Temperatura em incêndio pode ter passado dos 600°C, diz tenente
Antes de ter desabado na madrugada desta terça-feira (1º), no Centro de São Paulo, o edifício Wilton Paes de Almeida deve ter passado por calor extremo. “A temperatura no incêndio atinge 600ºC, 700ºC no local onde está o fogo, num local confinado", disse Guilherme Derrite, tenente do Corpo de Bombeiros paulista.
O prédio desabou enquanto um morador era retirado de um dos andares do prédio. Com o desmoronamento, a corda se rompeu, e a vítima caiu.
Segundo Derrite, não é possível apontar a causa do desabamento. Mas ele ressaltou que as altas temperaturas danificam seriamente a estrutura. “Não sabemos como estava a estrutura do prédio antes, então não podemos afirmar o porquê da queda. Mas um incêndio a 600ºC já prejudica o concreto e começam a aparecer rachaduras”, afirmou.
Prédios vizinhos também foram atingidos pelas chamas. Segundo o tenente, a propagação do fogo teria acontecido por meio de irradiação, fenômeno que se caracteriza pela propagação de ondas de calor. “Atinge-se uma alta temperatura do material, e inicia-se o fogo. Foi o que ocorreu no outro prédio.”
De acordo com Derrite, não há risco de desabamento para edificações próximas. Uma análise interna e externa, por meio de drone, foi feita pelos bombeiros. “Todavia, por precaução, o Corpo de Bombeiros fez a evacuação dos prédios e também um isolamento amplo caso possa acontecer algo nesse sentido, não venha a prejudicar essas pessoas."
O edifício de 24 andares desabou por volta das 2h20 depois de pegar fogo no início da madrugada. Cerca de 150 famílias moravam irregularmente nos primeiros dez andares do prédio, de acordo com a prefeitura.
O prédio pertencia à União e era uma antiga instalação da Polícia Federal, ocupada irregularmente. O presidente Michel Temer (MDB), que já estava em São Paulo, visitou o local por volta das 10h e prometeu do governo às famílias vítimas do incêndio.
O governador do Estado, Márcio França, esteve no local por volta das 5h e disse que, após a contenção do fogo, cães farejadores serão empregados na busca por sobreviventes em meio aos destroços. "É uma tragédia anunciada. Tem muita estrutura metálica, muito lixo que é jogado no fosso dos elevadores", disse França. "É um prédio que não tem a mínima condição de moradia. A União não podia ter deixado ocorrer essa ocupação."
Saí só com a roupa do corpo e com a minha menina. Já morei em outras ocupações, morei na Lapa, em barraco da Inajar de Souza [avenida na zona norte da cidade]. Nunca tive nada de importante e agora perdi o pouco que consegui.”
Gisele Félix das Neves, 18
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