Topo

Líder do Hamas diz que pedido de cessar-fogo partiu de Israel; ministro turco confirma trégua

Do UOL, em São Paulo

20/11/2012 17h29Atualizada em 20/11/2012 18h35

Em meios aos rumores de um possível cessar-fogo em Gaza, o líder do Hamas, Khaled Meshaal, disse durante uma entrevista à imprensa realizada na segunda-feira (19), no Cairo (Egito), que foi Israel que pediu a trégua dos combates, e não o grupo palestino.  

A previsão é que o cessar-fogo entre israelenses e palestinos entre em vigor a partir da 00h de quarta-feira (21, horário local), segundo uma fonte do movimento Hamas afirmou à agência Efe, após uma reunião em um hotel na capital egípcia com representantes do grupo, da Jihad Islâmica e dos serviços secretos egípcios.

O ministrodos Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, também confirmou a trégua para a agência de notícias "Anadolu", em um dia marcado pelas visitas diplomáticas que tentaram convencer as partes para parar os ataques mútuos.

Este possível acordo de paz, no entanto, foi negado por Israel, que diz apenas que as negociações estão próximas. Ainda que não tenha comentado sobre as negociações, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que o país aceitaria uma solução de longo prazo por vias diplomáticas ao conflito com o Hamas, caso houvesse uma proposta do outro lado.

O pronunciamento foi feito nesta terça após uma reunião com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que pressiona o país por um fim negociado da tensão com os extremistas palestinos.

A polêmica ganhou repercurssão horas depois de o presidente egípcio, Mohamed Mursi, garantir que "a farsa da agressão israelense contra Gaza" iria acabar nesta terça-feira (20). O Egito tenta restabelecer a calma na Faixa de Gaza, sob o controle de Hamas, em meio à escalada iniciada na quarta-feira passada.

Em declarações à imprensa, Mursi também disse que os esforços do Egito para alcançar um cessar-fogo entre israelenses e palestinos "irá produzir resultados positivos nas próximas horas".

Mas, segundo um funcionário egípicio, "as negociações ainda estão em andamento". Ele, que preferiu não divulgar o nome, acompanha o acordo de paz entre israelenses e palestino e também acredita que ele pode ser oficializado ainda hoje.

Uma delegação ministerial da Liga Árabe viajou para a faixa de Gaza nesta terça, enquanto Ki-moon se reuniu com autoridades egípcias e israelenses em sua visita à região. O secretário da ONU pede aos israelenses e palestinos para cessar imediatamente a violência e proteger os civis, de acordo com o direito internacional.

Israel elogia Egito

Em entrevista coletiva com o secretário-geral da ONU, em Jerusalém, o presidente israelense, Shimon Peres, qualificou de "agradável surpresa" e "necessário para o Oriente Médio" o papel desempenhado pelo Egito e seu chefe de Estado, Mohammed Mursi, para deter a escalada de violência na região.

Peres louvou o "esforço construtivo" desempenhado pelo país vizinho e por Mursi, em contraste com o do Irã, que "está empurrando na outra direção".

Ataques continuam

Enquanto as negociações de um possível cessar-fogo continuam, o Exército israelense jogou folhetos em Gaza pedindo a civis palestinos que saiam de suas casas. E os ataques prosseguiram, como nos seis dias anteriores da operação "Pilar Defensivo", iniciada com o "assassinato seletivo" israelense do líder do braço armado do Hamas, Ahmed Jaabari.

Os bombardeios israelenses em Gaza elevaram durante o dia para cerca de 130 o número de palestinos mortos, mais da metade deles civis, enquanto os feridos superam os 900, segundo fontes palestinas. O porta-voz do Ministério da Saúde em Gaza, Ashraf al Qedra, informou dez mortos em uma só hora em diferentes ataques, seis deles em um bombardeio contra dois veículos que circulavam pelo bairro Sabra de Gaza capital.

Entre as vítimas mortais desta terça-feira estão dois cinegrafistas da "Al-Aqsa", canal por satélite do movimento islamita Hamas. A emissora confirmou morte de seus operadores de câmera, Mohammed al Kumi e Hussam Salama, por um míssil lançado por um avião não-tripulado israelense contra o carro no qual circulavam pelo campo de refugiados de Shati.

Em Israel, um soldado israelense morreu em um kibutz próximo a Gaza por causa de um foguete disparado por milícias palestinas, o que elevou para quatro o número de israelenses mortos desde que começou a "Pilar Defensivo" - os outros três eram civis.

O soldado de 18 anos foi identificado como Yosef Fartuk, informou o Exército em um comunicado, no qual detalha que era natural de Emanuel, colônia judaica no norte da Cisjordânia.

Em Jerusalém soaram hoje as sirenes antiaéreas pela segunda vez desde o início das hostilidades, algo que não tinha acontecido até então desde 1991, quando o então presidente iraquiano, Saddam Hussein, lançou mísseis Scud contra Israel em represália pelo início da Guerra do Golfo.

O projétil atingiu a região de Gush EtZion, assentamento judaico no território palestino da Cisjordânia, cerca de cinco quilômetros ao sul da cidade santa, informaram à Efe fontes policiais israelenses.

Segundo o site do jornal "Haaretz", foram dois os foguetes e impactaram em áreas despovoadas deste assentamento sem causar feridos.

Por outra parte, milicianos do Hamas mataram hoje em Gaza capital seis palestinos a quem acusavam de colaborar com Israel, indicaram testemunhas.

As forças de segurança do governo do Hamas na Faixa permitiram aos curiosos observar os corpos no chão, mas impediram os jornalistas de fazer imagens.

*Com informações das agências internacionais.