Há 1 ano, dono de pousada morto em Brumadinho fez desabafo contra barragem
"É mais importante dinheiro ou pessoas?", escreveu Márcio Paulo Barbosa Pena Mascarenhas em uma rede social em fevereiro de 2018. Dono da pousada Nova Estância, nos arredores da operação da Vale em Brumadinho, Márcio se queixava dos danos da mineração na área.
"Estão acabando com tudo em volta", escreveu na época. Quase um ano depois, seu corpo foi identificado entre os 84 mortos pelo vazamento de lama da barragem da Vale em Brumadinho (MG) nesta quarta-feira (30), um dia antes de ele completar 75 anos.
A Defesa Civil mineira também anunciou ter encontrado o corpo do filho de Márcio hoje. O corpo da mulher, Cleosane Coelho Mascarenhas, havia sido identificado na segunda-feira.
No Facebook, o empresário havia dito que Brumadinho estava se transformando em um "deserto poeirento e desabitado".
"Onde antes era uma mata atlântica cheia de nascentes, hoje está virando um deserto empoeirado e sem vida. O que é mais importante, o dinheiro ou, as pessoas que morrem de doenças pulmonares respirando esse pó poluído com minerais pesados e bebendo água misturada com esse mesmo veneno?", escreveu. "Cenário horrendo de um futuro que começou décadas atrás. Será que ainda há esperança?"
Fundador da rede de escolas de inglês Number One, Márcio Paulo, de 74 anos, deixou a administração do negócio há dois anos para se dedicar a cuidar da pousada com a família.
Então cercado de belezas naturais, o estabelecimento era um dos mais mais procurados da região e já havia recebido celebridades como o músico Caetano Veloso, o ator Marcos Veras, o humorista Marcelo Madureira e o casal de jornalistas Sandra Annenberg e Ernesto Paglia. Agora, a pousada está destruída.
Assim como Cleosane, pai e filho serão enterrados no cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte. O sepultamento ocorre nesta quarta-feira (30).
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