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Primeiro-ministro de Israel diz estar preparado para aumentar ofensiva sobre Gaza

Explosão atinge a Faixa de Gaza em nova ofensiva de Israel, desta vez pelo litoral, no quinto dia de conflito - Ahmed Zakot/Reuters
Explosão atinge a Faixa de Gaza em nova ofensiva de Israel, desta vez pelo litoral, no quinto dia de conflito Imagem: Ahmed Zakot/Reuters

Do UOL, em São Paulo

17/11/2012 23h53Atualizada em 29/05/2015 19h43

Após Israel bombardear a Faixa de Gaza nas primeiras horas deste domingo (18), desta vez pelo litoral, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que está disposto a "intensificar significativamente" a ofensiva iniciada na quarta-feira (14) sobre a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.

"O Exército está preparado para ampliar consideravelmente a operação", disse Netanyahu ao abrir a reunião semanal do Conselho de Ministros, a primeira desde que começaram os conflitos.

As declarações foram dadas enquanto mais de 30 mil soldados se concentram na fronteira com Gaza, o que alimenta a hipótese de que Israel inicie uma operação terrestre após cinco dias de ataques aéreos.

Em um rápido discurso, Netanyahu afirmou que "o Exército atacou mais de mil alvos terroristas na Faixa de Gaza e segue adiante com a operação neste momento, para causar mais dano às armas, aos que as operam e aos que as enviam".

Os primeiros bombardeios deste domingo foram ouvidos por volta das 2h (horário local, 22h de Brasília). Segundo testemunhas, as ofensivas vinham do mar, com múltiplas explosões, seguidas do barulho do impacto em terra. Com a morte de cinco pessoas nos últimos ataques, sobe para 48 o número de vítimas fatais desde o início da ofensiva.

Segundo a agência EFE, a Marinha israelense bombardeou “de maneira intensiva” diversas posições no litoral de Gaza e colunas de fumaça podiam ser observadas em áreas residenciais próximas à praia.

Apoio

Em seu discurso, o primeiro-ministro não citou os contatos com vários países ocidentais e o Egito para frear a escalada de violência antes de dar sinal verde a uma operação terrestre.

Os principais meios de comunicação israelenses informaram que um enviado de Netanyahu se encontra desde ontem no Cairo para negociar um acordo de trégua, mas, segundo fontes governamentais citadas pelo jornal "Yedioth Ahronoth", as conversas levarão tempo.

De acordo com informações do gabinete do primeiro-ministro, Netanyahu também falou, por telefone, com os líderes dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, da Alemanha, da Itália, da República Tcheca, de Portugal e da Bulgária.

"Nas conversas com eles assegurei que fazemos esforços para não causar dano a civis, quando o Hamas e os grupos terroristas fazem exatamente o contrário", ressaltou Netanyahu, dizendo ainda que agradeceu o apoio que os líderes deram a Israel na hora de exercer seu "direito à autodefesa".

Porém, para o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, uma invasão terrestre à Faixa de Gaza faria Israel perder o apoio internacional. À rede de TV Sky News Hague disse que é muito mais difícil limitar as baixas civis em um ataque por terra e que uma ação como essa poderia prolongar o conflito.

Embora a Grã-Bretanha já tenha dito que o Hamas carrega a principal responsabilidade pela crise devido aos constantes ataques com foguetes contra o território israelense, Hague afirmou que uma operação por terra “é uma proposta diferente".

"O primeiro-ministro [David Cameron] e eu ressaltamos para os israelenses que uma invasão terrestre em Gaza faria Israel perder muito da compaixão e do apoio internacional que tem nessa situação", disse Hague.

Jornalistas são feridos

Também no centro de Gaza, bombardeios israelenses caíram em Al Shawa, um complexo que acolhe escritórios de vários meios de comunicação palestinos. 

O ataque atingiu o 11º andar do edifício e deixou ao menos seis jornalistas feridos --três deles seriam funcionários da rede de TV “Al Quds” (Jerusalém).

 "Ao menos seis jornalistas ficaram feridos quando aviões israelenses bombardearam os escritórios da rede de TV 'Al Quds'", informou Achraf al Qudra, um porta-voz de serviços de saúde de Gaza.

Ainda segundo o médico, um dos jornalista precisou amputar uma das pernas.

Enviar Gaza “de volta à Idade Média”

O novo bombardeio surge horas após o ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, dizer, no sábado (17), que "o objetivo da operação é enviar Gaza de volta à Idade Média". A declaração foi feita após ataques aos edifícios governamentais do Hamas na Faixa de Gaza, segundo o jornal israelense "Haaretz".

Yishai credita à ação a paz de Israel nos próximos 40 anos.

MAPA DA FAIXA DE GAZA

  • Arte/UOL

    Gaza fica a oeste, ao longo do Mediterrâneo

O ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, afirmou que, se o Exército de seu país invadir Gaza, terá de ser para "ir até o final".

"Estamos preparados para uma operação terrestre em grande escala, se for necessário, mas vale destacar que, se o Exército entrar em Gaza, não poderá parar na metade, terá que ir até o final", declarou em um fórum cultural na cidade de Kiryat Motskin, perto de Haifa, no norte de Israel.

A aviação israelense bombardeou edifícios governamentais do Hamas na Faixa de Gaza no sábado, incluindo o gabinete do primeiro-ministro, depois que o governo de Israel autorizou a mobilização de até 75 mil reservistas como preparação para uma possível invasão terrestre à região.

Militantes palestinos em Gaza mantiveram os lançamentos de foguetes contra o território israelense. Um dos projéteis atingiu um prédio residencial na cidade portuária de Ashdod, destruindo várias sacadas. A polícia informou que cinco pessoas ficaram feridas.

Israel divulga vídeo de ataque que matou líder do Hamas

O Hamas, grupo islâmico palestino que governa a Faixa de Gaza, afirmou que mísseis israelenses arrasaram o prédio do gabinete do primeiro-ministro Ismail Haniyeh --onde ele se havia reunido na sexta-feira com o primeiro-ministro do Egito-- e também atingiram um QG da polícia.

Com tanques e artilharia israelenses posicionados ao longo da fronteira de Gaza, e sem nenhum sinal do fim das hostilidades, o ministro de Relações Exteriores da Tunísia viajou para o território palestino para demonstrar solidariedade árabe.

O Egito também vem trabalhando para restabelecer a calma entre Israel e Hamas, depois que um cessar-fogo informal obtido pelo governo egípcio foi rompido nas últimas semanas. Meshaal, que vive no exílio, já havia mantido uma rodada de conversações com autoridades egípcias do setor de segurança. (Com agências internacionais)

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