Palestinos querem a garantia de trégua definitiva e fim da ocupação israelense, diz embaixador no Brasil
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, afirmou ao UOL nesta segunda-feira (19) que os palestinos querem como contrapartida do cessar-fogo contra Israel a garantia de que o governo de Biniyamin Netanyahu irá deixar as áreas da faixa de Gaza ainda ocupadas por israelenses.
“O fim da ocupação é a garantia da segurança de Israel e da Palestina. Sempre quem viola, quem anda assassinando e quem anda atacando é Israel. E, obviamente, violência gera violência, só não é uma violência igual, somos contra qualquer tipo de violência e qualquer tipo de terrorismo, incluindo o terrorismo de Estado que Israel está praticando contra nós há mais de seis décadas”, afirmou o embaixador.
O diplomata destaca que, apesar dos ataques dos dois lados, as tentativas de negociações entre palestinos e israelenses têm tido apoio do Egito e da França. “O objetivo é chegar a um cessar-fogo definitivo, que não seja somente uma trégua que possa ser violada a qualquer momento, como sempre tem acontecido”, ressaltou.
A nova onda de violência foi intensificada após a morte do chefe do braço militar do Hamas, Ahmed Jaabari, na última quarta-feira (14), durante um ataque aéreo israelense.
Desde então, os grupos palestinos já lançaram centenas de foguetes contra as cidades israelenses, cujo exército respondeu com uma série de bombardeios em inúmeros alvos na faixa de Gaza. Há registro de quase cem mortos e centenas de feridos.
“O problema central é a ocupação israelense do território palestino e essa postura de Israel de impedir a criação do Estado da Palestina, essa agressão contra um plano superior, macro. Israel está atacando em todos os níveis e, inclusive, tratando de impedir nossa chegada às Nações Unidas [ONU]”, argumentou o embaixador.
Segundo Alzeben, representantes palestinos irão pedir na próxima reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 29 de novembro, a elevação da Palestina ao status de “Estado não membro da ONU”.
Em paralelo, será feito um pedido ao Conselho de Segurança da ONU para que seja incluída como Estado-membro.
No entanto, até a reunião com os integrantes da ONU, o embaixador diz esperar que as negociações entre os dois lados avancem.
Na última sexta-feira (16), o embaixador de Israel no Brasil, Rafael Eldad havia dito ao UOL que o cessar-fogo do lado israelense dependeria da garantia por parte dos palestinos de que parariam de atacar primeiro.
Questionado sobre a posição de Israel para colocar um ponto final na atual onda de ataques, Alzeben reafirmou a condição dos palestinos para encerrar os ataques.
“Nós exigimos o fim da ocupação. Gaza ainda está ocupada. Ninguém tem acesso à Gaza. (...). Não tem aeroporto, não tem porto, não tem acessos terrestres para qualquer entrada do território precisa da autorização de Israel. Portanto, é um território ainda ocupado. O fim da ocupação significa a criação do Estado Palestina, Cisjordânia, Gaza, e Jerusalém Oriental como capital, como prevê o direito internacional”, afirmou.
“Os palestinos e israelenses não necessitam de muros, mas precisamos de pontes para nos entendermos”, acrescentou.
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