Topo

Hamas tem sede destruída por bombardeios aéreos de Israel na Faixa de Gaza

Palestinos observam destroços da sede do Hamas em Gaza, onde ficava escritório do primeiro-ministro - Suhaib Salem/Reuters
Palestinos observam destroços da sede do Hamas em Gaza, onde ficava escritório do primeiro-ministro Imagem: Suhaib Salem/Reuters

Do UOL, em São Paulo

17/11/2012 02h23Atualizada em 17/11/2012 07h56

A sede do Hamas foi “completamente destruída” na manhã deste sábado (17), após novos bombardeios na Faixa de Gaza, neste quarto dia da ofensiva israelense "Pilar Defensivo", que já provocou a morte de 38 palestinos em três dias de ataques. A informação foi dada pelo próprio governo do território palestino e também confirmada por uma fonte militar israelense. 

Ainda não se sabe o horário exato dos bombardeios, mas há estimativas de que os ataques tenham ocorrido entre às 4h e 5h (horário local).

Em nota, o Hamas confirmou que a sede da organização foi alvo de “quatro ataques”, e adiantou que o governo “permanecerá firme em suas posições e se manterá ao lado de seu povo”.

Um membro da organização declarou que "a sede foi completamente destruída”, e que residências vizinhas ao prédio “foram danificadas pelo bombardeio bárbaro de Israel”. O porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri, advertiu em comunicado que Israel "pagará um alto preço por seus crimes", uma vez que "ultrapassou todas as linhas vermelhas". 

Um porta-voz do Exército israelense também confirmou os ataques deste sábado, afirmando que Israel “tinha como objetivo [atacar] a sede do chefe de governo do Hamas, Ismail Haniyeh, em Gaza”.

Mortos e feridos

Inicialmente, através de uma conta oficial no Twitter, o Exército israelense afirmava ter atacado 85 alvos “terroristas” nas últimas seis horas. No entanto, uma fonte militar retificou a informação e disse que os alvos atacados chegam a 180.

As ofensivas desta madrugada contra esse alvos em Gaza mataram ao menos nove palestinos, fazendo subir para 38 o número de vítimas fatais desde que os ataques começaram, na quarta-feira (14).

Até a meia-noite (hora local), o balanço era de 29 vítimas fatais, mas nas últimas horas morreram duas pessoas que haviam sido internadas com ferimentos e outros sete palestinos atingidos em diferentes bombardeios.

Um homem faleceu em um bombardeio israelense ao leste da cidade de Khan Yunes, enquanto outros três morreram em um ataque similar ao leste do campo de refugiados de Al-Mughazi, segundo Ashraf al-Quedra, porta-voz do Ministério da Saúde em Gaza, que calculou os feridos em 300 desde o início da ofensiva israelense.

Além disso, outras três pessoas morreram em outro bombardeio da aviação israelense ao leste da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, segundo a emissora de televisão "Al-Aqsa", ligada ao Hamas.

Segundo fontes oficiais palestinas, entre os alvos atacados nas últimas horas se encontram também, o Estádio Palestina, um centro de esportes e juventude administrado pelo Ministério do Esporte, o complexo central da Polícia do Hamas em Gaza e outras delegacias.

Além disso, foram atingidas duas casas pertencentes a destacados funcionários do Executivo do Hamas: uma no campo de refugiados de Jabalya, ao norte, e outra na capital da Faixa de Gaza.

Invasão iminente

A ofensiva israelense na Faixa de Gaza completou neste sábado (17) seu quarto dia com a morte, até agora, de 38 palestinos e três israelenses.

O ataque deste sábado acontece após Israel dá sinais de uma iminente invasão terrestre, quando anunciaram ter ordenado a mobilização de 75 mil reservistas para a operação "Pilar Defensivo", nesta sexta-feira (16).

Segundo informações dos veículos de imprensa locais, o governo não emitirá um comunicado com a decisão, e os repórteres e comentaristas das TVs locais informaram que estão impedidos de dar "toda a informação" em seu poder por motivos de censura militar.

A aprovação é um pedido do ministro da Defesa, Ehud Barak, para "ampliar a cota de reservistas além do aprovado ontem", quando era de 30 mil.

Os 75 mil reservistas são a maior número deste tipo de combatentes mobilizados no país em décadas, muito acima dos incorporadas à guerra com o Hezbollah em 2006 e à ofensiva Chumbo Fundido em Gaza, dois anos depois.

O canal 10 da TV israelense informou que até agora foram mobilizados cerca de 20 mil, mas que é esperada a chegada de milhares de tropas entre esta noite e amanhã.

O comentarista militar do canal 10, Alon Ben David, explicou que "não vê uma situação com 70 mil soldados israelenses dentro de Gaza", número que segundo ele seria necessário em caso de tentativa de derrubar o governo do movimento islamita Hamas, no poder na faixa desde 2007.

Por enquanto, advertiu, "este não é um dos objetivos definidos para a operação".

A possível mudança de postura no governo israelense se deve aos últimos ataques das milícias palestinas contra grandes cidades no coração de Israel, entre elas Tel Aviv e Jerusalém.

Segundo Qedra, entre os 38 mortos desde quarta-feira (14) há oito crianças, duas mulheres e dois idosos. O total de palestinos feridos é de 300 desde o início da operação militar israelense, com o assassinato do líder do braço armado do Hamas, Ahmed Jaabari.

Foguete palestino cai perto de Tel Aviv, no mar

Israel fecha rotas de acesso à região

No campo de batalha, um jornalista da AFP viu nesta sexta (16) blindados de transportes de tropas e tanques se deslocando perto do posto fronteiriço entre Israel e a Faixa de Gaza. Além disso, uma soldado entrevistada pela Efe disse que "bases inteiras ficaram vazias" para deslocar forças à fronteira.

O Exército de Israel também bloqueou, nesta sexta-feira (16)  à noite, todas as rotas principais em torno da Faixa de Gaza, anunciando que elas estão em uma zona militar fechada.

Israel divulga vídeo de ataque que matou líder do Hamas

Cessar-fogo para visita de premiê egípcio não é respeitada pelas partes

O primeiro-ministro egípcio, Hisham Qandil, chegou nesta sexta-feira (16) em visita oficial a Gaza para mostrar sua solidariedade com o território e, para sábado, é esperada a chegada do ministro de Relações Exteriores da Tunísia, Rafik Abdel Salam.
 

Cessar-fogo para visita de premiê egípcio falha

Durante a estada de Qandil na faixa, as duas partes deveriam ter mantido um cessar-fogo de três horas, que não foi respeitado por nenhuma delas.

Ao longo do dia, o estrondo de bombas e os assobios dos foguetes foi constante. Nas ruas da cidade de Gaza, poucos carros circulavam, número que aumentou ao anoitecer.

As milícias dispararam ao redor de 200 foguetes, a metade deles foi interceptada pelo sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro, segundo dados do Exército israelense.

(Com agências internacionais)