Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (06)
Pelo segundo dia consecutivo, o Brasil teve um recorde no número de óbitos confirmados oficialmente pelo Ministério da Saúde como provocados pela covid-19. De acordo com boletim divulgado na noite de hoje, foram 615 mortes registradas em 24 horas. O país chegou a 8.536 vítimas fatais do novo coronavírus e agora é o sexto colocado no ranking mundial, ultrapassando a Bélgica (8.339 mortes).
O governo também confirmou mais 10.381 casos da doença de ontem para hoje. Com isso, o total em todo o Brasil passou de 125 mil. O ministério também divulgou que mais de 50 mil pessoas já se recuperaram da covid-19 e estão curados.
Teich "estuda" melhor hora para divulgar projeto sobre isolamento social
O ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou hoje que a diretriz para Estados e municípios durante a pandemia do novo coronavírus está pronta, mas disse que ainda falta organizar a melhor maneira de divulgar ao público. O projeto, que propõe a prefeitos e governadores programas próprios de isolamento social, foi anunciado em 22 de abril.
Crivella anuncia "lockdown parcial" no Rio
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella anunciou que, a partir de amanhã, às 5h, iniciará um bloqueio no Calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste, para tentar conter a pandemia do coronavírus.
O bairro é o líder de denúncias de aglomeração e também o maior número de mortes na capital, 40. O município contabiliza 764 mortes e 8.577 diagnósticos da doença.
Crivella usou o termo "lockdown parcial" para definir a medida necessária, segundo ele, que os apelos de conscientização para a população pelo isolamento social não surtiram o efeito desejado na região.
País preocupa por chance de ser novo epicentro da covid-19
O Brasil tinha registrado ontem o recorde anterior do número de mortes por covid-19 confirmadas pelo Ministério da Saúde, com 600 em 24h, mostrando que o ápice da crise ainda está para acontecer e que há muito trabalho pela frente, na tentativa de reduzir ao máximo os efeitos da pandemia do coronavírus. Mais que isso, um novo estudo mostra que o país está próximo de ser o novo epicentro da doença.
Analisar os dados brasileiros em relação ao coronavírus, tendo em vista também a subnotificação de casos e óbitos é perceber que uma particularidade do país é que, mais que a idade, o endereço conta muito. Isto é, a gravidade da pandemia afeta diferentemente as classes sociais, e as mais baixas vêm sofrendo mais com os efeitos da covid-19.
Em comparação com o restante da América Latina, estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde mostra que o Brasil tem a pior taxa de letalidade relacionada ao coronavírus e é o segundo pior no crescimento da doença, atrás do Peru.
O crescimento da pandemia no Brasil vai em paralelo à crise política iniciada com as quedas de Mandetta e Moro no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Secretários estaduais de saúde têm visto o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, "perdido" e com medo de confrontar as posições de Bolsonaro.
Mais pobres morrem mais
O bairro de Brasilândia, na zona norte de São Paulo, contabiliza o maior número de mortos pelo novo coronavírus na cidade. São 67, segundo levantamento divulgado pela prefeitura. O número é quase dez vezes maior do que a quantidade de óbitos no Morumbi —sete—, bairro nobre na zona sul, que é o que tem mais casos registrados: 332.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, houve um aumento de 45% nas mortes nos 20 distritos mais pobres da cidade.
Nos 20 mais ricos, o aumento foi de 36%. Em entrevista ao UOL, Jorge Abrahão, presidente da Rede Nossa São Paulo, relaciona a taxa de mortalidade a questões básicas de falta de higiene e habitação, escancaradas pela desigualdade social.
Estamos em um momento de expansão da crise. A gente vem observando que a covid-19 é letal na periferia. E não dá para responsabilizar as pessoas. Muitas não têm condições de cumprir o isolamento por morarem em cubículos, em que sete pessoas dividem um quarto. A impossibilidade é uma questão de estrutura, e isso revela o quanto a gente, como sociedade, ainda está atrasado quando se trata de condições dignas de habitação e saneamento básico"
Mulher de Aço
Entre tantos heróis sem capa durante esta crise, Universa destaca uma história no Aço, no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. A maioria das 10 mil residências que compõe a favela não possui caixa d'água particular e depende de um único reservatório, cujo abastecimento é irregular.
Por lá, a jovem Moanan Couto, uma estudante de direito de apenas 20 anos tem liderado a distribuição de comida e demais recursos para a comunidade, que muitas vezes sequer tem água para que se lave as mãos.
