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Curto-circuito causou incêndio em prédio que desabou em SP, diz secretário

Marcelo Justo/UOL
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Do UOL, em São Paulo

03/05/2018 17h11Atualizada em 03/05/2018 20h44

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou nesta quinta-feira (3) que as investigações da Polícia Civil identificaram que um curto-circuito causou o incêndio em um prédio que, cerca de uma hora depois, desabou na madrugada de terça (1º) no Largo do Paissandu, região central de São Paulo. Até agora, os Bombeiros trabalham com a possibilidade de quatro vítimas sob os escombros.

Em entrevista concedida na área onde os bombeiros fazem o rescaldo do acidente, Alves Barbosa Filho revelou que, segundo as apurações, o curto-circuito aconteceu em uma tomada de um dos cômodos do quinto andar do edifício Wilton Paes de Almeida. O secretário informou que três aparelhos domésticos estavam ligados na tomada: um micro-ondas, uma geladeira e uma televisão.

“Não foi uma briga de casal, nada disso”, disse Mágino, rechaçando as primeiras hipóteses levantadas após o acidente de que o incêndio teria sido causado após a explosão de um botijão de gás ou de uma panela de pressão sequente a uma briga entre moradores. “O que aconteceu foi a fatalidade. Num prédio que tinha diversas irregularidades, essa tomada ligava três aparelhos e terminou vitimando essa família que ocupava esse cômodo”.

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O secretário informou que, no local, morava uma família com quatro moradores: um homem, uma mulher e duas crianças. A mãe deixou o prédio com um bebê de colo e prestou depoimento nesta quinta. Já o pai se feriu ao tentar socorrer a outra criança, de três anos. A filha está internada em estado grave na Santa Casa de São Paulo. O pai está no Hospital das Clínicas e teve dois terços do corpo queimados, mas segundo Alves Barbosa Filho, está em situação “aparentemente melhor do que a criança”.

"Um vizinho também já havia relatado que essa família tinha duas pessoas ao menos feridas. E infelizmente o que a gente sabe é isso, a fatalidade que atingiu essa família", disse.

O secretário afirmou que pelo menos 15 pessoas já foram ouvidas no inquérito que apura as causas do incêndio.

Foto de morador mostra como era a parte interna do prédio que desabou no centro de São Paulo, com paredes mal conservadas e fios expostos - Reprodução/Arquivo pessoal - Reprodução/Arquivo pessoal
Parte interna do prédio tinha paredes mal conservadas e fios expostos
Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Investigação sobre cobrança de aluguel

Na entrevista desta quinta, Mágino Alves Barbosa Filho disse que determinou a instalação de um outro inquérito, no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil), para apurar a suposta cobrança de aluguel que ocorria dentro do prédio. O secretário ressaltou que o intuito não é investigar os moradores, mas sim os líderes de uma associação que, segundo relatos das pessoas que viviam no local, cobravam taxas de moradia e humilhavam os moradores que atrasassem os pagamentos.

“Mandei investigar essas associações, não os movimentos que ocupam os prédios, quero deixar isso muito claro. Essas associações que exploram os moradores das ocupações. Esse inquérito vai investigar também outras associações em outras ocupações. Vai desde estelionato, lavagem de dinheiro, isso vai depender de como vão transcorrer as investigações”, afirmou ele.

A ocupação no edifício que desabou pertencia ao Movimento Luta por Moradia Digna. Segundo os moradores, duas pessoas apontadas como líderes da associação - Amilton e Nil - não apareceram para atender os desabrigados desde o acidente, nem para informar o que foi feito com o dinheiro arrecadado. A ocupação estava no edifício havia dez anos.