Escrevi um livro, não fiz um inquérito, diz Romeu Tuma Jr. ao ser questionado sobre provas contra PT
Entrevistado nesta segunda-feira (3) no programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior, 53, se esquivou de perguntas dos jornalistas sobre a existência de provas para as acusações que faz contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT (Partido dos Trabalhadores) em seu livro “Assassinato de Reputações: um Crime de Estado”, lançado recentemente pela editora Topbooks e escrito em parceria com o jornalista Claudio Tognolli.
No livro, Tuma Jr. descreve o que seria uma “usina de dossiês” encabeçada pelo PT contra adversários políticos e afirma que Lula, em sua época de sindicalista, colaborava com seu pai, Romeu Tuma, então delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), como informante da ditadura militar --segundo a obra, Lula usava codinome “Barba”. O livro ainda diz que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, teria admitido, na época do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, a existência de caixa dois na prefeitura do município do ABC paulista para o financiamento de campanhas do partido.
“Eu escrevi um livro, eu não fiz um inquérito. Você está lendo um livro. O dia em que você quiser ver provas, peça o inquérito e nós conversamos”, respondeu Tuma Jr. ao repórter Fernando Gallo, do jornal “O Estado de S.Paulo”, que integrou a bancada de entrevistadores do programa e perguntou se o ex-secretário tinha provas, além de seu próprio testemunho, para algumas das acusações feitas no livro.
“Prova testemunhal é prova também. Não dava para escrever um livro de 4.000 folhas (...) Em um livro não dá pra você botar isso. Eu pus várias provas no livro, mas eu me reservo o direito daquilo que me for demandado a apresentar os documentos necessários”, continuou.
Após as acusações do livro, o ministro Gilberto Carvalho chegou a dizer que processaria Romeu Tuma Jr. por calúnia, mas, de acordo com o ex-secretário, isso não aconteceu.
"Até o momento não tenho conhecimento de nenhuma ação judicial ou pedido de reparação de ninguém", afirmou Tuma Jr. "É difícil ser processado quando se fala a verdade. Você, quando processa alguém, abre a possibilidade de que a pessoa prove mais do que já está provado. Eu não sou louco de atacar alguém e cometer o assassinato de reputação do qual fui vítima."
Tuma Jr., que já foi delegado da Polícia Civil de São Paulo e deputado estadual, ocupou o cargo de Secretário Nacional de Justiça entre 2007 e 2010, durante o governo Lula, posto que deixou após ter seu nome envolvido com a máfia chinesa --a Polícia Federal o investigou por suspeita de regularizar imigrantes ilegais e liberar mercadoria apreendida, operações chefiadas por seu ex-assessor Paulo Li, mas Tuma Jr. acabou inocentado por falta de provas.
Agora, com o livro, o qual considera uma “peça de defesa”, Tuma Jr. afirma que foi vítima de perseguição por não cumprir ordens para fazer dossiês e também por tudo o que sabia sobre o assassinato de Celso Daniel, de cuja investigação participou.
“O livro é minha peça de defesa. Fiquei três anos buscando espaço pra me defender das acusações que me foram imputadas. Se eu tivesse assistido a tudo isso calado seria conivente. Tudo que eu presenciei, eu denunciei. Denunciei dentro do governo. Mostrei porque assassinaram a minha reputação”, afirmou. "A Polícia Federal nunca investigou máfia nenhuma, nunca investigou máfia chinesa. O investigado era o Tuma", concluiu.
Outros jornalistas da bancada questionaram Tuma Jr. sobre a existência de provas para as acusações. O professor e colunista do jornal “O Estado de S.Paulo” e da revista "Época" Eugênio Bucci, por exemplo, perguntou que tipo de informação "grave" Lula teria passado ao Dops, e Tuma Jr. respondeu que isso seria revelado em um segundo volume de seu livro.
"Eu não fiz biografia da vida do Lula. Eu não digo que ele prestou informações graves, mas que prestou informações úteis, previa movimentos. Eu queria que você compreendesse minha resposta porque eu não posso antecipar e não posso permitir que você fure o tomo dois. Vem aí um segundo livro", afirmou.
“Assassinato de Reputações”, que também faz uma análise de quais seriam os objetivos políticos de operações da Polícia Federal e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), afirma que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) tiveram telefones grampeados em 2007 por ambos órgãos. Sobre essa acusação, o repórter Mario Cesar Carvalho, do jornal "Folha de S.Paulo", disse que procurou o agente citado por Tuma Jr. como fonte, mas que esse agente negou a participação ou o conhecimento dos supostos grampos.
Já o apresentador do Roda Viva, o jornalista Augusto Nunes, por outro lado, afirmou que viu "algumas provas contundentes no livro".
Sobre a “usina de dossiês”, por exemplo, Tuma Jr. afirma no livro que recebeu pedidos contra os tucanos Tasso Jereissati e Marconi Perillo, bem como contra a ex-primeira-dama Ruth Cardoso, e a obra traz um documento bancário de Jereissati que teria sido entregue pelo petista Aloizio Mercadante.
Eleições 2014
Romeu Tuma Jr., que já foi deputado estadual de São Paulo pelo PMDB e hoje é filiado ao PTC (Partido Trabalhista Cristão), indicou que não está descartada uma eventual candidatura nas eleições de 2014. "Não tenho nenhuma vontade, mas não tenho nenhum impedimento de ser candidato. Aceitando sua sugestão, posso até pensar nisso", afirmou, em resposta a Eugênio Bucci.
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