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Cotidiano na faixa de Gaza é estar atento a até 20 sirenes por dia, dizem brasileiros

Renata Giraldi

Da Agência Brasil, em Brasília

20/11/2012 15h05

Nos últimos dias, os brasileiros que moram em áreas próximas à faixa de Gaza vivem um cotidiano atípico: enfrentam de dez a 20 sirenes por dia que os obrigam a buscar os abrigos antiaéreos.

As crianças deixaram de ir à escola e as saídas para restaurantes, bares e cafés estão suspensas.

No total, há aproximadamente mil brasileiros morando em áreas próximas aos locais onde ocorrem os conflitos. Muitas famílias se mudaram provisoriamente para o norte de Israel, onde as ameaças são menores.

Em Israel, há 15 anos a legislação determina que todos os imóveis do país mantenham um local denominado quarto de segurança, que é um abrigo antiaéreo.

O local deve ser usado pelas pessoas para que possam permanecer por horas, se necessário, em caso de ataques.Funcionários do governo vistoriam o local e verificam se as condições obedecem ao que é definido em lei. No entanto, antigas construções ainda não se adequaram à lei.

Natan Berkovitz, que mora há 30 anos em Israel, há sete anos perdeu a filha, de 22 anos, em um bombardeio. “Ela estava se preparando para casar”, contou ele, acrescentando que outras pessoas que moram em sua região têm histórias semelhantes.

“O nosso dia a dia é tentar sobreviver”, disse Berkovitz. “Estamos sempre em alerta para ouvir e correr quando tocam dez ou até 20 sirenes por dia.”

Para Berkovitz, o governo do Brasil deve atuar como mediador nos conflitos. Em entrevista à Agência Brasil, Berkovitz condenou quem busca culpados entre israelenses e palestinos.

Para ele, ambos são vítimas do que classificou como “incompetência” dos governos --de Israel e da Palestina.

“Em uma guerra assim, todos são inocentes. Isso não quer dizer que nós somos os bons e eles os maus. Somos todos vítimas. A história está se repetindo por incompetência dos políticos que não conseguem negociar a paz”, disse Berkovitz.

“É o momento de o Brasil cooperar, aproveitando o respeito que tem de ambos os lados, pois é extremamente respeitado e aceito, vantagens que nem os europeus nem os norte-americanos têm.”

Mark Levy, que vive há 41 anos em um kibutz (residência coletiva), em uma região a 4 quilômetros das áreas de confronto, contou que bombardeios aumentam quando há um possível acordo para o cessar-fogo.

“É sempre assim: quando está próximo um cessar-fogo, aumentam os tiros, é impressionante”, ressaltou.

Levy acrescentou que um novo sistema, utilizado pelos militares de Israel, denominado chapéu de ferro, tecnologia de ponta que inibe a ação dos mísseis lançados, gera mais momentos de tranquilidade para quem mora nas regiões de conflito. “Essa nova tecnologia tem mostrado ser bastante eficiente e importante neste momento”, disse ele.