16º dia: Ucrânia tem bombardeios, prefeito sequestrado e ameaças da Rússia
Diversas cidades da Ucrânia foram destruídas por ataques aéreos da Rússia hoje, 16º da guerra entre os dois países. Ao menos seis pessoas morreram nos bombardeios, que ocorreram ao longo do dia.
O dia também foi marcado pelo sequestro de Ivan Fedorov, prefeito da cidade de Melitopol, no sudeste do país. A informação é do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia que disse que o político foi acusado falsamente pelos russos de terrorismo. O Kremlin não se manifestou.
Ainda hoje, o presidente Vladimir Putin disse ver "mudanças positivas" nas negociações com a Ucrânia, mas sem dar detalhes. Já a Ucrânia nega avanços.
Porém, o chefe da agência espacial da Rússia, Dmitry Rogozin, ameaçou abandonar o astronauta norte-americano Mark Vande Hei no espaço após os Estados Unidos anunciarem sanções contra o país pela invasão da Ucrânia. Hoje, os EUA anunciaram a suspensão da importação de vodka e caviar da Rússia.
Com 355 dias a bordo, Vande Hei é o astronauta que passou mais tempo na estação, que fica a 408 km da órbita da Terra. O retorno dele está marcado para o final deste mês, em uma nave russa, junto de dois cosmonautas do país.
Também nesta sexta-feira, a União Europeia anunciou novas sanções. Segunda a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, serão proibidos a exportação de qualquer item de luxo da UE para a Rússia, o que, segundo ela, será um "golpe direto na elite russa".
O bloco também está proibindo as importações "de bens essenciais do setor de ferro e aço" da Rússia. A UE espera que a medida corte "bilhões de receitas de exportação" para a Rússia.
Hoje, passou de 2,5 milhões o número de pessoas que fugiram da Ucrânia, incluindo 116 mil cidadãos de terceiros países, informou a ONU (Organização das Nações Unidas).
Sequestro do prefeito
As redes ucranianas denunciam que o prefeito de Melitopol, Ivan Fedorov, foi levado por militares russos com um saco plástico na cabeça após "se recusar a cooperar". De acordo com o assessor do ministro de Assuntos Internos da Ucrânia, Anton Gerashchenko, 10 homens levaram o prefeito.
Um vídeo publicado por Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, mostra um homem — que afirmam ser Fedorov — sendo retirado de um prédio. Não houve confirmação sobre a data e veracidade das imagens.
"Apelamos à comunidade internacional para responder imediatamente ao sequestro de Ivan Fedorov e outros civis na Ucrânia", pede o texto publicado no Facebook da pasta.
ONU atenta para possíveis crimes de guerra
A Ucrânia diz que o número de mortes de civis no conflito supera o de perdas militares; segundo o governo, até a manhã de hoje, 78 crianças foram mortas. A ONU cita a possibilidade de a Rússia estar cometendo crimes de guerra.
A Casa Branca também fala em crimes de guerra para tratar dos ataques russos à Ucrânia. O secretário de imprensa adjunto da Casa Branca, Andrew Bates, falou a repórteres a bordo do Air Force One que os ataques russos "são nojentos".
"As baixas civis estão aumentando. Se a Rússia está intencionalmente visando civis, isso seria um crime de guerra", alertou.
Segundo Bates, há indícios também de violência sexual e de gênero. "Mulheres grávidas em macas, edifícios de apartamentos descascados, famílias mortas enquanto procuravam segurança contra esta terrível violência", narrou algumas cenas vistas durante o conflito.
Ataques pelo país
Serviços do governo ucraniano relataram ataques a cidades como Mykolaiv, Ivano-Frankivsk, Brovary, Lutsk, Dnipro, Sumy — com relatos de mortes.
Em Brovary, cidade próxima a Kiev, um ataque aéreo aconteceu próximo a uma escola, a um vilarejo e a um posto de combustível. Ao menos seis pessoas ficaram feridas. A cidade de Chernihiv também foi atingida.