"Fiquei muito mal naquele fim de semana [no início da pandemia], a gente não sabia o que fazer. Daí, falamos com outros dois coletivos daqui [Plataforma CASA e PEPUC], também dirigidos por mulheres, e pensamos em arrecadar alimentos para quem já tínhamos mapeado, muitas casas com idosos e pessoas com deficiência", lembra Moanan. Até os pedidos de auxílio emergencial emperram, muitos por falta de documentos - há quem os tenha perdido em enchentes recentes.
UOL Entrevista: Ministro do STF Marco Aurélio Mello critica presidente
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello afirmou que, por ser uma pessoa pública, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deveria ter apresentado o resultado dos exames que fez para identificar se estava ou não contaminado pelo coronavírus. Ele também lamentou Bolsonaro ter falado em "gripezinha".
"Quando o presidente diz que se trata apenas de uma 'gripezinha', ele evidentemente não reconhece a realidade e, de certa forma, influencia certos segmentos. Vejo e ouvi de um integrante do Ministério da Saúde que não chegamos ao pico. Que teremos esse pico somente em junho e julho. As pessoas hoje já estão baixando a guarda, já não estão mantendo a cautela que deveriam manter", alertou o ministro, no UOL Entrevista.
São Paulo: covid-19 se espalha no estado
O isolamento social caiu, e a velocidade das infecções aumentou mais rápido: como causa e efeito, a mudança no comportamento dos moradores e a consequente aceleração da covid-19 nas cidades paulistas de fora da Grande São Paulo fazem o Palácio dos Bandeirantes olhar para litoral e interior com maior preocupação. Hoje foi anunciado que o estado já tem 3 mil mortes e 86% de leitos de UTI ocupados.
Do começo ao fim de abril, o número de casos confirmados explodiu 3.302% nas cidades de fora da Região Metropolitana de São Paulo, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Regional. O número expressivo se explica, em parte, pela base pequena de comparação — eram 129 pessoas contaminadas no início do mês passado, e o número chegou a 4.389 pacientes.
Pesquisa sobre como a covid-19 está se comportando na região metropolitana da Baixada Santista realizou 2.342 testes de sangue nos nove municípios da região e apontou que 1,4% da população da Baixada Santista (23.257 pessoas) já desenvolveu anticorpos para a doença.
Esse resultado da pesquisa Epicobs (Epidemiologia da covid-19 na Região Metropolitana da Baixada Santista) significa que, para cada notificação oficial da doença na região, outras 13 pessoas foram infectadas pelo vírus.
Isolamento em baixa; fracasso nos bloqueios de SP
Os números acima, de São Paulo, são reflexo da baixa taxa de isolamento, mesmo com bloqueios de avenidas na capital. Dados do governo do Estado, divulgados ontem, apontaram que a taxa de isolamento social na capital ficou em 48%, mesmo índice observado na segunda, terça e quarta-feira da semana passada.
No estado, o índice de isolamento social na segunda-feira foi ainda menor, 47%. O Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo afirma que seria preciso um índice de ao menos 70% para evitar a superlotação das unidades de terapia intensiva (UTIs), que na Grande São Paulo já estão com a lotação próxima dos 90%.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, admitiu fracasso dos bloqueios e fez apelo pelo isolamento.
Especialistas ouvidos pelo UOL, no entanto, alertam que os números de casos e óbitos não são os únicos a serem considerados ao tomar esta decisão. O presidente tem argumentado que o número de casos e mortes no Brasil é baixo se comparado ao tamanho da população. Ele chegou a postar dados sobre mortes por milhão de habitantes, o que, como já mostrou o UOL, não é a forma mais indicada para avaliar a progressão da doença.
"Todas as medidas que temos tomado de distanciamento social e outra medidas não farmacológicas caminham nesse sentido, abaixar o R0 (taxa de contágio) para menor que 1. Mas, de fato, não conhecendo a dimensão de nossa epidemia —uma das condições colocadas pela OMS para pensar em relaxar o distanciamento social —, fica muito empírico tomar qualquer decisão", diz o infectologista especializado pelo Hospital Emílio Ribas, Natanael Adiwardana.
RJ decide sobre lockdown
O governador do Rio, Wilson Witzel, tem até esta quinta-feira, 7, para apresentar estudo técnico que justifique a adoção do isolamento total no Estado. O prazo foi estipulado pelo Ministério Público e também vale para a Prefeitura da capital fluminense. No caso do governo estadual, um conselho de notáveis que assessora o Palácio Guanabara vem pressionando para a adoção de medidas mais efetivas de combate ao coronavírus.
O trâmite envolvendo o Ministério Público, a Defensoria Pública e representantes dos demais Poderes tem como intuito evitar brechas jurídicas num eventual decreto que adote o isolamento total, conhecido pelo estrangeirismo 'lockdown'. Essa preocupação já manifestada pelo ex-juiz Witzel.
