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Bolsonaro diz que ação na ONU mostra posição do Brasil, mas não cita Rússia

Bolsonaro diz que goveno está ajudando brasileiros a deixarem a Ucrânia - Alan Santos/Presidência
Bolsonaro diz que goveno está ajudando brasileiros a deixarem a Ucrânia Imagem: Alan Santos/Presidência

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

26/02/2022 17h12Atualizada em 26/02/2022 19h48

A ação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) expressou a posição do país na invasão da Ucrânia pela Rússia, afirmou o presidente Jair Bolsonaro (PL) hoje, nas redes sociais.

Na ONU, a diplomacia do Itamaraty votou contra o regime de Vladimir Putin e alinhou-se à maioria dos países, em vez de adotar uma posição neutra. Contudo, Bolsonaro novamente não condenou a Rússia e sequer citou o nome do país, em uma sequência de posts no Twitter.

"A posição do Brasil em defesa da soberania, da auto-determinação (sic) e da integridade territorial dos Estados sempre foi clara e está sendo comunicada através dos canais adequados para isso, como o Conselho de Segurança da ONU, e por meio de pronunciamentos oficiais", disse o presidente da República, em mensagem em seu canal no aplicativo Telegram e na rede social Twitter.

O Brasil votou ao lado dos EUA. O voto foi seguido por um discurso duro e inédito por parte do governo brasileiro, sugerindo uma mudança na postura do país em relação aos atos russos na Ucrânia.

Na mensagem de hoje, Bolsonaro mais uma vez reclamou da cobertura da mídia, que tem destacado o fato de o presidente evitar críticas à Rússia, diferentemente da atuação da maioria dos países e do próprio Itamaraty.

Para o presidente, a cobertura do jornalismo profissional significa "gerar ruído". "Parte da imprensa insiste em gerar ruído e em desinformar os brasileiros em troca de cliques", reclamou.

Na semana em que esteve na Rússia, Bolsonaro defendeu Putin. "A leitura que eu tenho do presidente Putin é que ele é uma pessoa também que busca a paz", afirmou em 16 de fevereiro. "E qualquer conflito não interessa para ninguém no mundo."

Hoje, Bolsonaro disse que não deseja conflitos armados.

"Nem um conflito armado, indesejado por todos nós, é capaz de despertar nessas pessoas o devido senso de responsabilidade e o compromisso com a verdade necessários para que nosso povo atravesse esse momento difícil com serenidade e consciência da situação real de nosso país."

O Brasil é parcialmente dependente da Rússia no fornecimento de fertilizantes para o agronegócio.

Volto a afirmar que eu e meu governo estamos focados em garantir a segurança do nosso país, proteger os interesse [sic] do nosso povo, auxiliar os cidadãos brasileiros que se encontram nas regiões conflagradas e contribuir para uma resolução pacífica do conflito.
Jair Bolsonaro, presidente da República

País resgatou 50 brasileiros, diz presidente

Segundo Bolsonaro afirmou, o Itamaraty conseguiu "levar cerca de 50 brasileiros para países vizinhos", dentre estudantes, jornalistas, empresários e atletas.

No Facebook, Bolsonaro disse que "a Embaixada do Brasil em Kiev coordenou o embarque de cerca de 40 brasileiros para a cidade de Chernivtsi", nas proximidades da fronteira com a Romênia.

"De lá, seguirão até a fronteira, onde serão recepcionados por funcionários da Embaixada do Brasil em Bucareste, que já estão em contato com o grupo."

"Outros brasileiros" teriam atravessado a fronteira na manhã deste sábado.

Bolsonaro disse que, por ordem sua, dois aviões da Força Aérea Brasileira, modelo KC-390 Millenium, foram colocados de prontidão para resgatar brasileiros. "Nos próximos dias (ou horas), de acordo com o interesse desse grupo em retornar ao Brasil, acionaremos os meios de transporte que se fizer necessário, aviões comerciais ou, via FAB", afirmou na rede social.

"Ninguém será deixado para trás. Peço aos brasileiros em territórios conflagrados que mantenham-se firmes, sigam as diretrizes e nos reportem qualquer incidente", disse o presidente em mensagem no Telegram.

"Sei das dificuldades, mas não pouparemos esforços para resolvê-las."

Veja a íntegra da mensagem de Jair Bolsonaro
"- Até o momento, já conseguimos levar cerca de 50 brasileiros para países vizinhos, incluindo jornalistas, estudantes, empresários e atletas. Também coloquei meus ministros, assessores e a diplomacia brasileira a serviço da evacuação de brasileiros por vias terrestres.
- Ordenei também que duas aeronaves Embraer KC-390 Millenium, as maiores já produzidas no hemisfério Sul, fossem disponibilizadas [sic] para uma eventual missão de repatriação dos brasileiros que ainda estão em território ucraniano
- Mesmo diante de um cenário de tão difícil, reforçamos: ninguém será deixado para trás. Peço aos brasileiros em territórios conflagrados que mantenham-se firmes, sigam as diretrizes e nos reportem qualquer incidente. Sei das dificuldades, mas não pouparemos esforços para resolvê-las.
- O Itamaraty enviou uma missão para a fronteira da Romênia com a Ucrânia e tem coordenado a operação de evacuação de brasileiros por meio do contato direto com o chefe da estação central de trens de Kiev, com as autoridades migratórias e com as autoridades locais de Chernivtsi.
- Infelizmente, mesmo em um momento sensível, em que estão em jogo vidas humanas, princípios inegociáveis das relações internacionais, e recursos importantes para a vida dos brasileiros, parte da imprensa insiste em gerar ruído e em desinformar os brasileiros em troca de cliques.
- Nem um conflito armado, indesejado por todos nós, é capaz de despertar nessas pessoas o devido senso de responsabilidade e o compromisso com a verdade necessários para que nosso povo atravesse esse momento difícil com serenidade e consciência da situação real de nosso país.
- A posição do Brasil em defesa da soberania, da auto-determinação [sic] e da integridade territorial dos Estados sempre foi clara e está sendo comunicada através dos canais adequados para isso, como o Conselho de Segurança da ONU, e por meio de pronunciamentos oficiais.
- Volto a afirmar que eu e meu governo estamos focados em garantir a segurança do nosso país, proteger os interesse [sic] do nosso povo, auxiliar os cidadãos brasileiros que se encontram nas regiões conflagradas e contribuir para uma resolução pacífica do conflito."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.