Avanço para acordo com UE, eleição na Venezuela: o que Lula fez na Bélgica
O presidente Lula (PT) volta hoje ao Brasil, depois de participar da cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e UE (União Europeia), na Bélgica, onde discutiu um acordo comercial entre o bloco europeu e o Mercosul e propôs um acordo para o fim do isolamento da Venezuela com apoio de outros líderes.
Avanços no acordo comercial entre UE e Mercosul
Lula disse acreditar que o bloco europeu concordará com a contraproposta a ser apresentada pelo grupo formado além do Brasil por Argentina, Paraguai e Uruguai. "Pela primeira vez estou otimista que vamos concluir esse acordo ainda este ano", afirmou o presidente, em entrevista coletiva.
A última proposta enviada pelos europeus foi chamada de "neocolonial" e "inegociável" pelo petista e a expectativa do Itamaraty era que encontros com mais países ajudassem a avançar na pauta.
O presidente disse que o Brasil já preparou uma resposta ao documento europeu. O texto está em discussão no âmbito do Mercosul e será entregue "daqui a duas ou três semanas" à União Europeia. "Volto para o Brasil feliz porque nós conseguimos um intento muito grande que foi restabelecer de forma madura as negociações com a União Europeia."
Negociado por 20 anos, desde o primeiro mandato de Lula, o acordo chegou a ser comemorado em 2019 pelo governo Bolsonaro (PL), mas jamais foi implementado, diante da resistência dos europeus por conta do desmonte das políticas ambientais do ex-presidente.
Proposta de eleições justas na Venezuela
Governos sul-americanos e europeus pediram que a oposição e o governo venezuelano fechem um acordo para a realização de eleições livres e justas em 2024. Como contrapartida ao processo eleitoral monitorado pela comunidade internacional, o país veria o fim das sanções contra o governo Maduro.
Os países pediram que o governo venezuelano e a plataforma unitária da oposição venezuelana retomem o diálogo e a negociação no âmbito do processo do México. A declaração conjunta foi assinada por Argentina, Brasil, Colômbia, França, Venezuela e o Alto Representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança.
Eles também querem que ocorra uma negociação política que leve à organização de eleições justas para todos, transparentes e inclusivas, que permitam a participação de todos que desejem, de acordo com a lei e os tratados internacionais em vigor.
Como mostrou o UOL, o governo tem atuado para reconstruir as pontes com Maduro de olho no pagamento de uma dívida da Venezuela com o Brasil de cerca de R$ 6 bilhões. Lula usa uma tática de "morde e assopra": apesar de ter posado para fotos e exaltado Maduro, o presidente está sendo obrigado a olhar para a contestada política interna da ditadura venezuelana.
Guerra na Ucrânia
O petista voltou a defender a criação de um grupo de países para discutir soluções para a guerra e "no momento certo convencer a Rússia e a Ucrânia de que a paz é o melhor caminho".
O encontro terminou com uma declaração conjunta que menciona a guerra na Ucrânia, mas não cita a Rússia. Como mostrou o colunista do UOL Jamil Chade os europeus queriam que a declaração final citasse a "guerra de agressão" contra o território ucraniano, denunciando abertamente a Rússia pelo ataque, mas governos latino-americanos se recusavam a aceitar os termos.
Lula afirmou que Gabriel Boric, presidente do Chile, teve "ansiedade" ao criticar a posição dos países latinos a respeito da guerra. Boric disse ser triste o fato de a cúpula ter passado dois dias debatendo se havia uma guerra na Ucrânia ou uma guerra contra a Ucrânia e afirmou que o que ocorre hoje na Ucrânia pode acontecer amanhã com países latino-americanos. Lula atribuiu as falas à falta de experiência do presidente, de 37 anos.
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Quero receberViagens de Lula ao exterior no terceiro mandato
A viagem a Bélgica foi a décima do presidente ao exterior desde que assumiu, com maior presença em América do Sul e Europa — no total, ele esteve em 15 países. No retorno de Bruxelas, ele passou por Cabo Verde, onde se encontrou com o presidente José Maria Neves. Veja a lista:
- Janeiro: Argentina e Uruguai
- Fevereiro: Estados Unidos
- Abril: China, Emirados Árabes Unidos, Portugal e Espanha
- Maio: Reino Unido e Japão
- Junho: Itália e França
- Julho: Argentina, Colômbia, Bélgica e Cabo Verde
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