Vírus chinês? EUA e China discutem publicamente
A China elevou o tom e desafiou o governo norte-americano, mais especificamente o secretário de Estado, Mike Pompeo, a mostrar as "enormes provas" de que Pequim tem relação direta com o surgimento do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Ele afirmou que tem "evidências significativas", mas não certeza sobre as acusações.
"Ele falou muito nos últimos dias. Diz ter enormes provas? Que as mostre. Pompeo não pode apresentar evidências porque ele não as têm. A origem da Covid-19 é uma questão para cientistas e para especialistas", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.
Parte da polêmica envolve o Instituto de Virologia chinês de Wuhan estuda alguns dos patógenos mais perigosos do mundo. A AFP mostra como é este laboratório e aponta as dificuldades de que pudesse haver um vazamento no laboratório que teria causado a pandemia.
Os Estados Unidos registraram 2.333 novas mortes por coronavírus nos dados de ontem da Universidade Johns Hopkins. São mais de 71 mil mortes no total e mais de 1,2 milhão de casos.
Testes na farmácia ainda não 'pegaram'
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou há mais de uma semana, mas a realização de testes de covid-19 em farmácias ainda não "pegou", e a expectativa do setor é que isso não aconteça antes da segunda quinzena de maio.
Em São Paulo, nenhuma das oito farmácias visitadas pelo UOL nesta terça (5) tinham o serviço, e balconistas afirmam que a procura ainda não aumentou. A falta de oferecimento dos testes verificada localmente foi confirmada pelos responsáveis das grandes redes em notas à reportagem.
O que mudou no bolso: carne e gasolina mais baratos
Nem todos os preços têm subido em meio à epidemia da covid-19 no Brasil. Diferentemente da cesta básica, alguns produtos têm passado por uma queda nos preços desde meados de março, quando a maioria dos estados começou a adotar regime de quarentena.
Impulsionado pela epidemia, os motivos são os mais variados: o fechamento de restaurantes impacta no valor das carnes nobres; o mercado internacional, no preço da gasolina; a queda na demanda, nos laticínios; e a preocupação com o desemprego, nos bens duráveis.
Destaca-se, além da carne e da gasolina deflação em alguns legumes, frutas e verduras e nos laticínios.
Brasileiros em Wuhan contam como é recomeçar
Capital da província de Hubei, Wuhan, que tinha 11 milhões de habitantes antes da epidemia, registrou os casos iniciais do novo coronavírus no mundo. Primeira região a ser isolada em decorrência do vírus, a cidade está sendo reaberta aos poucos desde oito de abril, após 76 dias em confinamento.
O cenário na cidade atualmente se assemelha a um período de pós-guerra, relata o paulistano Kenyiti Shindo, de 26 anos. Os moradores, conhecidos pela simpatia e pelo jeito acolhedor, mantêm as características, mas agora sem proximidade.
O brasileiro afirma que é possível ver no rosto das pessoas a sensação de desgaste, em razão dos últimos meses. "O povo de Wuhan passou por uma batalha. Quando voltamos para cá, no início de abril, tive um sentimento de pós-guerra. As pessoas pareciam exaustas, mas felizes porque conseguiram controlar a situação da pandemia", detalha Kenyiti.
Turma da Mônica homenageia cientista
A médica Ho Yeh Li foi transformada em personagem da Turma da Mônica, em uma homenagem da Maurício de Sousa Produções (MSP). O tributo faz parte do projeto Donas da Rua, iniciativa da MSP que conta com o apoio institucional da ONU Mulheres e demonstra o compromisso da empresa do cartunista Maurício de Sousa como signatária dos Princípios de Empoderamento das Mulheres, plataforma da ONU Mulheres e Pacto Global.
Nascida em Taiwan, Ho Yeh Li veio para o Brasil em 1983, onde se naturalizou e cursou medicina na Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é coordenadora da UTI de infectologia do Hospital das Clínicas em São Paulo.
Esporte: Barcelona se reapresenta
O elenco principal do Barcelona, além de integrantes da comissão técnica, começou hoje os testes para o coronavírus antes de retornarem definitivamente aos treinamentos. Nas redes sociais, o clube catalão mostrou alguns dos jogadores, como Messi e Griezmann, com máscaras e luvas.
Segundo um comunicado oficial divulgado pelo clube, assim que os resultados estiverem disponíveis, a equipe começará a fase de treinos individuais, que serão realizados nas instalações da Cidade Esportiva Joan Gamper, em Barcelona.
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