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Israel continua bombardeios em Gaza, e mais de cem são mortos

Pessoas observam casa destruída depois de ataque aéreo israelense em Khan Younis - Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
Pessoas observam casa destruída depois de ataque aéreo israelense em Khan Younis Imagem: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Do UOL, em São Paulo

19/11/2012 08h53

Mais pessoas morreram na manhã desta segunda-feira (19) na faixa de Gaza, informaram fontes médicas palestinas, chegando a pelo menos 101 mortos e mais de 900 feridos desde que Israel iniciou na quarta-feira (14) a operação "Pilar Defensivo", em resposta aos disparos de foguetes palestinos. 

Dois palestinos foram "mortos por um novo disparo israelense a leste (do campo de refugiados) de al-Boureij", afirmaram os serviços de emergência em um comunicado nesta segunda.

Segundo os últimos dados divulgados pelo porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, metade dos mortos e 70% dos feridos na ofensiva são civis. O domingo foi o dia mais violento, com 31 mortes, em sua maioria mulheres e crianças. Até o momento, três israelenses morreram.

Quatro palestinos, incluindo um menino de cinco anos e duas mulheres de 20 e 23 anos respectivamente, morreram em um ataque no bairro de Zeitun. Outros dois agricultores morreram em um ataque em Qarara, ao leste de Khan Yunes, sul. Três palestinos que estavam em um carro também foram atingidos fatalmente em Deir al Balah. Amir Bashir, Tamal Bashir e Salah Bashir eram da mesma família, segundo fontes médicas. Além disso, um fazendeiro de 50 anos chamado Abdel Rahman al-Atar foi encontrado morto na cidade de Beit Lahiya, ao norte.

O exército israelense confirmou em comunicado ter atacado ao longo da noite cerca de 80 "lugares terroristas", incluindo vários locais de lançamento de foguete, túneis usados pelas milícias, bases de treinamento e "várias unidades terroristas que se preparavam para disparar foguetes contra Israel".

No bombardeio a duas delegacias da polícia do Hamas, morreram pelo menos 12 pessoas, informou a agência de notícias palestina "Maan", que cita dados do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza.

MAPA DA FAIXA DE GAZA

  • Arte/UOL

    Gaza fica a oeste, ao longo do Mediterrâneo

Em Gaza, podia-se ouvir o barulho constante dos aviões não tripulados israelenses sobre o enclave palestino e os vários bombardeios noturnos, embora em menor quantidade que nas noites anteriores. 

Segundo testemunhas, a aviação israelense atacou propriedades de milicianos do Hamas de alta categoria na cidade de Khan Yunes, no sul de Gaza, e no campo de refugiados de Al Bureij, na capital, assim como diferentes alvos no norte do território. Também houve bombardeios sobre Rafah, na fronteira com o Egito.

ONU e países reagem aos ataques

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, viajará nesta segunda-feira (19) do Iêmen ao Cairo para falar sobre a crise em Gaza com o governo egípcio, muito ativo na mediação do conflito, em meio aos apelos internacionais para o fim da escalada de violência.

A chegada de Ban à região coincide com a do ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, que irá hoje a Israel para somar-se aos esforços internacionais. Ontem, foi a vez do chanceler francês, Laurent Fabius.

Em Bruxelas, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, expressou hoje sua preocupação pela morte de civis em Gaza e Israel, e disse que a situação atual mostra a necessidade de uma "solução a longo prazo" e a implantação de dois Estados.

"O que devemos fazer agora é conseguir uma solução", ressaltou Ashton em sua chegada à reunião de ministros da Defesa e das Relações Exteriores da UE que analisará a escalada de violência entre israelenses e palestinos, após insistir em que há "pessoas inocentes" que morrem "em ambos os lados".

Por sua vez, o governo chinês pediu o fim do "abuso da força, que causou a morte de civis inocentes" por parte de Israel, e pediu ao Executivo israelense que negocie um cessar-fogo. A China destacou "a justa posição dos países árabes na questão palestina", afirmou a nova porta-voz das Relações Exteriores, Hua Chunying, ao expressar o apoio chinês ao Egito em seus esforços para reduzir as tensões.

O Irã se ofereceu para enviar ajuda humanitária aos palestinos, e o ministro das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, disse que faz gestões para visitar esse território junto com uma delegação parlamentar.

Na mesma linha, os talibãs afegãos condenaram hoje a ofensiva israelense em Gaza e pediram à comunidade internacional que interceda para apoiar o povo palestino. Os insurgentes afegãos também pediram aos muçulmanos de todo o mundo, a indivíduos e organizações internacionais, que "reajam com contundência" para que os palestinos sintam um seu apoio e para que acabe "esta agressão".

No meio dos esforços diplomáticos, a ONG Save The Children alertou hoje para o "efeito devastador" que a ofensiva pode ter na população infantil, que representa a metade dos 1,7 milhão de habitantes de Gaza.

Avanço das operações

Israel pode decidir por uma invasão terrestre da faixa de Gaza, mas prefere uma solução diplomática, disse uma importante autoridade ligada ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira (19).

"Preferimos uma solução diplomática que garanta a paz para a população do sul de Israel. Se isso for possível, então não será mais necessário uma operação terrestre", disse a autoridade à Reuters.

"Mas se a diplomacia fracassar, nós poderemos não ter alternativa a não ser enviar forças terrestres."

No entanto, no domingo (18), Netanyahu disse que estava disposto a "intensificar significativamente" a ofensiva sobre a faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.

"O Exército está preparado para ampliar consideravelmente a operação", disse Netanyahu ao abrir a reunião semanal do Conselho de Ministros, a primeira desde que começaram os conflitos.

As declarações foram dadas enquanto mais de 30 mil soldados se concentram na fronteira com Gaza, o que alimenta a hipótese de que Israel inicie uma operação terrestre após dias de ataques aéreos. Em um rápido discurso, Netanyahu afirmou que "o Exército atacou mais de mil alvos terroristas na faixa de Gaza e segue adiante com a operação neste momento, para causar mais dano às armas, aos que as operam e aos que as enviam".

No sábado, o ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, disse que "o objetivo da operação é enviar Gaza de volta à Idade Média", segundo o jornal israelense "Haaretz".

O ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, afirmou também que se o Exército de seu país invadir Gaza deve ser para "ir até o final", em aparente alusão à derrocada do governo do Hamas.

"Estamos preparados para uma operação terrestre em grande escala, se for necessária, mas vale destacar que se o Exército entrar em Gaza não pode parar na metade, tem que ir até o final", declarou em um fórum cultural na cidade de Kiryat Motskin, perto de Haifa, no norte de Israel (Com agências internacionais)