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Covid hospitaliza e mata mais que Sars e é mais viral que meme, diz biólogo

Do UOL, em São Paulo

30/03/2020 22h47

Atila Iamarino, biólogo e pesquisador convidado do "Roda Viva" desta noite, explicou que a covid-19 mata muito mais do que a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e o H1N1 por se tratar de uma nova infecção, desconhecida pelo sistema imunológico dos seres humanos.

"A covid mata de dez a vinte vezes mais que o vírus da gripe comum, hospitaliza de dez a vinte vezes mais pessoas que a gripe comum, então ela satura o sistema de saúde muito rapidamente, ela pode se transmitir para duas a três pessoas logo em seguida, isso é mais viral que memes na internet, que normalmente se espalham para duas pessoas ou menos, em média. E ela consegue fazer isso em questão de dias, então ela é muito preocupante por isso", disse.

Ele também explicou que gripes comuns podem ter potencial de se espalharem de forma rápida, mas acabam atingindo a população que já "pegou gripe em algum momento".

"Todo mundo pode pegar covid, ninguém foi exposto", observou ele a respeito do novo coronavírus. "O H1N1 de 2009 matou bastante gente. O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) estima em meio milhão quem morreu no mundo entre 2009 e 2010, mas levou um ano e meio para acontecer, não afetava tantos idosos, tinha tratamento, tem remédio para influenza... E foi ao longo desse tempo, porque muitas pessoas que ele encontrava já estavam imunes, então o vírus tinha essa dificuldade para se espalhar", explicou.

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Mais de um epicentro

Para Iamarino, a grande diferença na previsão de casos está na quantidade de testes feitos em um local para se ter noção da quantidade de pessoas infectadas. Como exemplo, ele mencionou que a China iniciou a quarentena muito cedo, quando o epicentro se restringia a apenas uma área. Ele afirmou que, no Brasil, há vários locais com potencial para epicentros do novo coronavírus.

"Cada cidade é um foco. Quando a gente pensa na situação da Itália, a situação na Itália é a Lombardia. A situação na China é Wuhan. Aqui no Brasil a gente tem o potencial de cada cidade virar uma Lombardia se não for monitorada. Quando falo em estado de São Paulo, tem Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, toda a grande São Paulo, Santos, muitas metrópoles que podem passar por um problema parecido. Então, a gente precisa desse tipo de resolução espacial, além da temporal, para fazer esse tipo de predição."