Em Lutsk, 4 pessoas morreram e seis ficaram feridas após um ataque aéreo registrado por volta das 6h, horário local (1h, em Brasília). Explosões também foram ouvidas por volta das 7h, hora local (2h, em Brasília), em Ivano-Frankivsk. O Ministério da Defesa russo informou que "os aeródromos militares de Lutsk e Ivano-Franovsk estavam fora de serviço.
Segunda maior cidade do país, Kharkiv também teve registro de ataques, segundo o serviço de emergências da Ucrânia. Um hospital psiquiátrico em Izium, na região de Kharkiv, foi atingido.
Em Dnipro, ao menos uma pessoa morreu após um bombardeio perto de um prédio residencial e de uma fábrica de calçados. O governo de Sumy também relatou duas mortes decorrentes de um ataque a um vilarejo.
Assessor da presidência da Ucrânia, Mikhailo Podolyak disse hoje que "as grandes cidades ucranianas são novamente submetidas a golpes devastadores". "A guerra destrutiva da Rússia contra civis e grandes cidades continua." Sobre Kiev, ele disse que a capital está sitiada, mas "pronta para lutar". "A defesa é bem pensada."
Voluntários para as forças russas
Putin autorizou o uso de combatentes voluntários e alegou que "os sócios ocidentais do regime ucraniano nem sequer se escondem" e reúnem abertamente "mercenários de todo mundo para enviá-los para a Ucrânia".
"Se vocês virem pessoas que queiram ir voluntariamente, e não por dinheiro, para ajudar as pessoas que vivem no Donbass (leste da Ucrânia), vocês têm que abordá-las e facilitar para elas a forma de chegar à zona de combate", disse Putin, respondendo a uma proposta de seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu.
"Acima de tudo, a maioria dos que querem e pediram (para ir combater) são cidadãos de países do Oriente Médio, são sírios", disse o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
A Ucrânia anunciou a criação de uma legião de estrangeiros voluntários integrada às suas Forças Armadas para combater os militares russos em seu território.
Divisão em comboio russo
Fotos da empresa americana de tecnologia Maxar Technologies indicam que o comboio militar russo que se dirige para Kiev teria se dividido. Conforme as imagens, tanques e militares teriam se espalhado por florestas e outras cidades próximas da capital ucraniana.
O comboio russo estaria a pouco mais de 60 quilômetros de Kiev e pode ter feito o movimento para preparar um ataque, já que parte da artilharia foi vista em posição ofensiva. Nesta manhã, o governo ucraniano disse que "não houve mudanças significativas na posição de nossas tropas e tropas inimigas nas últimas seis horas".
O deslocamento desse comboio em direção a Kiev começou na semana passada, mas a ausência de mantimentos e combustível teria atrasado a movimentação.
Além disso, autoridades americanas disseram que mísseis foram disparados por ucranianos contra os tanques russos.
Corredores humanitários "são difíceis"
O governo ucraniano anunciou 13 corredores para evacuação nesta sexta, que saem de cidades como Mariupol, uma das mais atingidas, e Makariv.
De acordo com Sasha, Volkov representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, os habitantes de Mariupol "começaram a brigar por comida".
O Ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, disse: "O inimigo está mantendo a cidade como refém, organizando um verdadeiro ato de genocídio." A prefeitura da cidade diz que a região onde há uma mesquita é alvo de ataques nesta sexta. O local abrigaria 86 cidadãos da Turquia.
A cidade portuária de Odessa, outro ponto considerado estratégico, tem se preparado para receber um ataque da Rússia, segundo alerta de autoridades locais.
Inspeção em usina
A AEA (Agência Internacional de Energia Atômica) vai inspecionar, entre hoje e amanhã, a usina nuclear de Khmelnytsky, a cerca de 350 quilômetros de Kiev, para para "verificar a ausência de material nuclear não declarado". A Rússia tem alegado haver um "risco real" de a Ucrânia buscar armas nucleares, uma posição utilizada como um dos pontos para justificar a invasão.
Patrimônio sob risco
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) lançou um alerta público para garantir a prevenção de danos ao patrimônio cultural da Ucrânia em todas as suas formas. A entidade diz que tem estado em contato permanente com instituições culturais e profissionais no país para tentar avaliar a situação e reforçar a proteção dos bens culturais.
(Com Ansa, Reuters, AFP, RFI e DW)
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