchetes, reforçando seu pensamento de que a pandemia é pauta secundária:
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