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Após sugestão de Moro, MP do Ceará cria gabinete de crise sobre violência

Luís Adorno*

Do UOL, em São Paulo

07/01/2019 11h17Atualizada em 07/01/2019 13h42

Após sugestão do ministro da Justiça, o ex-juiz federal Sergio Moro, o Ministério Público do Ceará anunciou nesta segunda-feira (7) a criação de um "gabinete de crise institucional" para que o órgão tenha controle em tempo real dos trabalhos de investigação e de ações criminosas que possam ser realizadas contra a própria instituição. 

"O MP-CE acompanha todo o desenrolar da crise que acomete o estado, cônscio do dever maior da instituição de adotar todas as providências para tentar cessar os atos criminosos que atentem contra a paz e a segurança da sociedade cearense", afirmou, em nota oficial, a Promotoria. 

A criação do gabinete ocorreu após uma sugestão feita por Moro por meio de nota divulgada pelo Ministério da Justiça na noite de quinta-feira (3): "O ministro Moro sugeriu ainda ao governo do estado a formação de um gabinete de crise, com a integração das forças polícias federais e estaduais", disse a pasta.

A sugestão de Moro ocorreu um dia antes de ele liberar a ida de 300 homens da Força Nacional de Segurança Pública para colaborar na contenção dos atos criminosos. A força federal chegou a Fortaleza entre a noite de sexta-feira (4) e a madrugada de sábado (5) e deve permanecer no Ceará por pelo menos 30 dias.

Em nota divulgada na noite deste domingo (6), o Ministério da Justiça afirma que o número de ataques em Fortaleza e região metropolitana caiu nas primeiras 24 horas de atuação da Força Nacional. "Os ataques, que chegaram a 45 na quinta-feira e 38 no sábado, caíram para 23 neste domingo."

A reportagem do UOL apurou que o número de atentados passou de 125 e atingiu ao menos 36 cidades do estado. Com o reforço na segurança da capital e região metropolitana, onde os ataques estavam sendo concentrados até sábado, a estratégia dos criminosos mudou. Entre ontem e hoje, houve registros de atos violentos no interior. 

O governo do Ceará iniciou no domingo a transferência de presos suspeitos de comandar a onda de ataques. O governo federal disponibilizou 60 vagas em presídios federais para os líderes das ações. Segundo o governo estadual, apenas um dos chefes de facção tinha sido transferido até as 10h30 desta segunda --outros 20 presos devem ser levados nas próximas horas.

Em vídeo publicado nas redes sociais na tarde de sábado, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou que a onda de ataques tem como objetivo fazer com que o governo recue de medidas "duras e necessárias" que tem adotado. "O que não há nenhuma possibilidade de acontecer. Pelo contrário: endureceremos cada vez mais contra o crime", afirmou.

Endureceremos cada vez mais contra o crime, diz governador

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Nesta segunda-feira, ao anunciar os números de prisões, o governador enalteceu "o esforço e comprometimento dos nossos profissionais de segurança, bem como das tropas federais, nesse enfrentamento ao crime. Estamos todos unidos para garantir a segurança dos irmãos e irmãs cearenses, bem como garantir o estabelecimento da ordem."

Durante ações ostensivas contra o crime organizado, a polícia do Ceará matou três suspeitos, entre a noite de quinta-feira (3) e a madrugada deste domingo (6), em supostos tiroteios. Na quinta-feira, uma equipe policial foi checar uma denúncia de dano a um fotossensor, na rodovia CE-010, no município de Eusébio, região metropolitana de Fortaleza. Lá, trocou tiros com um homem não identificado, que morreu. Nenhum policial ficou ferido.

Neste domingo, houve uma troca de tiros após dois suspeitos tentarem atear fogo em um posto de atendimento do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Os dois morreram e um policial foi lesionado na mão, mas não corre risco de morrer. Segundo o governo, foram apreendidos coletes balísticos, um revólver calibre 38, munições deflagradas, coquetéis molotovs, galões de combustíveis, e um veículo com a dupla.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, 148 suspeitos de participação nos ataques foram presos, sendo 38 entre a noite de ontem e a manhã de hoje.

Nesta segunda-feira (7), 200 linhas de ônibus na capital e região metropolitana circulam com a presença ostensiva de policiais militares e também escoltados com equipes do motopatrulhamento. "A SSPDS e a Polícia Militar atuam de forma sincronizada com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), com o objetivo de garantir segurança aos usuários do transporte coletivo."

*Com colaboração de Agência Estado.