Faltavam 30 ou 40 s para concluir, conta sargento que tentou salvar vítima em incêndio
De 30 a 40 segundos. Esse é o tempo que o sargento Diego Pereira da Silva Santos, 32, estima que teria sido necessário para salvar uma vítima do prédio que desabou em chamas, na madrugada desta terça (1º), no largo do Paissandu, região central de São Paulo.
Até agora, o Corpo de Bombeiros aponta ao menos uma vítima da tragédia na capital paulista. Trata-se de um homem que estava sendo resgatado pelo sargento Diego e sua equipe, por cabo, no momento em que o prédio caiu. Os bombeiros ainda tentam encontrar o homem com vida.
"Eu não daria 30 ou 40 segundos para a gente concluir o processo", afirmou o sargento na tarde desta terça.
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O oficial, que tem 12 anos de corporação e integra o batalhão dos bombeiros da Vila Mariana, zona sul de São Paulo, detalhou à imprensa os momentos em que tentou salvar um rapaz do edifício Wilton Paes de Almeida. O jovem, que ele afirma aparentar entre 25 e 30 anos, estava nervoso e gritava por ajuda, mas se acalmou com a tentativa de resgate quase concluída — já estava preso, por exemplo, em uma espécie de cadeirinha de cordas chamada de “cinto alemão”.
Santos contou que precisou quebrar a parede de um cômodo do prédio vizinho, mas a altura não coincidia com a do rapaz - que se segurava no para-raio do edifício que caiu, cerca de cinco andares acima.
“Consegui escutar ele gritando por socorro; pedi para ele ter calma e não pular”, afirmou.
Ao chegar mais próximo à vítima, relatou o policial, ele conseguiu acalmá-lo e entendeu algo como “Ricardo” como nome dele. Sinalizava com lanterna, falava alto e conseguiu ver uma tatuagem na perna do rapaz.
"Eu pedia para ele manter a calma. Eu estou com a voz ruim justamente por isso. Tinha que falar bem alto, verbalizava e sinalizava com a lanterna", relatou o oficial. "Ouvi ele pedindo socorro. Depois ele falava 'me tira daqui, por favor', e eu falava 'confia em mim'. Era uma pessoa bem lúcida, seguiu todas as orientações".
“Pedi para ele ficar tranquilo e confiar na gente. Na terceira tentativa, lançamos a corda e ele pegou. O problema é que quando terminava o procedimento, o prédio caiu - foram seis, sete andares em chamas sobre ele. Faltavam mais 30 ou 40 segundos para finalizar”, lamentou.
O sargento admitiu tristeza com a situação. "Apesar da formação militar, a gente fica chateado, com certeza. Queria tirar a pessoa de lá. É preciso entender que a equipe deu o melhor", disse. "Não tem como não se emocionar".
Indagado sobre a possibilidade de o homem estar vivo sobre os escombros, o sargento afirmou: "A gente nunca descarta a possibilidade divina, sempre considero a chance de a pessoa estar viva".
O sargento tem dois filhos pequenos - uma menina de 9 e um menino de 3 - e pode voltar ao atendimento no caso do Paissandu na quinta-feira (3), devido à escala interna. Ele falou à imprensa depois de algumas horas de descanso e de um banho, em casa. Se ficou emocionado? “Com certeza. Não tem como não ficar”.
O sargento contou que os filhos foram buscá-lo hoje no trabalho. “Eles me abraçaram e disseram que estavam felizes porque eu voltei”, finalizou.
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