Lula recebe visita de familiares pela segunda vez após ser preso
A família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou o petista na manhã desta quinta-feira (19). Esta foi a segunda vez que o petista, detido desde o dia 7 de abril em Curitiba, se encontra com parentes.
A família chegou por volta das 9h20 em dois carros. O grupo, formado por quatro adultos e uma criança, ingressou na sede da Superintendência da PF (Polícia Federal) pelo portão dos fundos, carregando duas sacolas.
Na comitiva estavam dois filhos de Lula (Luís Cláudio e Sandro Luís) e duas noras (Marlene Araújo, casada com Sandro, e Renata Abreu, casada com Fábio Luís, que não estava no grupo), além de um neto do ex-presidente. Por volta do meio-dia, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, também chegou ao local. Ninguém falou com a imprensa.
Minutos após a chegada de Zanin, as duas noras do ex-presidente, acompanhadas da criança, deixaram a PF.
Ao contrário de outros encarcerados na PF, que recebem os familiares às quartas-feiras, o dia de visitas a Lula ficou para quinta-feira por medida de segurança. A entrada dos familiares é permitida das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30.
Na semana passada, três filhos (Fábio Luís, o Lulinha, Luís Cláudio, Lurian) e um neto (Thiago) de Lula estiveram na PF. Eles entraram com uma mochila e duas sacolas, permanecendo por aproximadamente três horas, e retornaram para a visita no período da tarde, acompanhados pelo advogado Cristiano Zanin Martins.
Pelas regras da PF, três pessoas podem ficar com o ex-presidente na sala onde cumpre a pena de 12 anos e um mês de prisão.
O teólogo Leonardo Boff e o argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980, também tentaram visitar o ex-presidente na manhã desta quinta, mas foram barrados pela PF.
Boff chegou ao prédio da Superintendência por volta das 10h30. Ele aguardou do lado de fora até o meio-dia, sem sequer poder entrar no edifício. A visita, segundo ele, teria motivação e assistência religiosa.
O teólogo trouxe consigo dois livros que gostaria de entregar a Lula --"O Senhor É Meu Pastor", de sua autoria, e "A Missão do Povo Que Sofre", de Carlos Mesters. "Vou dar esses livros porque não é fácil alguém estar em quatro paredes, alguém acostumado com as multidões", disse.
Um xale vermelho, que o teólogo levava em seu pescoço, também seria entregue a Lula por pedido do próprio ex-presidente, segundo ele.
Já Esquivel entrou na sede da PF por volta das 11h. O argentino se reuniu com o diretor da instituição para negociar um possível encontro com Lula, mas não teve sucesso. Sua visita teria caráter humanitário. "Não pude ver o Lula. Há que esperar e ver o que vai acontecer", disse.
Segundo ele, o diretor da instituição entrou em contato com a juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara, que "está vendo o que fazer". Nesta quarta (18), a juíza negou um pedido de vistoria das instalações onde está o ex-presidente feito pelo argentino.
"Espero que humanitariamente, com um sentido de justiça, permitam que eu possa me encontrar com Lula", disse Esquivel, ressaltando que sua esperança é de tanto ele como Boff possam visitar o petista.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que integra a defesa do ex-presidente Lula, lamentou que as visitas de Esquivel e Boff ao petista não tenham sido autorizadas.
"Esses pedidos negados, principalmente do Esquivel, tinham a concordância do ex-presidente para que ele fosse recebido aqui, na condição de amigo. Ao nosso ver, isso deveria ter sido deferido", disse. Zanin argumentou que é direito de Lula receber visitas de amigos, e não apenas de familiares.
O advogado também comentou o julgamento dos embargos dos embargos, realizado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4a Região) nesta quarta (18).
O Tribunal rejeitou o último recurso de Lula e manteve a condenação do petista. "Foi importante, ontem, a constatação de que houve um julgamento e, portanto, que a segunda instância não estava exaurida no momento do mandado de prisão."
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