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Brasil pode usar crise climática a seu favor para diminuir a desigualdade

Diante das mudanças climáticas e da crise climática, o diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, afirmou, durante o programa Análise da Notícia, que o Brasil poderá usar o momento como uma oportunidade de alavancar um projeto de desenvolvimento para diminuir o desmatamento e priorizar a utilização de fontes alternativas de energia.

O Brasil tem uma chance de usar a crise climática a seu favor para se desenvolver e diminuir a desigualdade. O Brasil é um dos poucos lugares do mundo que têm oportunidade para isso e é uma oportunidade que ainda não tivemos em nossa história. Somos um país criado a partir da destruição da natureza e a crise climática pode ajudar a desatar esse nó.
Luís Fernando Guedes Pinto

Aumento da concentração de gases na atmosfera causa o aquecimento global. A vida só existe na Terra por causa do efeito estufa, que é causado por gases na atmosfera que retêm o calor e criam as condições para a vida. Por outro lado, o aquecimento global é decorrente do aumento da concentração desses gases (gás carbônico e metano) na atmosfera. Desde a revolução industrial, a humanidade está aumentando a emissão desses gases, sobretudo pelo desmatamento e queima de combustíveis fósseis, e pesquisas comprovam que as mudanças climáticas são resultados da presença do homem na Terra.

Eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes. O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre implica em eventos climáticos cada vez mais frequentes, intensos e imprevisíveis. Os eventos podem ser grandes tempestades, seca, calor extremo ou frio extremo, e os que mais sofrem com essas consequências, majoritariamente, são populações mais pobres e vulneráveis.

Impactos das mudanças climáticas no Brasil atingem sociedade e economia. No início de 2023 foi feito o maior registro pluviométrico da história do Brasil, quando choveu 600 mm em menos de dois dias no litoral de São Paulo, sobretudo em São Sebastião e Peruíbe. A chuva intensa causou mortes, deslizamentos e enchentes, causando um grande impacto social que tende a se repetir.

O agronegócio é a principal vítima das mudanças climáticas. Mais ao sul, especificamente no Rio Grande do Sul, as mudanças climáticas provocaram uma grande seca que teve como efeito a quebra da safra de soja e arroz, trazendo muitos prejuízos ao agronegócio e impactando a atividade econômica do país. Vale pontuar que o agro é também o principal acelerador do aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

Amazônia tem papel chave na regulação do clima da América do Sul. O desmatamento da Amazônia é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa no Brasil e, apesar da queda do desmatamento neste ano, é dessa forma que o Brasil mais contribui para intensificar a mudança climática. Por isso, a Amazônia é onde o Brasil pode atacar de maneira mais contundente para contribuir com a diminuição de gases de efeito estufa. O desmatamento da Amazônia altera o regime do clima e de chuvas na região e impacta todo o clima da América do Sul.

Países mais ricos são os que mais emitem gases de efeito estufa. O petróleo é atualmente o grande desafio da humanidade, uma vez que a maior parte das emissões de gases de efeito estufa vêm de países ricos que queimam petróleo e carvão como China, Estados Unidos e Rússia, que são os principais emissores do planeta. O Brasil, principalmente pelo desmatamento na Amazônia, é o 5º país do mundo que mais emite esses gases.

Brasil pode usar crise climática a seu favor para evoluir. Restaurar florestas, frear o desmatamento e criar fontes de energias mais viáveis e mais limpas são os pontos-chave para o Brasil se desenvolver e diminuir a desigualdade. Geográfica e ambientalmente, o Brasil se encontra em uma situação favorável para pensar em novos caminhos para gerar energia alternativa e se aproveitar da crise climática e, após frear o desmatamento, o próximo passo para o país é pensar em fontes de energia sustentáveis. "O Brasil pode se posicionar em um lugar de vanguarda no mundo", afirmou Pinto.

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Sinais do mercado e sinais políticos convergem. O governo brasileiro dá sinais positivos de contribuir para a desaceleração das mudanças climáticas com o investimento em novas fontes de energia e também com o projeto de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Alinhado ao governo, hoje o mercado também dá sinais de que o Brasil tem que agir dessa forma e que isso poderá, inclusive, trazer benefícios econômicos.

O Brasil tem uma oportunidade muito rara de tornar isso uma alavanca para um projeto de desenvolvimento e equidade, ao contrário de muitos outros países no mundo.
Luís Fernando Guedes Pinto

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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